segunda-feira, 29 de maio de 2017

O indesejado Serraglio e o desejado foro privilegiado de Rocha Loures

Michel Temer vem provocando situações interessantes no Governo Federal. Nesta segunda-feira, servidores do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) fizeram uma manifestação contra a nomeação de Osmar Serraglio, que o presidente pretende mudar do Ministério da Justiça para esta pasta. Os funcionários afirmam que não aceitarão Serraglio e prometem manter o protesto até que o presidente desista da ideia.

O mais provável é que não vão precisar do esforço. Com este clima, fica ainda mais difícil que Serraglio aceite o posto. Pelas suas declarações anteriores a este protesto, ele não havia engolido com muito gosto a saída da Justiça. O parlamentar estava dizendo que ainda iria pensar se aceitaria a troca proposta por Temer. É improvável que ele encare mais este desgaste.

Como se sabe, Serraglio, que é deputado pelo Paraná, apareceu em uma gravação pedindo a Daniel Gonçalves Filho, então superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, para ele interceder em favor de um frigorífico paranaense que estava sendo pressionado pela fiscalização. As carnes não atendiam às normas exigidas. Com a deflagração da Operação Carne Fraca, foi divulgado outro áudio no qual o proprietário defendido pelo ex- ministro da Justiça orienta um funcionário de seu frigorífico a trocar as etiquetas das datas de validade dos produtos.

Esta rejeição pública dos funcionários à nomeação de Serraglio prejudica um plano de Temer para evitar outra de suas complicações. Como fazer para manter calmo o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures, que já pensa até em fazer delação premiada? O que se fala é que o remanejamento de pastas seria feito com a intenção de beneficiar o parlamentar flagrado depois de receber uma mala de dinheiro da JBS. Ele perde o foro privilegiado, caso Serraglio volte à Câmara. Foi por ser deputado que Rocha Loures teve seu pedido de prisão indeferido pelo ministro Edson Fachin.

Rocha Loures também deve estar apavorado de ter seu processo encaminhado para Curitiba. É o medo geral entre os políticos corruptos, o que não é diferente no seu caso, mesmo tendo feito carreira na capital do Paraná, estado onde foi chefe de Gabinete no primeiro mandato de Roberto Requião como governador e esteve também como vice-governador na chapa do pedetista Osmar Dias, derrotado no primeiro turno em 2010. Como se vê, até ser abatido pelo escândalo de corrupção, o homem da mala de dinheiro tinha planos de voar alto.
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