sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ditadura não deixa a blogueira Yoani sair de Cuba

O governo cubano negou autorização para a blogueira Yoani Sánchez viajar para o Brasil. Segundo ela informou pelo Twitter, é a 19ª vez que a ditadura de Cuba impede sua saída. Yoani foi convidada para participar do lançamento de um documentário sobre liberdade de imprensa em que ela é entrevistada. A cubana já havia recebido o visto brasileiro.

No twitter da imagem abaixo, a blogueira faz uma ironia com o porto de Mariel. “De que vale que tenhamos um porto tão grande e moderno como Mariel se não podemos sair por ele?”, ela escreve. O porto de Mariel foi o ponto alto da recente visita da presidente Dilma Rousseff a Cuba. É a principal obra de infraestrutura hoje em Cuba e nela o Brasil colocou um financiamento de US$ 683 milhões, correspondente a 85% do valor total.

Levando em conta a ruína econômica em que se encontra o regime dinástico dos irmãos Castro, a pergunta que vem logo à cabeça é se algum dia esse empréstimo será pago. Durante anos a ditadura cubana foi sustentada pela União Soviética. Com o final do comunismo dos russos, secou a fonte. Espera-se que não sobre para nós o papel de financiar uma economia dirigida de forma autoritária e incompetente. Já chega a grana que perdemos com os incompetentes daqui.

Em Cuba, Dilma se comportou como se o governo cubano tivesse o comando da pauta da sua visita. Não fez nenhum comentário sobre o desrespeito aos direitos humanos que vigora na ilha. Sua subserviência foi tanta que deu até declarações em defesa do que vem sendo feito em Cuba, com a alegação absurda de que desrespeito aos direitos humanos tem no mundo todo.

A autorização de saída negada a Yoani Sánchez mostra que os irmãos Castro não estão nem um pouco interessados em aliviar a barra da companheira brasileira, que certamente terá este episódio como uma marca bem pesada na sua imagem. Custava liberar a viagem da blogueira nem que fosse para dar uma força para a companheira brasileira? É claro que não, mas dá a impressão de que a intransigência é para mostrar quem é que manda de fato. Ah, os segredos das relações.

Mas arrumaram um problema para a imagem de Dilma. A propaganda em torno da petista tem buscado ressaltar com insistência — como uma marca histórica em seu currículo — a imagem de mulher e combatente política foi pressionada por uma ditadura.

Pois é exatamente isto que acontece agora com Yoani Sánchez. Mas o fato traz um tema muito interessante para cobrar a blogosfera petista e a militância governista que infesta as redes sociais: vai sair abaixo-assinado, vídeos no Youtube, comentários raivosos, textos irados, ou qualquer outra manifestação sensacionalista que essa gente costuma fazer com questões bem menores?

É claro que não. A indignação deles é seletiva. Yoani Sánchez é mulher, combatente e vítima de uma ditadura. Mas não é companheira de poder.
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POR José Pires

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