segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O horror das cadeias metendo medo na elite corrupta

Eike Batista foi preso e já demonstra uma preocupação comum entre esta elite corrupta que finalmente começa a ser punida no país. Ele tem medo do que pode acontecer na prisão. Seu grande parceiro no Rio, o ex-governador Sérgio Cabral, também teve esta preocupação depois de ser preso. O empresário alega que corre um risco maior, em razão de ter doado 20 milhões de reais para o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, projeto usado pelo então governador Cabral e pelo PT para escamotear a trágica situação da segurança no Rio e ganhar votos nas eleições no estado e na sua aliança com o PT na disputa presidencial.

A justificativa de Eike Batista pode fazer sentido, mas o risco de se dar muito mal na cadeia independe de qualquer ação anterior dele ou de qualquer outro corrupto preso. O perigo está nas condições terríveis das nossas cadeias e a total falta de controle do Estado sobre o funcionamento interno das cadeias. Como a malandragem costuma dizer, está tudo dominado. Os chefes de quadrilhas é que mandam, com o poder inclusive de decidir quais os presos é que vão manter-se vivos.

Esse controle interno de criminosos sobre o sistema presidiário brasileiro já é antigo. O que tem de novo é a desfaçatez das autoridades brasileiras, em sua fingida surpresa com o que está acontecendo. Vimos o crescimento gradativo desse absurdo domínio, alcançado ano a ano pelo crime organizado, enquanto autoridades faziam de conta que nada tinham a ver com a barbárie tomando conta da vidas dos presos, nesse hábito brasileiro de ir se conformando com os problemas, mesmo os mais graves, que pouco a pouco vão tomando o feitio de eventos normais, inclusive noticiados como se fizessem parte de uma pauta cotidiana da nossa imprensa. A desumanidade nas cadeias, o morticínio nas estradas, a miséria urbana, o horror se mescla aos fatos cotidianos, como se fosse tudo igual.

Eike Batista tem motivos de sobra para temer por sua segurança, mas acontece que ele é um dos grande responsáveis por esta perigosa situação, o que ele sabe muito bem. O empresário só não contava é com a quebra de sua impunidade. Junto com seus comparsas, tanto do estado do Rio quanto do Governo Federal, nesses 13 anos de poder petista, o empresário amigo do Lula e de Sérgio Cabral e também de Dilma Rousseff contribuiu bastante para a destruição de qualquer conceito de respeito humano, seja nos presídios ou fora deles. A corrupção tem esse grave efeito moral de afetar as relações sociais, corroendo as regras mais básicas de convivência. Regras de respeito mútuo deixam de ter sentido em um país onde o poder cai nas mãos de gente como o empresário que acaba de ser preso e seus parceiros até há pouco, como o ex-governador Cabral e o ex-presidente Lula. Mas só depois da prisão é que eles notam esta tragédia brasileira que é consequência do que eles andaram fazendo juntos.
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POR José Pires

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