segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O regaço do petista envergonhado

Luciana Genro é o resguardo do esquerdista envergonhado de assumir publicamente seu apego à continuidade do governo do PT. Esta eleição trouxe a novidade da vergonha de votar no PT. Muitos petistas se esconderam no armário. Teclar o 13 às escondidas na cabine eleitoral, tudo bem. Mas assumir para os mais próximos e até escrever no Facebook em defesa do PT não dá mais depois da descoberta de tanta maracutaia.

Desde que a cúpula do partido foi condenada pelo mensalão e encarcerada na Papuda e logo depois veio a a roubalheira na Petrobras ficou difícil de exibir a estrelinha no peito. Até amante do Lula apareceu para dar um medinho de ser feliz. Não dá mais para vestir a camisa do partido e se enrolar na bandeira vermelha. O negócio é ser criptopetista. E está aí a candidata do Psol para servir de abrigo dessas consciências culpadas. É um jeito de se manter na discussão política sem se comprometer, com a vantagem da Luciana Genro não oferecer nenhum perigo para a candidata de verdade de todo criptopetista, que também é mulher, mas não é a Marina Silva.

Outra coisa que facilita a vida do criptopetista é que Luciana Genro é inimputável. É uma senhora de mais de 50 anos, mas é café com leite na política. Pode dizer o que quiser. Até besteiras fenomenais como afirmar que nos países do chamado socialismo real não foram colocadas em prática ideias marxistas. Stálin não era comunista, camaradas. Lenin nunca foi leninista. Fidel Castro jamais aderiu ao castrismo. Mao Tsé-Tung Che era um neoliberal asiático. Guevara morreu lutando para implantar a democracia na Bolívia. Milhões de pessoas se suicidaram sob o stalinismo, outros milhões se mataram na China, mais uns tantos no Leste Europeu. Ô pessoal pra gostar de se matar só pra enxovalhar a memória daquela santo filósofo, o Karl Marx. Não me comprometa com esse comunismo que não existiu, eu sou eleitor de Luciana Genro.

É um compromisso que não compromete a luta. Dá até pra continuar a sentar a lenha nos tucanos. E numa mesa de bar ou teclando com a companheirada não existe risco algum de uma ruptura real e nem tem o problema de ser xingado de coxinha ou direitista. O máximo que pode acontecer é ser chamado de porra-louca e mesmo assim com certo carinho, porque todo petista, mesmo quem virou gatuno, foi um porra-louca em sua origem. E é só até o segundo turno, quando feito zombies tomando o planeta todo criptopetista voltará a se transformar num petista. E nesta primeira votação, na hora agá, companheiros, naquele momento de teclar os dois algarismos, o que vai aparecer é a foto de uma mulher que não é a Luciana Genro. E nem a Marina.
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POR José Pires

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