sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Resistência nas bancas da França

Foto retirada do site da revista americana Newsweek, que recentemente deixou de ser impressa para ter uma edição apenas digital, além do site, que é muito bom. Já baixei a última edição, que tem uma ótima cobertura dos acontecimentos posteriores ao ataque terrorista islâmico à redação do "Charlie Hebdo". O terror continua, agora com ciberataques. Segundo a Newsweek, desde o massacre dos jornalistas os sites franceses tiveram um forte aumento de ataques de hackers. Informações colhidas pela revista junto a um funcionário de um organismo francês de defesa cibernética dão conta até agora de 19.000 ciberataques. A imagem mostra a vida seguindo em relativa normalidade na capital francesa, enquanto o "Charlie Hebdo" vai sendo lido pelos franceses. Estranhos tempos esses em que um jornal numa banca é um ato de resistência para que seres enlouquecidos por uma religião não sangrem a liberdade.
A revista traz uma extensa matéria com o desenhista Ralph Steadman, cartunista inglês da velha geração (nasceu em 1936), um dos mestres da caricatura mundial, de um traço extremamente forte e uma expressão política também bastante radical. Steadman fala sobre o ataque aos colegas franceses e a necessidade da permanência do humor de espírito mais crítico, como também é o dele. De uma habilidade admirável no desenho, Steadman teve uma parceria criativa das melhores com Hunter S. Thompson, o jornalista que criou o estilo "gonzo" de escrever reportagens. Com o cartunista desenhando nos próprios locais das matérias, Thompson escrevendo, e os dois trocando ideias, eles fizeram juntos reportagens memoráveis. O jornalista suicidou-se em 2005. Que maravilha seria poder ler um texto dele sobre o que vem acontecendo agora no mundo.
Chega a ser uma ironia o uso de uma tecnologia avançadíssima pelos elementos mais atrasados de uma religião que no Terceiro Milênio ainda tem um comportamento primitivo. O terrorismo islâmico despreza os valores ocidentais, mas não tem vergonha de usar suas conquistas tecnológicas e culturais para o plano de destruição desses mesmos valores e a imposição da intolerância como norma de conduta até para quem não segue as chamadas "leis de Maomé". Fazem um uso absurdo da própria democracia, que tem servido para seu avanço e, como se viu na França, para a prática dos piores crimes. Os espanhóis tem um bom ditado para isso: "Cria cuervos y te sacan los ojos". Tomara que essa tremenda violência contra a liberdade de expressão e a democracia tenha servido para abrir os olhos. É preciso parar com tanta criação de corvos.
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POR José Pires

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