quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Maconha: que papo é esse?

A maconha é estranhamente um assunto de primeiro plano no Brasil, ficando a frente de temas que são até cruciais e, às vezes, até entrando em questões que nada tem a ver com este assunto, como foi o caso do entrevero entre PMs com alguns maconheiros na USP, que foi usado depois até para a discussão de conceitos bem mais elevados, como a autonomia universitária.

Muita gente entra de inocente na leva que acaba sendo criada em torno do hábito de puxar um fuminho, que inclusive não leva ninguém à prisão hoje em dia. No caso do entrevero na USP havia a acusação de tráfico

Mas eu quero mesmo é puxar a atenção para uma matéria publicada hoje em vários sites, com a informação sobre a proibição na Holanda de que turistas freqüentem cofeeshops para fumar maconha.

Essa droga é legalizada na Holanda desde 1976 e a proibição entra em vigor a partir de janeiro do ano que vem. Esta informação vinda da Holanda pode servir para o debate sobre a legalização da maconha que alguns pretendem implantar no Brasil. A Holanda é um bom laboratório para esta idéia, já que lá eles vem fazendo há bastante tempo o que pretendem colocar em prática aqui em nosso país.

A proibição atual na Holanda vem a propósito do estímulo que os jovens acabaram tendo para consumir maconha e pelo aumento da potência desta droga. Este fato não é novo. Já faz tempo que estudiosos vem alertando que esta maconha que vem sendo consumida atualmente nada tem a ver com a droga que era cercada de romantismo quando seu consumo foi propagado a partir de experiências alternativas. A maconha de hoje é uma droga mais pesada, que foi aditivada bastante nos últimos anos pelos poderosos do tráfico internacional.

Segundo a notícia da Holanda, devido à manipulação genética, a maconha já contém mais de 15% de THC, o princípio ativo, o que aumenta os efeitos sobre o cérebro. Isso faz dela um perigo para os jovens e adolescentes, os usuários mais vulneráveis.

Essa informação vem ao encontro de algo que já falei muitas vezes, inclusive com amigos que consomem a droga e embalam a língua nas críticas às muitas outras barbaridades que tem respaldo legal. Comparação com cigarro e álcool não colam comigo, pois nunca fumei e bebo sem prejudicar minha saúde, trabalho e nem a feitura de coisas bacanas da vida, como desenhar, escrever, ler e, é claro, dar uns amassos legais.

A maioria das críticas dos maconheiros realmente procede. A grande indústria é de pouco escrúpulo, mas ninguém pode negar que elas acabam tendo que cumprir regras que aí estão. Ou pelo menos estes mecanismos de fiscalização e punição existem, com algum resultado de proteção ao consumidor. Até a poderosa industria do cigarro vive tendo que dar satisfação sobre suas falcatruas e tem sido até punida nos últimos anos.

E é aí que eu fecho com uma questão sem resposta: como é que espíritos tão críticos ao mercado de consumo aceitam expor seu corpo à drogas que estão sob o poder apenas de criminosos, desde a plantação, passando por todos os processos e chegando até à comercialização?

Fica a interrogação.
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POR José Pires

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