terça-feira, 1 de setembro de 2015

A meta do autoritarismo

O PT tem um velho problema com metas e essa foi em grande parte a causa do grande desastre político em que eles se meteram. Quem conhece esse partido como eu conheço, desde a sua criação, já viveu até muito de perto grandes dificuldades políticas criadas pela forma afobada de ser dos petistas. É um problema criado pela meta. Eles não se aguentam. O objetivo final do partido é o socialismo, sendo que dirigentes partidários de bastante influência são favoráveis a um socialismo bem autoritário, de inspiração cubana ou do antigo comunismo soviético. O repetido beija-mão com Fidel Castro, feito pelo ex-presidente Lula, pela presidente Dilma Rousseff, e por outros importantes dirigentes petistas não é só uma questão sentimental. Eles acreditam de fato que aquela porcaria de sistema implantado em Cuba é coisa de qualidade. Pensam de forma muito parecida a Fidel Castro e se tivessem a chance fariam algo igual no Brasil. Em economia é provável que repetissem barbaridades administrativas de Castro e Che Guevara, como por exemplo estatizar carrinhos de cachorro-quente.
O PT até já teve militantes respeitáveis (ainda que eu sempre tenha tido discordâncias ideológicas com eles), gente com qualidade intelectual e profissional que sustentava um projeto de justiça social com respeito à democracia e de um capitalismo que não tenha o feitio desse nosso, dominado mais por um ideário plutocrata do que por uma visão política e econômica sustentada por empresários empreendedores de fato. Essa militância sensata já existiu. E na minha opinião foram essas pessoas que deram credibilidade e base política para o crescimento do partido, até que Lula e seus cupinchas tomaram o poder dentro da legenda e calaram ou forçaram as vozes sensatas a dar o fora.
O PT sempre teve uma meta e se o país permitisse até dobrariam essa meta depois de alcançá-la. Não tenho dúvida alguma que líderes petistas como o mensaleiro José Dirceu e também o Lula seriam capazes até de criar gulags para encarcerar quem discorda de seus objetivos autoritários. Ainda bem que figuras importantes desse projeto político foram dominadas pela ambição do dinheiro fácil e acabaram indo para a prisão, enquanto ainda temos uma ordem democrática. Outros aparentemente mais espertos, como Lula, mesmo permanecendo impunes tiveram arrasado seu prestígio político. Para a felicidade geral da nação acabou para eles também, mesmo que não tenham ido para o xilindró. Não li toda a obra de Antonio Gramsci (que é vasta e chata), mas até onde eu sei não existe nela um capítulo rigoroso ensinando que para tomar o Estado de forma traiçoeira para a implantação progressiva de um domínio comunista não pode roubar. Faltou essa lição no método gramsciano, um esquecimento imperdoável, até porque o autor é italiano.
E por aqui, além da roubalheira, teve uma maquinação de um grupo para dobrar a espinha de toda a militância, no que Dirceu, Lula e outros chefes tiveram sucesso. No entanto, para fazer o partido se dobrar aos seus caprichos os companheiros poderosos quebraram essa mesma espinha, que era o que podia dar solidez técnica na hora de governar. O que sobrou de militância, de gente covarde e submissa, pode ser chamado de "Efeito Dilma", pois são todos parecidos com essa senhora em arrogância e incompetência. Dá para fazer algo com essa gente? Claro que sim, mas só este desastre que aí está.
No final, foi uma autofagia que fez um grande bem ao Brasil. Quando arrebentaram seus quadros partidários de alguma habilidade técnica os chefes petistas fizeram o partido perder a capacidade de administrar o Estado e também foram minando o fortalecimento qualitativo do PT, perdendo então definitivamente a capacidade de ter uma política de sustentação de seus propósitos futuros. As bombas estão todas explodindo agora. É mais ou menos o que Fidel Castro fez em Cuba depois da descida de Sierra Maestra, após a revolução que deu-lhe o poder por mais de meio século e de onde só sairá morto. Eliminou ou forçou a sair da ilha quem discordasse dele. Os companheiros brasileiros vivem tomando a benção do ditador cubano mesmo depois dele ter ficado gagá porque sempre acreditaram naquele modelo. A nossa sorte é que aqui o mesmo tipo de desgraça política não foi à frente.
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POR José Pires

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