terça-feira, 24 de novembro de 2015


sábado, 21 de novembro de 2015

Formação partidária

Como se diz, no popular, é de pequenino que se torce o pepino. Vendo por este lado, o Congresso Nacional da Juventude do PT aponta um futuro de muitas maracutaias ao jovem petista. Os dirigentes do partido estão cuidando do jeito deles da formação da rapaziada. O local do encontro partidário desta sexta-feira foi decorado com faixas gigantescas com as imagens de José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno e João Paulo Cunha, condenados por corrupção no processo do mensalão. Veja uma faixa à esquerda, na foto distribuída pelo próprio PT. Como se sabe, eles foram até presos pelo crime que cometeram. E são apontados como "guerreiros do povo brasileiro". Bem, cada partido tem os heróis que merece. E já estava mesmo no tempo de aposentar a imagem do Che Guevara. Será que já fizeram camiseta e cartaz com a efígie heróica do Delúbio? E o Dirceu de boina vermelha com estrela também vai ser exemplar como simbologia. Sem dúvida, é a cara do PT.
O congresso contou com o ex-presidente Lula como animador de platéia, quando num de seus atos falhos ele soltou uma confissão. "O ideal de um partido é que ele pudesse ganhar a Presidência da República, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados sem se aliar a ninguém", disse Lula. Ora, essa era exatamente a meta do mensalão, que se desse certo teria dispensado o PT dessa incomodação de fazer alianças, exigência tão chata em democracias. Com o mensalão bastaria o parlamentar passar no caixa, assegurando dessa forma uma governabilidade mais em conformidade com o projeto político do partido do Lula, o sonho confessado por ele de governar sozinho. O plano era esperto, mas acabou sendo desmontado pela polícia, a imprensa e o Ministério Público. Mas os petistas não se emendam. Nem com cadeia. Estão colocando seus jovens naquele velho caminho em que os fins justificam os meios.
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POR José Pires

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Arma contra o terror

Os atentados dos terroristas islâmicos vêm tendo resultados contrários aos que eles parecem ter planejado com suas matanças. Tentaram destruir o “Charlie Hebdo” e o que aconteceu foi um aumento da importância e o fortalecimento da simbologia do jornal. O “Charlie Hebdo” sempre foi um jornal de grande valor. Seus desenhistas foram essenciais na modernização do humor internacional, desde sua criação no final da década de 60, tanto na tematização quando na forma de satirizar o acontecimento. A fundação do jornal é um pouco anterior a do nosso “O Pasquim”, que já fechou há muito tempo e nem é lembrado mais. Mas aqui não é como na França, que preserva sua cultura. E por isso mesmo o Brasil não sai do buraco. “O Pasquim” teve bastante influência do “Charlie Hebdo”, inclusive no traço e no humor cáustico de um dos mais geniais humoristas do semanário brasileiro, o Henfil, que teve bastante influência do cartunista Reiser — que era da velha guarda do jornal francês e morreu cedo de câncer, em 1983, aos 42 anos. Reiser era do grupo que criou o “Charlie Hebdo”, junto com Cabu e Wolinski, dois dos desenhistas que foram covardemente assassinados em janeiro deste ano na redação do jornal pelos terroristas islâmicos, no dia em que foram mortas 12 pessoas. O jornal sempre teve cartunistas ótimos, sendo que um dos melhores da nova geração, Tignous, estava entre os mortos do início deste ano.
O “Charlie Hebdo” sempre foi fundamental na história da imprensa mundial, no entanto essa importância não era do conhecimento geral, a não ser entre os franceses e quem é da área. O atentado chamou a atenção de todo o mundo para o jornal, que virou um símbolo de resistência e não só da França. Somos todos Charlie, mesmo quem se incomoda com certas coisas que eles fazem. Até o direitista que busca justificativa para o massacre numa ou outra charge violenta contra o cristianismo sabe muito bem que como alvo do terrorismo islâmico os cristãos estão bem antes que qualquer cartunista impertinente. Bem, queiram ou não, a situação fortaleceu ainda mais a percepção já bem antiga que diz que enquanto alguém estiver fazendo uma piada que nos incomoda é sinal de que a democracia vai indo relativamente bem.
Hoje em dia, qualquer acontecimento mais importante logo faz o mundo inteiro querer saber o que é que o “Charlie Hebdo” vai publicar. Isso traz uma lembrança boa em relação a nós, pois é o que acontecia também com “O Pasquim”, quando quase toda semana esperava-se pra ver o que é que o jornal ia aprontar contra a ditadura militar. E essa turma valorosa (a “Turma do Pasquim”) foi essencial para atravessarmos aquele período tenebroso. É um papel parecido ao que agora vem sendo tocado pelo “Charlie Hebdo”, que aprontou uma muito boa nesse número publicado agora, depois do horroroso ataque dos terroristas islâmicos em Paris. A capa com uma pessoa tomando champanhe que vaza de buracos de bala é uma daquelas sacadas que dão um reforço na importância da existência não só de uma imprensa livre, mas também de um espírito aberto e tolerante a qualquer manifestação de crítica ou humor. Num momento amargo, de dor e indignação entravadas em nossa garganta, o deboche com o terror veio como um desafogo. Desse jeito podemos ir avançando, buscando uma forma de conter e punir esses bandidos, evitando afetar direitos universais que nasceram exatamente na boa e velha França e sem que inocentes levem as cacetadas que devem ser só para os criminosos fundamentalistas. Umas das nossas armas é também rir deles, sem ceder ao medo que o terror quer impor o mundo.
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POR José Pires

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sebastião Salgado e a tragédia ambiental de Minas Gerais


Logo que ocorreu o rompimento das barragens da Samarco, em Minas Gerais, apareceu nessa história uma figura que me deixou intrigado pela rapidez de seu surgimento e pela forma que se colocou no assunto. Esta figura que surgiu de pronto é o conhecido fotógrafo Sebastião Salgado, de quem tivemos notícia neste caso em uma visita sua ao Palácio do Planalto, onde foi recebido pela presidente Dilma Rousseff. Foi uma estranha aparição para um homem que fez fama como alguém presente a acontecimentos onde captou a dor humana, em imagens que o tornaram conhecido no mundo inteiro. Com o histórico que tem, sua presença faria mais sentido às margens do Rio Doce, talvez até documentando o assustador estrago produzido pela Samarco, quem tem como maior acionista a mineradora Vale, antiga “Vale do Rio Doce”, que acabou dando uma razão prática ao marketing que eliminou o nome do rio de sua marca publicitária.
Sebastião Salgado poderia colocar os pés nas margens do Rio Doce e dali talvez dar uma ressonância aos gritos desesperados dos que vivem em torno daquelas águas envenenadas. Seria interessante inclusive ver o que ele com seu retumbante estilo poderia extrair plasticamente daquela situação terrível, neste desastre ambiental que parece ser o maior já ocorrido no país. Mas não foi isso que ele fez. De imediato, o fotógrafo foi ao encontro de Dilma e no gabinete dela apresentou um plano de recuperacão do Rio Doce. O desastre não tinha ainda uma semana. Ele já disse que Dilma “achou a ideia fantástica”, mas o que pensei de imediato é sobre a opinião das pessoas que vivem às margens do Rio Doce. E como já falei, nem que fosse apenas pela cortesia a primeira visita tinha que ser feita naqueles cantos e não no centro do poder federal, no gabinete de quem jamais cumpriu com responsabilidades que evitariam com certeza o desastre ambiental. Mas nenhuma crítica veio até agora do fotógrafo. Salgado transborda otimismo. Depois do encontro com Dilma ele afirmou que espera que se constitua um “megafundo” que junte a Samarco, a BHP e a Vale no plano para recuperar todas as nascentes do Vale do Rio Doce.
Sei que Salgado é proprietário de uma grande extensão de terras na região, onde ele tem feito um trabalho de reflorestamento e recuperação ambiental. É provável que ele já estivesse desenvolvendo um projeto, apesar de que até agora nada disso havia sido contado para ninguém. No entanto, acho que não pode haver dúvida de que as condições do ambiente mudaram bastante depois da região ser tomada por lama tóxica, não é mesmo? Não se sabe ainda com exatidão nem da extensão do estrago causado pela Samarco, BHP e Vale. E como homem de esquerda, creio que Salgado teria de concordar que mudou bastante também a situação política.
O fotógrafo que me desculpe, mas parece coisa preparada. Num momento que exige uma rigorosa discussão crítica ele aparece com a solução pronta e de uma forma que ameniza o debate público necessário não só para a recuperação do rio como também a mudança das condições políticas que vêm impondo durante décadas o domínio de uma grande empresa sobre o destino das vidas humanas e o ambiente de uma extensa região. Não é de hoje que a Vale causa danos ao Rio Doce e tudo que o cerca. Num país em que a economia não leva em conta a vida das pessoas, a Vale e outras grandes corporações sempre reinaram. Desde que entrou nesta história, junto a Dilma no Palácio do Planalto, o aclamado fotógrafo vem colocando panos quentes na discussão. Nem tocou em políticas públicas, tão ausentes nesta área em que até a sobrevivências de populações indígenas está em risco. Não teve uma palavra de crítica aos responsáveis pelo desastre, o que pode até parecer estranho demais em razão da fama de combatividade que embala seu respeito como profissional. Vou ser franco: até aqui seu comportamento não difere do que faria um relações públicas da Samarco, da BHP e da Vale. Nunca gostei da figura política de Salgado, com suas relações estreitas com o ex-presidente Lula e a falta total de crítica ao descalabro moral e político que vem acabando com o nosso país, de graves consequências inclusive no respeito ao meio ambiente. Lula é um político e governante que fez até questão de mostrar em falas públicas seu desprezo pela defesa do meio ambiente. Dilma segue o mesmo padrão. Neste ciclo de governos que tem ele como líder máximo houve um desmonte imenso de leis e regras ambientais, que mesmo já sendo anteriormente ineficazes ele e seu partido conseguiram piorar.
Porém, o Lula é um ídolo para o fotógrafo. Em abril de 2013, Salgado inaugurou em Londres uma grande exposição, resultado de um projeto que permitiu que ele visitasse 32 regiões da Antártida ao Ártico, entre 2004 e 2012. Imaginem o custo disso. O release conta que as mais de 250 fotos reunidas na mostra “retratam as partes mais puras do planeta e modos de vida tradicionais, destacando a relação harmônica do homem com a natureza”. A exposição “Genêsis” teve sua premiére mundial no Museu de História Natural de Londres. Convidado por Salgado, o ex-presidente Lula fez a abertura da exposicão, em 2013, com um discurso humano e ecológico bastante inspirado. Não foi de improviso, é claro. Leu tudo atentamente. Dizem que uma imagem vale por mil palavras, pois essa do Lula na exposição de Salgado também deve valer bastante. Outro fato importante é que o patrocinador desse projeto carissimo do fotógrafo foi a mineradora Vale. Mas tem mais um fato interessante, que descobri indo atrás de mais informacões depois de sua visita a Dilma por causa do rompimento das barragens em Minas Gerais. O Instituto Terra, de Salgado, tem um projeto no BNDES que pede financiamento do banco a fundo perdido. Não sei qual é a quantia, mas deve ser bastante dinheiro, pois deu uma parada agora com os cortes recentes. Como se vê, são muitas interações que no minimo criam um emaranhado de conflitos de interesses na interferência do famoso fotógrafo nesta tragédia em torno do Rio Doce.
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POR José Pires

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Tráfico e esquerda, uma relação antiga

Já faz tempo que o governo dos Estados Unidos vem acusando o governo da Venezuela de apoio ao narcotráfico. As denúncias ocorrem desde antes da morte de Hugo Chávez e aumentaram bastante depois de Nicolás Maduro assumir o poder. Essa era uma queixa antiga também do governo da Colômbia, que faz fronteira com a Venezuela. Pois neste caso os americanos obtiveram hoje uma forte argumentação contra o governo venezuelano com a prisão no Haiti do filho de criação de Maduro, Efraín Antonio Campos Flores, com 800 quilos de cocaína. A droga havia sido despachada na Venezuela. Ora, não dá para acreditar que num governo com tamanha vigilância interna seja possível um embarque desse tipo, ainda mais de uma pessoa com tal proximidade com o presidente venezuelano — ele é sobrinho da primeira-dama Cilia Flores e foi criado pelo casal desde criança.
O envolvimento de chavistas com o narcotráfico já é assunto antigo e consta até a participação de militares, o que acabou dando o nome ao esquema governista venezuelano de “Cartel dos sóis”, uma referência às divisas de generais venezuelanos. Até o filho do ex-presidente Chávez, Hugo Chávez Colmenares, é acusado de envolvimento no crime. No tráfico estaria também o número dois do regime bolivariano, Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Geral. Sabe-se há muito tempo da relação estreitíssima do governo bolivariano com o grupo guerrilheiro das Farcs, que explora o tráfico de drogas na Colômbia. É claro que a proximidade com as Farcs só poderia ter uma influência desse tipo.
Esta relação da esquerda dita revolucionária com o tráfico de drogas é facilitada por duas vias, uma delas moral e a outra prática. Primeiramente tem a velha mitologia esquerdista de elevar o bandido a um padrão de contestador do sistema. Nesta visão, o narcotráfico serviria inclusive como arma contra os países mais ricos, afetando-os por meio da disseminação da droga. O raciocínio é de uma canalhice atroz, mas a doutrina revolucionária costuma ter disso. A questão prática é a do financiamento das atividades de guerrilha e terrorismo e até de campanhas eleitorais com o uso de dinheiro do tráfico, que pode começar apenas com a extorsão dos traficantes. Porém, logo depois tudo acaba misturado, com os militantes armados agindo como traficantes.
Até Cuba tem uma relação com esse desvio grave, que aconteceu quando o regime de Fidel Castro atuava na África, em países como Angola e Moçambique. Em 1976, Fidel Castro tinha 15 mil soldados em Angola. Nessas expedições no continente africano, brilhava de forma marcante o general cubano Arnaldo Ochoa, tido como herói junto aos cubanos, até ser executado por determinação de Castro. Cuba sentia então os efeitos da glasnost de Mikhail Gorbatchev. Na luta interna do regime entre quem pretendia uma abertura política e os dirigentes que queriam manter a coisa como estava, Ochoa foi usado por Castro como bode-expiatório para calar a possível dissidência.
A justificativa para matar o general Ochoa foi a acusação de tráfico de drogas. E isso existiu mesmo? O que dizem é que dinheiro não só do tráfico de drogas como também de diamantes era usado em parte do financiamento das tropas. Uma ressalva que se faz é que os cubanos não participavam do tráfico. Era dinheiro exigido aos traficantes. E que Fidel Castro sabia disso ninguém precisa dizer. A menos que se acredite que o ditador cubano só veio a ter conhecimento do fato mais de dez anos depois das tropas cubanas saírem da África, para só então tomar providências mandando para o pelotão de fuzilamento um general até então idolatrado pelos cubanos.
O julgamento de Ochoa foi naquela rapidez muito comum no regime de Fidel Castro. O militar cubano foi preso no dia 12 de junho de 1987 e já no dia 9 de julho foi dada a sentença de pena capital pelo Tribunal Militar Especial. O fuzilamento foi no mesmo mês, no dia 13. Quem conta toda a história desse importante episódio da esquerda latino-americana é o escritor cubano Norberto Fuentes, ele também um apoiador do regime desde a revolução, em 1959. Com esses acontecimentos houve também seu rompimento com Fidel Castro, com quem até então tinha uma relação muito próxima, de passarem a madrugada juntos bebendo e falando da vida.
Fuentes quase foi morto também. Ele foi preso logo depois da execução de Ochoa e só escapou depois de um amplo apelo internacional de intelectuais para sua soltura. Saiu de Cuba acompanhado por Gabriel García Márquez, em um avião cedido pelo governo mexicano. O escritor colombiano era um amigo antigo e havia intercedido junto a Fidel Castro por sua vida. García Marquez era também muito amigo do general Ochoa e também pediu que ele fosse poupado. Mas esse pedido não foi atendido pelo ditador. Depois, no exilio, Fuentes contou toda a história em um livro muito bom, “Dulces guerreros cubanos”, que infelizmente nunca foi traduzido no Brasil.
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POR José Pires

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O perigo de ser brasileiro

É brutal o rescaldo do rompimento das barragens da mineradora Samarco, em Minas Gerais. O desastre já é considerado o maior desastre ambiental de Minas e está entre os maiores do Brasil. E tem também as perdas em patrimônio e em vidas humanas. As imagens da destruição são de doer o coração. Não deve ser fácil suportar diretamente o sofrimento de uma tragédia desse porte, quando sabemos que até objetos que nos pertencem guardam valores que não são apenas os materiais. Já foram confirmadas duas mortes e 25 pessoas continuam desaparecidas, mas o próprio governador do estado, Fernando Pimentel, teve o realismo de dizer que é difícil os trabalhadores da barragem serem encontrados com vida. São 13 funcionários que sumiram depois de arrebentadas as barragens do Fundão e de Santarém, com o despejamento de 62 milhões de metros cúbicos de água e rejeito de minério, formando uma avalanche de lama tóxica que avançou quilômetros atingindo vários municípios.
O derramamento de lama e sujeira chegou a 15 metros de altura. Das 180 casas do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, foram destruídas 158. Apenas 22 residências ficaram de pé depois que a lama baixou, espalhando-se a seguir pela região. As perdas são inclusive de patrimônio histórico. A região é de grande importância histórica para o país. Mariana foi a primeira capital mineira, fazendo divisa com Ouro Preto. No mesmo distrito de Bento Rodrigues uma igreja do século XVIII desapareceu sob a lama. Outros bens culturais também foram seriamente atingidos. E toda a localidade ainda deverá conviver durante muito tempo com problemas criados pela lama, que por ser tóxica deve afetar a produtividade do solo e os recursos hídricos de um extenso território. A agricultura pode sofrer danos durante anos. Para se ter uma ideia da dimensão do estrago, a lama e rejeitos soterraram o rio Doce à distância de cerca de 100 quilômetros das barragens destruídas. Os rejeitos levados pelas águas ainda vão alcançar Espírito Santo, onde estão chegando nesta segunda feira.
O desastre que afetou Minas Gerais traz outra grande preocupação sobre barragens, além dos problemas geográficos, ambientais e até étnicos que já se sabe que são causados por sua construção. Elas também podem se romper. É claro que não estou querendo transferir de imediato para barragens em todo o país os riscos que levaram à tragédia mineira. Mas só se vive com tranquilidade quando existe confiança. E alguém pode confiar na segurança das barragens feitas no Brasil depois de saber com o estouro do escândalo do petrolão como é que se comportam os dirigentes das maiores empreiteiras do país? E também é vasta a experiência dos brasileiros quanto ao funcionamento das instituições nacionais responsáveis pela prevenção e atendimento a acontecimentos como este de Minas, desde o funcionário de carreira até os nossos representantes eleitos, como governadores, prefeitos e as autoridades federais. Passado o susto e a dor, por mais grave que tenha sido o problema nós sabemos que o comportamento nacional é o de deixá-lo para trás, sem que haja uma aplicação séria das autoridades no trabalho de resolver as causas e atuar com rigor sobre as consequências. É por isso mesmo que tragédias se repetem todos os anos. Não sei até quando essa atitude vai prevalecer, mas até o país tomar jeito a melhor prevenção neste caso é não ficar na frente de barragem alguma.
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POR José Pires

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Imagem- A lama tóxica deixa suas marcas em Barra Longa, depois de passar por Mariana. Foto de Antonio Cruz/Agência Brasil.

domingo, 1 de novembro de 2015

Lula, o lero mais bem pago do Brasil

Os petistas sofriam até recentemente de uma tensão psicológica com o final de semana e a chegada da revista “Veja” às bancas. A patologia podia ser chamada de "Síndrome de Veja". No entanto, o problema se agravou. Agora a tensão é também com a “Época”. E o PT pode se preparar para a depressão com os jornais diários na segunda-feira, terça, quarta, quinta e a sexta. O ritmo é brabo e sempre tem assunto novo aparecendo no imenso poço de corrupção aberto neste ciclo de governos petistas, sempre com o ex-presidente Lula em destaque, comandando as maracutaias com sua família de milionários emergentes do dia pra noite. Pois o PT andava tenso com a “Veja” e esta semana foi a “Época” que veio com denúncia mais poderosa contra ele e seus companheiros. Não tem delator premiado, juiz Sergio Moro, não exige decisão do deputado Eduardo Cunha, não é furo do Jornal Nacional, nada dessas coisas em que os petistas se apegam para justificar roubalheiras apelando para papos paralelos.
A denúncia da “Época” vem de uma fonte que não dá para petista acionar a máquina difamatória governista e colocar em dúvida. São dados oficiais do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), agência do Ministério da Fazenda responsável pelo combate à lavagem de dinheiro no país. Os petistas vão dizer o que agora? Não dá pra falar que o Coaf é do PIG. Não tem como escapar desses fatos impressionantes que provam que Lula tornou-se um dos homens mais ricos do país e vem sendo um fenômeno no ramo das palestras. De abril de 2011 pra cá, sua empresa de palestras recebeu 27 milhões de reais. Isso é o que foi declarado por ele para a Receita Federal apenas como conferencista. Já fizeram uma conta interessante com essa dinheirama. Ao dólar no valor médio de 2,20 reais, do mesmo período, o chefão do PT ganhou 12 milhões e 272 mil dólares. Dá R$ 32.812 reais por dia só pelo lero do Lula. Mas tem mais. A matéria da "Época" informa que o total oficial da movimentação financeira do chefão do PT registrada pelo Coaf neste período de cerca de quatro anos é de R$ 52,3 milhões de reais.
Realmente ele é o cara. Em palestras está faturando no mesmo nível de estrelas internacionais da política. E ainda ganha um pouco mais por outros serviços. Mas é preciso ressalvar que boa parte dos pagamentos veio de empresas que negociam com o governo do PT. Pelas palestras, por exemplo, 4 milhões de reais são da parte da empreiteira Odebrecht. E para fechar as contas desse milionário que em números oficiais movimentou mais de 50 milhões de reais em apenas quatro anos, também no Coaf o Brahma (apelido dele em empreitadas) aparece com renda mensal declarada de R$ 3.753,36. Puxa vida, nunca na história deste país se viu alguém se dar tão bem fazendo bicos.
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POR José Pires

Lula: aniversário pouco concorrido

Não é necessário ter muita experiência em marketing para saber que em situação de baixa popularidade certas ações devem ser descartadas para não chamar ainda mais a atenção ao isolamento do político. Foi esse efeito reverso que ocorreu com os vídeos de pessoas desejando feliz aniversário ao ex-presidente Lula, que teve um aniversário de data redonda nesta semana: 70 anos. Podia-se falar em inferno astral, mas os problemas de Lula nada têm a ver com relações místicas com a vida. É a realidade mesmo e são de sua responsabilidade pessoal os efeitos negativos que juntaram-se exatamente neste período, que deveria ser de altas festas em torno de seu nome. Nos últimos meses foram muitas as revelações de suspeitas brabas de corrupção bem próximas do Brahma, como o chefão do PT costuma ser chamado nas suas empreitadas. Até seu filho e a nora, além de um sobrinho que fez negócios milionários em Angola, apareceram como acusados em depoimentos ao Ministério Público em investigações sobre corrupção.
O desgaste de Lula é de tal grau que acabou com o mito construído pela propaganda. E eu duvido que ele consiga recompor aquela imagem fraudulenta. E foi exatamente agora, com a credibilidade lá embaixo, que inventaram de publicar vídeos de pessoas desejando feliz aniversário. É coisa de marqueteiro amador. Teve até os que cometeram a gafe de lembrar que o aniversariante está em baixa, como fez Chico Buarque, o eterno arroz de festa do PT, um dos poucos artistas que sobraram da leva de artistas que no passado animavam as festas petistas. No vídeo, por sinal, o cantor parece bastante tocado e não é pela emoção.
O resultado patético dos vídeos deu destaque ao isolamento do ex-presidente. Não é de hoje a debandada de personalidades que antes paparicavam Lula, mas agora são pouquíssimos os que querem ficar perto dele. O esgotamento do chamado "efeito teflon", que impedia que os malfeitos do ciclo de governos petistas grudassem à imagem de Lula, teve outra má consequência. O próprio Lula afeta negativamente a imagem de quem chega perto dele, daí a ausência dos parabéns de figuras destacadas da política, do empresariado e da cultura. Sumiu aquele monte de gente que ficava em torno do Lula feito moscas. Nota-se a falta também de antigos amigos do Brahma, companheiros como José Dirceu, Delúbio Soares, André Vargas e tantos outros parceiros que ficaram para trás, alguns deles largados na cadeia. Lula teve um aniversário de 70 anos bastante chocho, o que até era esperado. A surpresa é que ele tenha resolvido fazer propaganda de seu isolamento político.
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POR José Pires