quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ataques ao senso crítico

Uma decisão da Justiça divulgada na última quarta-feira serve para demonstrar o nível do jornalismo que vem sendo feito pelos setores governistas da imprensa. A Rede Record foi condenada a pagar uma indenização de R$ 50 mil por danos morais ao jornalista William Waack, da TV Globo, por ter insinuado numa reportagem que ele trabalhava como espião da CIA, a agência de inteligência do governo dos Estados Unidos.

A mentira sobre Waack foi produzida a partir dos documentos obtidos pelo site Wikileaks e depois vazados pelo mundo todo. O site criou fama em 2010, quando passou a divulgar documentos confidenciais do governo americano. Os documentos teriam sido entregues pelo soldado americano Bradley Manning, atualmente preso nos Estados Unidos. O fundador do Wikileaks, Julian Assange, está hoje asilado na embaixada do Equador, na Inglaterra. Assange tenta fugir da prestação de contas à Justiça em um problema que nada tem a ver com politica: é acusado de crimes sexuais.

No Brasil, foi seletivo o vazamento de documentos confidenciais pelo Wikileaks, buscando atingir políticos da oposição e jornalistas independentes, como foi o caso de William Waack. Sobre o jornalista da Globo eles tinham um relatório da embaixada americana no Brasil falando de um encontro entre o embaixador e o jornalista, que é especialista em política internacional. Na época, Waack fazia também um ótimo blog sobre assuntos internacionais.

Nada existe de inusitado na narrativa do embaixador sobre o que os dois conversaram, mas logo formou-se nos sites governistas e blogs da militância uma corrente de difamação apontando Waack como colaborador dos Estados Unidos. E na Rede Record saiu este absurdo da insinuação de que ele é colaborador da CIA.

Desde o governo Lula a emissora da Igreja Universal do Reino de Deus vem fazendo este papel de usar seu jornalismo em apoio aos interesses do governo. Blogs e sites ligados ao governo também fizeram ataques feios ao jornalista da Globo, usando o encontro entre ele e o embaixador americano.

Esta demolição de reputações que esse pessoal tenta fazer com qualquer um que não atue em favor do interesse do governo tem também a intenção de atemorizar o conjunto da opinião pública. E neste caso trata-se também de uma vendeta antiga da esquerda. Waack é autor de "Camaradas", uma obra demolidora do papel da esquerda na política brasileira, falando de suas primeiras burradas em 1935, com a Intentona Comunista organizada pelo antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB). O lvro é de 1993 e acaba com o romantismo sobre aquele acontecimento. Mostra que o PCB atuava em território brasileiro a serviço de uma nação estrangeira, a União Soviética. E obedecia ordens diretamente do Kremlin. Essa revelação do caráter subalterno da esquerda veio de documentos liberados pelos próprio governo soviético.

Portanto, são contas antigas. Mas acrescidas do caráter profissional independente de Waack em relação ao governo do PT. A decisão da Justiça contra a Rede Record ainda é em primeira instância, mas é difícil que não haja uma condenação definitiva. Afinal, se o encontro entre um jornalista e um embaixador servir para insinuar que o jornalista é agente da CIA ficará muito difícil fazer jornalismo sério no Brasil.
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POR José Pires

Questão de gênero

Como os petistas têm essa ideológica mania marqueteira de procurar problemas de gênero onde eles não existem, do jeito que fazem nesta tola insistência em chamar Dilma Rousseff de "presidenta" e não de presidente, deve estar sendo difícil para eles a relação com este mais novo escândalo flagrado pelo Polícia Federal, desta vez no escritório da Presidência da República em São Paulo.

O esquema fraudava pareceres técnicos de órgãos públicos e tinha à frente Rosemary Nóvoa de Noronha, figura muito próxima, mas bem chegada mesmo ao ex-presidente Lula. Como será que tratam a Rosemary? De chefe do escritório da Presidência da Repúblical ou chamam a companheira de "chefa"?
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POR José Pires

segunda-feira, 12 de novembro de 2012


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Prevenindo fuga de mensaleiro

Os petistas vão vir com as abiloladas alegações de conspirações que eles sempre trazem quando a companheirada mais velha esquece a sábia lição de que macaco velho tem que saber a hora certa de tirar a mão da cumbuca. Porém, uma vez mais a imprensa está dando a manchete certa. A chamada é da capa do jornal "O Globo" de hoje. Por ordem do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), estão incluídos no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos (Sinpi) os nomes do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do ex-deputado José Genoíno, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e dos demais 22 réus condenados do mensalão. Todos terão seus passaportes recolhidos pela Polícia Federal. A medida é para impedir fugas até que o STf decida as penas de prisão de cada um. Portos e aeroportos já estão em alerta.
Ninguém pode sair do país. É toda cúpula do PT no período em que rolava o pagamento de propina para deputados votarem a favor do governo Lula.
Nessa época, Dirceu despachava ao lado da sala do então presidente Lula, que dizia que na sua equipe de governo o chefe do esquema do mensalão tinha função comparável à mais importante de um time de futebol durante um jogo: era seu capitão.
Depois disso José Dirceu teve que sair depressa do governo, foi cassado por falta de decoro pela Câmara dos Deputados, até ser condenado por corrupção pela mais alta Corte do país pelo fazia naqueles tempos. E Lula sempre dizendo que não sabia de nada que acontecia na sala ao lado da sua.
O ex-ministro condenado pelo STF já atacou em seu blog a retenção dos passaportes, mas seu advogado garantiu que o passaporte do cliente seria entregue ontem. Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não acha a medida suficiente. Ele anunciou que vai reiterar o pedido de prisão imediata dos réus do mensalão. Pode estar vindo aí outra chamada de capa que a militância petista não vai gostar nem um pouco.
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POR José Pires

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


Bom de voto

Paulo Francis não iria gostar nem um pouco do resultado das eleições nos Estados Unidos e muito menos do que vou dizer agora: o melhor artigo de tantos que li até o momento sobre a vitória de Obama é do jornalista Caio Blinder. Infelizmente Francis não viveu para ver nem a primeira vitória de Obama. Com certeza estaria pensando o oposto do que Blinder publicou nesta manhã no site da revista Veja. Os dois não se bicavam no balcão inteligente do programa Manhattan Connection, quando Francis ainda estava vivo. Divergiam em tudo. No final, até já atuavam como personagens, batendo boca porque era isso que a platéia pedia.

Caio Blinder não esconde que foi eleitor de Obama nas duas eleições. Ele vive e trabalha nos Estados Unidos o que dá também ao seu texto um tom de testemunho. Este Obama que temos agora nada tem a ver com aquele do primeiro mandato, que entrou na Casa Branca cercado de uma expectativa muito acima do que qualquer um poderia realmente fazer na situação em que pegou os Estados Unidos.

No discurso de agradecimento de hoje Obama ainda fala de um lugar onde “você pode ter sucesso se você tentar”, mas ele sabe que na atual situação não se encaixa mais esta antiga retórica da terra onde todos os sonhos são possíveis.

Blinder, que é um “obamista” de carteirinha, diz em seu texto que gostaria de ver avanços no segundo governo, mas é francamente realista sobre o que pode vir pela frente: “temo que caminhemos para um período sem mudança e sem esperança”.

Mas com o Blinder tão desesperançado mesmo com a reeleição de seu preferido, então o Francis é que estava certo? Nada disso. A derrota de Mitt Romney foi um alívio para o Caio, como ele era chamado pelo amigo Francis mesmo quando era até destratado em frente às câmeras. E na minha opinião foi também um alívio para o mundo, como escrevi ontem num post que está logo abaixo.

Existe um tipo de liberal que pratica às avessas aquilo que critica nas esquerdas e no determinismo marxista. Faz das regras da economia liberal um dogma, como se o mercado livre tivesse capacidade de organizar até as forças da natureza. Mas dá para ver que está acontecendo o contrário. Liberal que não reformula suas idéias neste caso é burro ou trabalha apenas no interesse de grupos e grandes corporações. Este seria o caso do bom e velho Romney na presidência.

Especificamente sobre esta eleição o que dá para apreender de tantos outros artigos e reportagens que li nesses dias — além do excelente texto de Blinder — é que existe hoje uma América de uma diversificação étnica e de uma amplidão de necessidades que o Partido Republicano não entendeu ainda. Eles não sabem como extrair votos dessa nova realidade que se sobrepõe à sua antiga e conservadora base eleitoral. Este já não é o caso dos democratas e de Obama, um craque em eleição que alcançou a vitória mesmo numa situação econômica extremamente adversa para sua administração.
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POR José Pires

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Imagem: O cara em ação. No dia da eleição, o candidato telefona para agradecer e estimular voluntários de sua campanha (“Aqui é Barack Obama. Sabe, o presidente...”). A foto é de seu site de campanha.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Apoio ecológico a Obama

O apoio do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, a Barack Obama pode ser visto como uma das boas indicações do crescimento da consciência da necessidade de agir com prevenção para que o planeta tenha um futuro diferente das previsões catastróficas que já mostram que estão à caminho. O apoio de Bloomberg foi divulgado cinco dias antes da votação, que ocorre hoje. Para justitificar a decisão, ele citou a importância da atuação de um governante como Obama para o enfrentamento dos problemas climáticos que já se apresentam. Nesses dias o mundo viu o furacão Sandy arrasar Nova York e parece que a tragédia aguçou a preocupação do prefeito com os efeitos da mudança do clima no mundo.

No dia do apoio a Obama a cidade mais rica do planeta estava tomada pela água, com vastas áreas sem iluminação e a população fazendo fila em postos para comprar combustível. Havia o risco de uma invasão por ratos. O prefeito elogiou a atuação do governo federal na emergência exigida pela destruição feita pelo furacão e falou também dos avanços de Obama na prevenção aos efeitos das mudanças climáticas. O furacão que caiu sobre a cidade trouxe um problemão para Mitt Romney. Ele vinha dizendo que a atuação em situações desse tipo devia ser transferida do governo federal para os estados. Obama defendia o contrário. As necessidades criadas pelo furacão forçaram o republicano a mudar de posição.

O prefeito de Nova York hoje é um independente, mas no passado esteve alinhado com o Partido Republicano. Por ele ser um conservador é que destaquei a importância do seu apoio escorado em preocupações ecológicas. Isso pode ser uma demonstração de que o tema finalmente começa a ser percebido com mais respeito mesmo em setores ideológicos que até agora menosprezavam os riscos produzidos pela ação humana sobre o planeta. E mesmo que o desvio seja um fator meramente político, Blomberg deve estar agindo em conformidade com o que sente na opinião pública americana e isso não deixa de ser também muito importante.

Não é possível avaliar o peso que a ecologia pode ter nesta eleição, mas com o ritmo cada vez mais acelerado da destruição ecológica no mundo o tema deveria ocupar o centro dos debates. Não vou entrar na polêmica sobre o aquecimento global. Sei que muitas pessoas respeitáveis discordam em pontos importantes desta questão, que não me parece uma discussão prioritária em razão dos riscos que já temos pela frente.

O fato essencial é o esgotamento dos recursos naturais, cujo uso precisa ser equilibrado com urgência ou então vão aparecer problemas bem graves e dos mais variados em menos de duas décadas. Pensem num planeta com a metade do petróleo que temos agora e com a água escassa e terão uma visão das dificuldades econômicas que estaremos enfrentando. Isso é para logo e não podemos chegar lá com esses hábitos de agora, senão será o caos.

A polêmica sobre os aspectos científicos do aquecimento global desvia a atenção de perigos urgentes. Vou propor uma forma simples de análise. Em qualquer cidade que você estiver, tente imaginar seus arredores dentro de poucos anos. Em quase todas elas, no ritmo atual de destruição ecológica uma criança hoje com dez anos terá um local difícil para viver quando estiver na idade madura dos quarenta anos. Este é o nosso problema imediato que não pode ser atrapalhado pela polêmica científica sobre o derretimento de geleiras.

É preciso equilibrar o gasto dos recursos naturais e isso tem que ser feito antes de tudo nos Estados Unidos, país que não só consome recursos naturais de forma impressionante como também é responsável pelo espalhamento da cultura do desperdício pelo mundo. Se não é possível brecar o gigante, ao menos é preciso desacelerá-lo. É claro que isso começa na economia e é aí que a administração Obama fez alguma diferença. Ainda é pouco, mas é bastante para um país que não vinha fazendo nada nas mãos dos republicanos. Com eles novamente no governo voltaria toda a cultura da gastança que deu no tsunami da crise, com a consequente destruição ecológica produzida por uma economia predatória.
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POR José Pires 

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Imagem: Capa da revista New Yorker desta semana mostrando com humor como deve ser a votação em Nova York. A revista publicou um editorial nesta edição com declaração de apoio a Obama.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Nos palanques de Obama e Romney


Dois apoios indesejáveis na campanha presidencial americana: o senhor Burns e o venezuelano Hugo Chávez.

Todos devem saber que o senhor Burns é o dono da usina nuclear de Springville, onde trabalha Homer Simpson. Seu apoio é para Mitt Romney e aconteceu num dos espisódios da série, que é transmitida pela Fox, rede de TV que apóia de fato o candidato republicano.

No desenho animado, o senhor Burns chama o cachorro Shamus para decidir entre Obama e Romney, manipulando descara
damente o teste para favorecer seu preferido. Dois empregados disfarçados de candidatos trazem pratos de comida para o cão. “Broccoli” Obama oferece a verdura, um trocadilho infame com o nome de origem queniana do presidente. Já “Meat” Romney traz um apetitoso filé. “Meat” é carne em inglês. A escolha parece evidente, mas Shamus foge desesperado depois de arrebentar uma janela.

O outro apoio indesejado é o do presidente Hugo Chávez, da Venezuela, que não sabe mesmo se calar. Para azar de Obama, o apoio é dele. Naquela sua informalidade que fica sempre uns bons pontos acima da irresponsabilidade, Chávez andou falando que votaria em Obama se estivesse nos Estados Unidos. Também com cara de pau deu a certeza de que na Venezuela Obama votaria nele para presidente.

A declaração gravada em vídeo foi transmitida muitas vezes nas emissoras americanas, em propaganda de ataque a Obama paga pelo partido Republicano. A peça da campanha de Romney liga o adversário também a Fidel Castro e Che Guevara. Todo falado em espanhol, o vídeo foi veiculado para criar uma rejeição a Obama junto ao eleitorado latino.

O nível dos Republicanos em eleição tem sido sempre este. Quem não se lembra da campanha anterior, quando Sarah Palin, vice-presidente na chapa de John McCain, atuou como franco-atiradora fazendo ataques sórdidos ao candidato democrata? É claro que ninguém pode querer o apoio do senhor Burns, um plutocrata cínico que faz questão de afirmar que acredita apenas no poder para os mais ricos. Mas não resta dúvida sobre quem ele apoiaria se existisse na vida real.

Já a esquerda latino-americana está no papel de sempre. A dúvida é se de fato desconhecem sua influência negativa ou estão agindo de má fé. Uma tal de Mariella Castro, sobrinha do ditador Fidel Castro, aparece no vídeo republicano dizendo que votaria também no presidente que busca a reeleição. Ela é filha de Raúl Castro. A propaganda dos republicanos contra Obama cita também um e-mail enviado pela Agência de Proteção Ambiental, que trazia a foto do Che Guevara e a conhecida frase “Até a vitória, sempre". A agência afirma que a mensagem foi enviada sem aprovação oficial por um funcionário. Vê-se que até lá nos Estados Unidos a militância azucrinadora faz das suas.
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POR José Pires