quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Bolsonaro: a direita ganhando terreno

O protesto desta terça-feira em Porto Alegre contra o deputado Jair Bolsonaro teve uma cobertura da imprensa que deixou de lado o fato mais importante, que envolve o motivo da presença dele na capital gaúcha. Bolsonaro, que é militar da reserva, atendia a um convite do general de exército Edson Leal Pujol, novo chefe do Comando Militar do Sul. Essa informação saiu no pé das matérias na maioria dos lugares e se não fosse a bagunça de esquerdistas é possível que nem dessem a notícia. A baderna promovida pela militância teve por detrás a deputada Maria do Rosário, Luciana Genro e Manuela D'Ávila, hoje deputada estadual. A trinca está de olho na prefeitura de Porto Alegre, razão da disciplinada comunista Manuela ter trocado o Congresso Nacional pela Assembléia Legislativa gaúcha, num plano do PCdoB para ela ter mais visibilidade política entre os eleitores porto-alegrenses. Portanto, apesar da encenação de manifestação por direitos civis, o objetivo do furdunço esquerdista é provinciano.
Mas o que interessa na verdade ao resto do país é a troca de comando para a qual foi convidado o deputado Bolsonaro. Uma justificativa é que o general Pujol foi seu colega de turma na Academia Militar das Agulhas Negras, entre 1947 e 1977. Porém, levando em consideração o que representa hoje Bolsonaro como líder da crescente direita brasileira, fica muito óbvio o gesto político do novo comandante. Mas tem mais: Pujol substituiu no Comando Militar do Sul o general Antônio Hamilton Martins Mourão, afastado do posto depois de criticar o governo federal e propor uma homenagem ao coronel Brilhante Ustra, notório por seu papel na repressão durante a ditadura militar. Dá a impressão de que, mais que um recado, o convite a Bolsonaro foi um desafio à autoridade da presidente da República. Não vamos falar de golpe ou qualquer outra forma de insurreição, mas isso é mais um indicativo de uma ampliação da cultura política de direita nos meios militares.
O convite do chefe militar a Bolsonaro serve como demonstração de que a insatisfação nos quartéis pode ser muito mais séria do que sabe-se até agora, na desinformação geral causada pela superficialidade do jornalismo brasileiro. E essa inquietação militar foi causada por fustigações da própria esquerda. A direita vem adquirindo cada vez mais força no Brasil, o que é possível notar mesmo com negligência da mídia com este assunto. Foi um crescimento facilitado pela esquerda, com a colaboração irresponsável da máquina de comunicação e propaganda do governo do PT. Já faz tempo que a esquerda perdeu a capacidade de analisar com seriedade as consequências do que faz. De olho apenas em benefícios políticos ocasionais, foram gradativamente abrindo amplos espaços para o crescimento da direita, de tal forma que temos hoje um Bolsonaro como estrela nacional da política, ele que por merecimento amargou durante pelo menos duas décadas o papel de político do baixo clero. O que aconteceu em Porto Alegre mostra que o país pode ter surpresas políticas de curto prazo, com influência já nesta eleição municipal e de resultado ainda mais determinante na eleição do próximo presidente da República.
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POR José Pires

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