terça-feira, 16 de setembro de 2014

A era petista da desqualificação da opinião crítica

Algumas pessoas me perguntam se a condenação que tenho feito aos ataques do PT à candidata Marina Silva significam um apoio a ela. De forma alguma. Ultimamente tem sido comum o equívoco de interpretação de julgar que determinada opinião significa um apoio direto em relação ao tema central do assunto tratado. Nem sempre é assim e quem escreve bastante nem pode ter como meta um apoio direto a uma causa ou a uma pessoa. Isso prejudicaria até a escolha dos assuntos e a meu ver bitola o pensamento.

Nesta questão do clima conflituoso que o PT criou na política brasileira, eu sou da opinião de que o ponto essencial é a condenação desses métodos de demonização de qualquer um que pense diferente do que interessa ao poder vigente. Se atinge Marina Silva, Aécio Neves ou qualquer outro político, não importa. Até porque antes do que vem acontecendo agora com Marina Silva e Aécio Neves, eles cometiam grosserias parecidas com José Serra, Alckmin e outros políticos em tempos mais atrás. A calúnia e a difamação é usada por eles contra qualquer pessoa que ameace o poder petista. Estariam fazendo a mesma coisa com Eduardo Campos, se ele não tivesse morrido na queda do avião.

Não é o alvo do terrorismo eleitoral que importa. O problema é essa forma de atuar, buscando intimidar e desqualificar o outro. No governo federal, o PT criou uma máquina de destruição de reputações inspirada no que faziam na oposição. Hoje eles mantém uma estrutura de comunicação exclusivamente a serviço do interesse do partido, seja no ataque político ou para a defesa do governo e do projeto partidário de poder. Este partido é o primeiro partido brasileiro que mantém a cultura agressiva de palanque mesmo depois que vence a eleição. Não descansam as armas e nem buscam construir no poder uma relativa unidade com a sociedade civil.

Ao contrário, seja nos municípios, nos estados ou no governo federal, como o poder nas mãos eles passam usar também a máquina pública para causar o máximo de prejuízo a quem não faz parte da claque do agrado submisso de que eles tanto gostam. Na destruição do outro usam inclusive a tática de manipular ou simplesmente cortar o acesso ao trabalho profissional ou ao direito do suporte oficial do Estado ao empresário e às categorias profissionais. Fazem o mesmo com o direito assistência social, principalmente com os mais pobres.

Esta forma do PT fazer política, sempre manipulando e colocando uns contra o outros, precisa ser denunciada e combatida porque vem contaminando de um modo perigoso a relação entre os brasileiros. E não é pra menos, já vamos para um período de mais de uma década desta infernização política. Acho até que esta prática petista no poder é responsável em parte pela dificuldade que existe hoje em dia na internet e também noutras situações de fazer qualquer debate sem que haja no meio conflitos insuportáveis.

Hoje estão atacando Marina e isso é feito apenas em razão da ameaça que ela representa ao projeto de perenização no poder — meta inarredável do PT. Mas sei muito bem que o terrível arsenal que agora atinge a candidata do PSB está pronto para ser usado contra qualquer um, inclusive em indivíduos que têm seu pensamento movido apenas pelo interesse da discussão franca das questões referentes à nossa vida. Essa horrorosa forma de agir vem num crescendo alarmante e, como já disse, contamina perigosamente a cultura brasileira. As pessoas estão cada vez mais ressentidas e agressivas, com dificuldade de encarar qualquer assunto sem partir pra briga. É até um chavão antigo sobre a geração do poder estatal totalitário e invasor da liberdade humana, mas a melhor imagem para isso é a de que os ovos da serpente estão chocando no ninho.
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POR José Pires

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