sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

E Levy deu mesmo o fora

Joaquim Levy garantiu pelo menos para ele um 2016 melhor que este ano interminável. Não terá mais que suportar a presidente Dilma Rousseff, o que não é nada fácil na opinião inclusive de petistas. Ele está fora do Ministério da Fazenda e sua saída surpreende apenas por ter demorado uns meses a mais que o previsto. A bem da verdade, logo que entrou ele já estava com cara de quem queria sair, mas estando ali como funcionário cumprindo tarefa de seu empregador, o banco Bradesco, procurou ser profissional. Logo que assumiu o segundo mandato Dilma queria seu chefe, Luiz Carlos Trabuco, que recusou o convite da presidente e certamente indicou Levy.
Dilma estava naquela necessidade de “acalmar o mercado”, o que acontece com todo governante latino-americano que faz muita burrada no poder, então ficou mesmo com o subordinado do banqueiro Trabuco, que poderia cumprir esta função pelos laços com o Bradesco. São ossos do ofício, mas o resultado mostrou que mesmo a um banqueiro falta resistência estomacal para engolir os desaforos cotidianos de Dilma e a implicância de seus companheiros. Neste ano que passou como ministro a realização de Levy foi quase nula. Não emplacou reforma alguma e até teve que participar de um ato histórico do ponto de vista da negação do que foi fazer no cargo. O governo Dilma apresentou a meta mais estranha já vista neste país: um orçamento com déficit. E não é que Levy não tenha tentado coisa melhor. Mas logo tinha a sua opinião contrariada por Dilma e todo o PT. E não podia ser diferente para quem ainda teima em achar que tudo estava sendo conduzido da forma certa não só no mandato passado como nos anteriores de Lula. Nem a comprovação prática de que foi daquele monte de besteiras que nasceu a crise atual é capaz de convencer esse pessoal que basta mais um pouco daquilo para que entremos de vez na rota econômica da Venezuela.
No final, uma serventia de Levy como ministro foi a de alimentar a notória esquizofrenia política do PT, que continuou usufruindo dos benefícios do poder e ainda teve um projeto econômico para atacar. Culpa do Levy, é claro. Mesmo não tendo sido articulado, não há porque duvidar que funcionou bem para uma militância que faz das ruas seu hospício. O PT tinha seu próprio neoliberal para fritar junto às massas em cerimônias revolucionárias. Foi também um remédio apropriado para consciências abaladas com o apoio de mais de uma dezena de anos a um governo que se revelou um antro de gatunos e de uma criminosa incompetência. Levy serviu para adoçar o bico da militância, no “Fora Levy” presente nas manifestações contra o impeachment. O desatino é grave: Dilma fica, mas o Levy tem que sair. Esta falta de lógica poderia até ser engraçada, se fosse apenas um jogo político para o uso em propaganda. Mas tudo indica que eles acreditam que antes de Levy estava em andamento um plano econômico viável. E se você pensa que já é doidice demais, guarde o espanto para depois das festas de fim de ano. O país pode entrar em janeiro com os companheiros tentando fazer de novo tudo aquilo que já não deu certo.
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POR José Pires

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