sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Ainda sob a proteção do PT

Os petistas vivem dizendo que os demais partidos são iguais ao deles. Pode até ser que em certas questões alguns sejam mesmo muito parecidos com o PT, mas não existe nenhum outro que tenha tanto espírito de corpo na defesa de companheiros, mesmo quando flagrados em atitudes nem um pouco éticas. O deputado André Vargas foi até forçado a sair do PT, mas mesmo assim a máquina partidária mantém-se na defesa do ex-petista. Ele pode até conseguir fugir da cassação, em razão da cobertura que o partido de Lula tem dado a ele no processo de cassação que corre na Câmara Federal.

Nesta quarta-feira, o deputado José Mentor (PT-SP) conseguiu mais um adiamento na Comissão de Constituição de Justiça. E o caso foi transferido para a próxima terça-feira. Esta era a quarta tentativa de analisar o recurso de Vargas contra a ação. Mentor argumentou que o parecer negando o recurso “não estava adequado”. É óbvia a intenção de protelar para que não haja mais tempo para que o plenário vote a cassação, mas a política brasileira já tem incorporada como um hábito oficial essas tramoias.

O processo de cassação do deputado petista já está rolando há seis meses no Conselho de Ética da Câmara. Houve até falta de quórum para apreciar o recurso, o que significa simplesmente que os deputados não foram trabalhar, mesmo tendo como serviço esta tarefa importante. O que será que estavam fazendo, não é mesmo?

O pedido de cassação já está aprovado pelo Conselho de Ética desde agosto. Para o colegiado, o deputado do Paraná fazia parte do “contexto de uma imensa rede criminosa especializada na lavagem de dinheiro e na evasão de divisas como o agente responsável por abrir as portas da administração pública”. Não é pouca coisa, mas mesmo assim o PT age para enrolar, com o objetivo de livrar Vargas da cassação.

Por aí, fica evidente a grande dívida do partido com o deputado, que hoje em dia deve ser um dos arquivos vivos mais preciosos da política brasileira, que exige uma atenção especial. Até ter denunciada sua relação com o doleiro Alberto Yousseff, o deputado era um dos políticos mais poderosos do PT. Vargas era do grupo do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. O rápido sucesso de sua carreira sempre foi favorecido pela relação muito próxima entre os dois, tendo sua eleição para deputado facilitada pelo acesso à base eleitoral transferida para ele quando Bernardo virou ministro no primeiro governo de Lula, outra figura de quem Vargas sempre foi muito próximo. Suas relações, sempre foram poderosas, incluem também o ministro Gilberto Carvalho e o mensaleiro José Dirceu. Pode ser um risco deixar um homem desses sentir-se contrariado. Talvez seja por isso que mesmo fora do partido Vargas continua sendo tratado ainda como alguém de casa.
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POR José Pires

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Imagem- O chefe Lula fala e o deputado André Vargas confere uma mensagem no celular: um homem de contatos importantes

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