quarta-feira, 30 de julho de 2014

Uma cabeça na bandeja do Santander para Lula

A analista do banco Santander que fez uma avaliação econômica que desagradou aos maiorais do PT foi demitida. O bilhete azul da bancária veio rápido. O ex-presidente Lula pediu a cabeça da moça na segunda-feira, em discurso feito na 14ª Plenária da CUT, a Central Única dos Trabalhadores. Naquele seu nível já bastante conhecido ele bajulou o presidente mundial do banco, Emílio Botín, e sentou a ripa na funcionária. Disse que ela não sabia “porra nenhuma”.

Para quem acha que os avisos de retrocesso foram poucos até agora, aí está mais um. Aquele velho conhecido risco do ninho da serpente é fichinha perto do perigo que significa uma quarta vitória do PT, que caso ocorra o partido poderá completar 16 anos de poder. Os ovos da serpente estão trincando. Será que o país suporta o estrago? Acredito que não. A nossa democracia, com certeza, não tem estrutura para aguentar o entusiasmo que os companheiros terão num quarto mandato. Eles já mostraram muito bem que o povo de seus sonhos é o que aplaude qualquer coisa que eles façam.

O fato de Lula pedir a cabeça de uma trabalhadora numa plenária da central sindical ligada ao PT e ainda ser aplaudido mostra muito bem o andamento dos planos desse partido na implantação de um projeto de poder que não aceita um ponto de vista independente nem em análise econômica interna de um banco. Imaginem a posição da CUT se em vez de Lula fosse o candidato Aécio Neves a pedir a demissão de uma trabalhadora que o desagradasse.

Mas para eles o Lula pode tudo. Há muito tempo que a CUT virou um braço a mais do poder, movimentado-se apenas no rumo de objetivos eleitorais favoráveis ao PT. A central petista já havia ultrapassado de forma vergonhosa todos os limites da decência no uso da sua máquina como força manipuladora dos trabalhadores, mas neste episódio eles conseguiram superar a própria hipocrisia, que já era espantosa. A CUT serviu de palco para seu chefão político pedir a demissão de uma trabalhadora a um banqueiro estrangeiro. É para não restar dúvida alguma de que esse tipo de sindicalismo não tem limite algum na subserviência ao projeto de poder de seu partido.
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POR José Pires

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