terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Fim da folia

A Operação Lava Jato conseguiu a façanha até de fazer político trabalhar durante o Carnaval. Não teve a tradicional folga durante a folia este ano, principalmente por causa das descobertas recentes sobre o triplex que não é de ninguém, do famoso sítio e da delação premiada acertada pela empreiteira Andrade Gutierrez. De Brasília à Atibaia, muitos estão forçando a cuca para tentar encontrar uma saída de tanta encrenca, um debate interno que tem com certeza na pauta a preocupação com o futuro partidário. E ao contrário do que os petistas tentam fazer crer, ele não está em 2018. Já neste ano o destino bate à porta com as eleições municipais. Na minha previsão o PT acaba eleitoralmente é agora, na disputa de prefeituras e câmaras de vereador.
Esse papo de 2018 faz parte da construção da mitologia de Lula, com ele no papel do político popular que resolve eleições pela força de seu prestígio pessoal. E isso nunca foi assim. Suas vitórias foram sempre escoradas em muito dinheiro, que desde 2002 rolou com fartura não só nas eleições para presidente como também nas outras campanhas. Isso dava-lhes o poder até de armar o quadro eleitoral apropriado. No entanto, mesmo com toda essa força financeira o chefão do PT sempre foi obrigado a ir emburrado para o segundo turno. Teve de fazer isso até em 2006 com Geraldo Alckmin, que nem o PT pode acusar de ser carismático. No primeiro turno Lula teve mais dinheiro. Sua arrecadação foi de 81 milhões e a do governador tucano foi de 61 milhões. No final, somando os dois turnos, Lula também teve mais dinheiro: 91 milhões para ele e 81 milhões para Alckmin. Isso no oficial, é claro. Mas as revelações da Lava Jato acabaram de vez com a confiança em números oficiais vindos do PT.
Sobre isso, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, atualmente na presidência da nossa Corte maior, fez uma conta simples de como a coisa pode funcionar. Numa entrevista ele fez referência às altas somas de dinheiro dos roubos na Petrobras. É algo inédito no mundo. Onde já se ouviu falar em corruptos devolvendo milhões de dólares roubados? Teve envolvido que aceitou devolver 100 milhões de dólares. São quantias espantosas até comparadas com o mensalão, cujos desvios de 170 milhões geravam indignação. Hoje é uma merreca. E o mensalão era tido como o maior escândalo de corrupção do Brasil. Com o saque à Petrobras os petistas quebraram seu próprio recorde histórico. Em sua fala sobre o petrolão, Mendes diz que "6,8 bilhões se destinaram à propina", explicando então o significado político dessa dinheirama: "Se um terço disso for para o partido, o partido tem algo em torno de dois bilhões". O presidente do STF aponta a sus[eita de um plano de financiamento eleitoral eterno.
Porém, apareceu a Lava Jato, o que vai complicar a situação do PT já na eleição deste ano. Não tem 2018 para o partido do Lula, com candidatura dele ou não. E até lá ele pode inclusive já ter sido preso. O fim petista pode ser demonstrado de forma muito simples. Basta tentar imaginar um discurso do PT para essas eleições municipais. Qualquer promessa ou projeto será motivo de chacota. E que eles não falem da necessária recuperação da ética pública. Isso pode matar os eleitores de riso. E outra observação simples é indagar quem será doido de doar dinheiro para os companheiros. Dá para ver que eles planejavam ter a posse do caixa eleitoral mais extraordinário do mundo, dispensando o trabalho de ir atrás de doações legais. Com o que finalmente já sabemos, dá até para entender melhor a razão de tanta insistência deles pela proibição da doação de empresas. Pelo jeito, contavam com um meio muito mais eficiente de financiamento de campanha. Mas agora acabou a folia.
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POR José Pires

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