sábado, 12 de julho de 2014

A história se repete como piada

Em meio a mais uma lamentável derrota da Seleção Brasileira apareceu a notícia da prisão da Sininho, a Elisa Quadros Sanzi, aquela que esteve metida nas manifestações de rua de fevereiro, quando morreu o cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes. Sininho ficou famosa depois de aparecer na delegacia logo que foi preso um dos black blocs envolvidos na morte. Ela foi até lá oferecer advogado de defesa ao acusado. Sininho foi presa neste sábado em operação policial de segurança da Copa do Mundo. Segundo a polícia, ela planejava atos de vandalismo e para isso teria comprado fogos de artifício por telefone. Foi um artefato desses que causou a morte do cinegrafista.

O amadorismo desses extremistas de esquerda mostra que no Brasil não é como farsa que a História se repete. Ela volta como piada. Os ineptos faziam compras por telefone de material para ser usado nas manifestações. Este amadorismo lembra as surpreendentes mancadas da esquerda armada nas décadas de 60 e 70. Quando vejo uma dessas figuras que participaram da luta armada no Brasil dando entrevista como se tivessem participado de uma epopéia heróica, costumo lamentar que não haja um jornalista para questioná-los sobre as inumeráveis burrices feitas naquela época.

Ativista fazendo compras por telefone lembra o que a esquerda armada fazia na época da ditadura militar. Muda muito o grau do risco, é claro. Gente como Sininho posa de radical sem correr quase nenhum risco. O pessoal da luta armada podia ser morto, sofrer torturas, e isso de fato aconteceu com muitos. Mas as burradas da esquerda armada foram também fenomenais. E pouco se fala disso.

Uma das ações mais famosas desse período foi o sequestro no Rio do embaixador americano Charles Elbrick. O chefe da operação foi Franklin Martins, esse mesmo que foi ministro da Comunicação Social do governo Lula. Na época, Franklin Martins já era um homem de raciocínio rápido. Um dia ele soube que o embaixador passava diariamente por uma rua de Botafogo e teve a ideia de sequestrá-lo. Gênio, não? E da sacada até a efetivação do sequestro foram apenas trinta dias. Pode-se dizer que foi uma das idiotices mais rápidas da nossa história recente. A ação foi executada pelo MR-8 e a Aliança Libertadora Nacional, a ALN, chefiada por Carlos Marighella.  

Marighella não foi consultado e nem avisado da ação. Existem passos maiores do que a perna. Pois este foi um salto bem além do que podia qualquer organização armada. A esquerda estava esfacelada, já com muita gente presa e muitos mortos. Não tinham estrutura alguma. Num momento que exigia a recomposição de forças fizeram uma das operações mais ousadas da América Latina, que deu numa reação pesada da ditadura. Polícia e exército ocuparam o Rio, montando barreiras e patrulhando ruas e estradas. Sem saber de nada, Marighella poderia ter sido preso numa dessas barreiras. Nas primeiras 78 horas do sequestro aconteceram 1800 detenções. A ação tem outras mancadas, inclusive o erro de terem feito uma lista de presos muito reduzida. A ditadura daria mais pelo embaixador. É uma lista longa de equívocos. Existe o testemunho de um esporro dado por Marighella, quando ele foi profético. O chefe guerrilheiro disse o seguinte: “Vocês fazem uma ação dessas e eu não sei de nada! Poderia ter sido preso na Dutra. Não vamos aguentar a repressão que vem por aí”. De fato, não aguentaram. O próprio Marighella foi morto pouco tempo depois, vítima também de erros primários de segurança.

Esses deslizes parecem ser uma sina da esquerda, como deu para ver na prisão do grupo de extrema-esquerda que tem Sininho como estrela-guia. Agora estão até pedindo material por telefone. Será que já tem delivery de coquetel molotov? A gente tem que rir, mas sempre fica a preocupação sobre o que mais pode estar por vir. Até porque, assim como aconteceu no passado, o país inteiro é que acaba sofrendo as consequências das porralouquices dos companheiros.
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POR José Pires

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