segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Bolsonaro, o desestabilizador de famílias no WhatsApp

Jair Bolsonaro tem como bandeira de campanha a exaltação da família, porém sua candidatura vem fazendo exatamente o contrário, com um dramático efeito negativo exatamente no centro desta questão. Bolsonaro vem desestabilizando a família no WhatsApp. O clima de extremismo e raiva criado com os destemperos pessoais do candidato de direita e a manipulação política feita para usar em seu favor o velho conceito petista do “nós contra eles” vem demolindo o entendimento entre familiares.

Grupos de famílias do WhatsApp tornaram-se terreno insuportável de bate-bocas constrangedores, com ofensas, acusações e ameaças. Muita gente foi para o WatsApp em grupos menores com amigos e parentes exatamente para fugir da violência dos debates no Facebook. Pois muitos desses grupos foram tomados pelo compartilhamento de ataques, mentiras e materiais totalmente fakes, que vem sendo a norma de comunicação do esquema de Bolsonaro.

Com a convivência nos grupos familiares do WhatsApp sendo atrapalhada pela propaganda política bolsonarista, muitos se veem obrigados a se desligar deste meio de comunicação criado para aproximar as pessoas. Esses ambientes tecnológicos onde famílias se encontravam em harmonia agora estão vivendo um drama que é o mesmo das ruas do país, das redes sociais ou de qualquer lugar de encontro entre as pessoas.

Este é o efeito terrível da política de Bolsonaro, que eu sintetizo no slogan “Armai-vos uns aos outros”. É o que esse político maléfico vem fazendo com o clima político no Brasil, dando seguimento à política de raiva e extremismo do PT, que é nada mais nada menos que sua alma gêmea em um oposto ideológico.

E a coisa vai piorar se o plano bolsonarista der certo, com sua eleição. Teremos então o PT na oposição e Bolsonaro no governo, com petistas e bolsonaristas se alimentando do ódio que até agora vem fortalecendo esses extremistas inimigos da harmonia e do entendimento. Imagine o inferno que esse país vai virar.

Não se engane. Bolsonaro se nutre do fel da cultura política criada no poder por Lula e seu partido. Os petistas criaram esse caldo odioso de cultura e os bolsonaristas estão se lambuzando nele. Sobre políticos nefastos, costuma-se dizer que são farinha do mesmo saco. Com Lula e Bolsonaro é diferente: são escorpiões do mesmo saco.
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POR José Pires

Lula e seus laranjais

O ex-presidente Lula é realmente um proprietário singular. Tudo que é dele está em nome de outro. Como se sabe, o chefão petista tem o projeto de colocar Fernando Haddad como laranja em um governo seu, depois de ter Dilma fazendo esse papel durante um mandato e meio.

E agora apareceu outra propriedade rural em nome de terceiro. Fica no ABC paulista. No processo de partilha de bens de Lula e dona Marisa, sua defesa anexou um certificado de cadastro deste imóvel rural. Acontece que está em nome de outra pessoa.

Os advogados do condenado por corrupção e lavagem de dinheiro não sabem explicar porque a propriedade está em nome de Henrique Cuzziol. Eles afirmaram à Justiça que Lula também não sabe quem é o sujeito. É a conversa de sempre. O chefão vermelho cercado de laranjas sempre teve de tudo, mas nunca sabe de nada.
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POR José Pires

domingo, 23 de setembro de 2018


Chefões e consiglieris, nos filmes e na política

É uma eleição cabulosa, em todos os sentidos, esta que o eleitor brasileiro está quase literalmente tendo que enfrentar. No geral, não é fácil encarar as opções apresentadas, por isso é necessário muita atenção na decisão do voto, com preocupação até com questões básicas, nesta realidade de uma bizarrice espantosa que virou a política brasileira, onde já faz tempo que até a honestidade tornou-se um atributo especial.

E atualmente também a boa educação virou um requisito essencial na escolha do candidato. Eu sei que é absurdo considerar essa qualidade para votar em alguém, mas no país em que já existe o despropósito da honestidade ser tão rara que acabou fazendo parte inclusive da propaganda de candidatos, agora temos que observar se o candidato respeita o próximo, se ele aceita ou ao menos ouve críticas e até se não dá um tapão ou atiça seus seguidores ao ataque feroz nas redes sociais.

Este desrespeito pode ser avaliado até como uma condição técnica, em candidatos que atropelam a fala de entrevistadores em programas de entrevistas, com a falta de respeito até ao ritmo de um diálogo jornalístico, no qual não cabem longas exposições em formato de palestra, nem muito menos o lero-lero para escapar do questionamento. O falatório destrambelhado como escapatória é um insulto ao eleitor.

Numa sociedade com razoável equilíbrio seria desnecessário apontar como absoluta má qualidade jogadinhas bobas, como alegar de forma negativa a condição política ou financeira do veículo no qual está sendo entrevistado — pois então caberia perguntar por que o espertalhão está lá — e até da vida pessoal do jornalista. E cabe acentuar que não vale xingar em palanques, afrontar jornalistas e eleitores, desrespeitar a relação interpessoal com colegas parlamentares, tratar mal pessoas que estão fazendo seu trabalho, tudo isso deve ser avaliado como uma baciada de péssimas qualidades.

O mau comportamento pode até parecer relativamente inofensivo diante de tantas barbaridades na política, podendo inclusive ser tido como expressão de grande habilidade mental do mal educado, mas não é bem assim. Bolsonaro, Haddad e Ciro Gomes fazem isso o tempo todo, mas não é por terem mais qualidade retórica. Essa jogadinha boba qualquer um faz. É certeza que Alckmin, Amoêdo e Marina, além de Alvaro Dias, todos os quatro tem até muito mais habilidade retórica do que os já citados. É por terem senso de responsabilidade que eles não entram nesse esquema cretino de usar acusações para fugir do assunto. O certos políticos costumam fazer não tem mérito algum. Ao contrário, é um abuso contra regras básicas do diálogo, cujo ritmo num trabalho profissional cabe ao entrevistador e não ao entrevistado.

A fuga ao assunto, com jogadinhas que envolvem a vida do entrevistador e a situação dos veículos jornalísticos é um sinal de sérias dificuldades psicológicas para encarar questões importantes. Sem dúvida nenhuma, isso vai ser pior depois, no futuro, caso o mal educado ganhe a eleição. Ao votar em alguém, não pense que o poder irá melhorar este político. Eles pioram. E está aí o Lula e uma porção de companheiros dele que não me deixam mentir. Essa atitude de fuga do debate sério das questões nacionais e dos enroscos políticos de cada um permanecerão ativas no poder, com o agravante do desavergonhado dispor então da maquina governamental para impor sua vontade. O brasileiro deveria saber como isso funciona. Lula e seu partido, como eu já disse, de forma calculada colocaram em prática essa pressão sobre a sociedade, procurando impedir o debate sobre seus erros e malfeitos.

Outra consequência do político apontar o dedo para os outros para não ter de comentar seus próprios defeitos é a influência sobre a opinião pública, efeito já em andamento a partir do comportamento dos candidatos em campanha. Isso contamina a visão dos eleitores, alterando o comportamento da população para um padrão violento e de desrespeito a opiniões contrárias. Já estamos vendo isso na balbúrdia das redes sociais e nas amizades rompidas pelo que deveria ficar restrito a uma simples discussão política.

Mas sigamos adiante. Não basta que o candidato seja bem educado e respeite regras básicas do diálogo. Em conjunto com a boa educação, cabe ao eleitor avaliar com rigor a real representatividade e independência pessoal do político. Alguns fingem muito bem. Um candidato pode ter o costume de ser educado nas relações, com a oportuna frieza para não alterar a voz nem se exaltar nos argumentos, mesmo em situação de clara provocação. Esse tipo suporta mesmo pegadinhas idiotas que hoje em dia são feitas absurdamente até por jornalistas. Existem especialistas para ajudar a desenvolver este desempenho.

Pode-se dizer que é a personalidade de “consiglieri”, aqueles assessores da máfia que faziam o papel de intermediários do interesse do chefão. Não é preciso ter um padrinho, mas alguns deles têm até isso. E quando acontece de um motivo de força maior exigir que o consiglieri tenha que atuar no papel principal, são os azares da história. Ou melhor, da História, com maiúscula.

Em “O poderoso chefão”, de Francis Ford Copolla, o papel de consiglieri é interpretado pelo ator Robert Duvall, numa atuação admirável. Ele é Tom Hagen, que além de secretariar diretamente os negócios mafiosos era quem levava a alguém uma decisão irrefutável encaminhada educadamente como uma oferta do padrinho, que na inesquecível performance de Marlon Brando, dizia que o consiglieri era o portador de uma proposta que a pessoa “não poderá recusar”. Parece com certo tipo de proposta que ouvimos hoje em dia, não é mesmo? Mas, no filme, um pedido feito de forma diplomática por Tom Hagen é repelido por um produtor de Hollywood, terminando numa cena memorável da história do cinema, quando ele acorda numa manhã ao lado da cabeça decepada de seu cavalo premiado. Sei que o símbolo é forte, mas não é muito mais escabroso do que certos projetos para o futuro do país.
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POR José Pires

sábado, 22 de setembro de 2018

Bolsonaro, um candidato vazio

Caso Jair Bolsonaro ganhe essa eleição, os bolsonaristas vão precisar de uma doutrina, já que está muito bem demonstrado que falta ensinamento ao comandante, mesmo no campo militar. O capitão vai perder a guerra se no governo seguir o ritmo da campanha, com as tropas atirando para todos os lados, mesmo que até agora sejam apenas memes e fakes de todo tipo. É óbvio que o candidato não domina matéria alguma, sendo que em economia ele próprio confessou que é um zero à esquerda. Francamente, como vamos acreditar que escola militar dá jeito na garotada se nem Agulhas Negras deu uma boa educação ao autor da proposta? Bolsonaro é também “um mau militar”, como disse alguém que sabia muito do assunto, o general Ernesto Geisel.

Não vai dar tempo antes do segundo turno, mas seria interessante assistir a uma sabatina com o encapetado capitão apenas sobre o tema. Duvido que ele se saia bem. Um sujeito que afirma que “a especialidade de um capitão do exército é matar” dá a impressão da base de seu conhecimento militar estar mais para um Sylvester Stallone ou Charles Bronson do que para um Clausewitz. Sem falar de um gênio do enfrentamento militar, como Winston Churchill. Evitemos agora falar dessa figura grandiosa, pois só recentemente a família Bolsonaro tomou conhecimento de que o herói da Segunda Guerra Mundial jamais foi presidente da Inglaterra.

Falemos do problema que pode ser a falta de uma doutrina de governo se Bolsonaro for eleito. Muita gente acredita que com Bolsonaro no poder o Brasil pode ter um governo com um ideário de direita, com a capacidade de desmontar o domínio cultural da esquerda impregnado em todo o tecido social brasileiro. Na algaravia endoidecida da direita nas redes sociais, isso é chamado de “despetização”. Pois vai quebrar a cara quem espera que Bolsonaro tenha uma doutrina política, com a consequente e necessária “despetização”.

A compreensão do processo cultural que vem impondo um domínio das ideias esquerdistas sobre os brasileiros é algo que vai além, mas muito longe mesmo, da capacidade de compreensão de Bolsonaro e dos que o cercam. O candidato soube usar uma ou outra ação e propostas da esquerda como contraposição para subir na vida e turbinar sua carreira pessoal, fazendo seus filhos subirem junto . Mas ele não vai além disso. Caso seja presidente vai bater em certos assuntos, mas falta-lhe capacidade para organizar uma depuração democrática eficiente para conter e eliminar o estrago que o aparelhamento vem fazendo ao país, com graves prejuízos inclusive técnicos. Do jeito que a coisa anda, logo mais um médico vai ser capaz de recitar em uma consulta exaltados conceitos políticos de esquerda, mas será incapaz de identificar o problema de saúde do paciente.

Bolsonaro vai no máximo manter a cantilena do “kit gay” e outras baboseiras, do jeito que vem fazendo até agora, repetidas vezes, toda vez que é preciso responder objetivamente qualquer pergunta. Também vai atacar com grosseria um problema cultural que precisa de um tratamento de longo prazo. Com isso, levantará os ânimos da esquerda e vai forçar até liberais de verdade a tomarem posição contrária. Vai fortalecer o PT, na já conhecida enrolação que envolve esquerda e direita na maçaroca política brasileira.

Por falta de doutrina, sem conhecimentos, o candidato do PSL deve acabar como um sub-Sarney, com uma virulência verbal que o coronel maranhense nunca teve, mas com todos seus defeitos em clientelismo e absoluta incompetência nos chamados negócios de Estado. Ele vai passar os dias no Palácio do Planalto com aquele ar desesperado frente às perguntas sobre saneamento básico, saúde, emprego, segurança e outros assuntos sobre os quais entrevistadores teimavam em pedir sua opinião. Como é impossível ter um “posto Ipiranga” para resolver cada questão de governo, ainda mais porque é muito provável que nem o posto Paulo Guedes fique muito tempo à sua disposição, se o capitão chegar lá, tudo indica que o país vai penar tanto que isso pode até fazer os brasileiros lembrarem como foi resolvido um problema parecido que o Brasil teve com a petista Dilma Rousseff.
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POR José Pires

sexta-feira, 21 de setembro de 2018


O PT se arma para tentar ir junto com Bolsonaro para o segundo turno

A imagem é tão pesada que pode parecer até uma armação política da direita, que está mesmo à toda na produção de memes para fortalecer a candidatura de Jair Bolsonaro, que precisa exatamente de um clima como este para passar para o segundo turno da eleição para presidente da República. No entanto, eu garanto que a imagem não é fake. Tirei o material do Instagram do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra, o famigerado MST, movimento político alinhado ao PT. A imagem já está sendo compartilhada com a histeria de sempre pela esquerda.

A frase “Março não acabou” se refere ao mês que o movimento (que Lula já chamou de “exército do Stédile”) escolheu para ações violentas mais simbólicas. Foi num mês de março, por exemplo, que o MST invadiu o horto da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul, destruindo estufas e mudas dos viveiros, além do laboratório de pesquisas da empresa. Para a invasão, o MST usou uma sigla fraudulenta, o “Movimento das Mulheres Camponesas”, que é composto nada mais nada menos do que com mulheres do próprio MST. A tática também é de usar mulheres nessas ações para no caso de repressão policial ou outro tipo de violência eles poderem capitalizar a vitimização feminina. É espantoso, mas eles são mesmo escabrosos desse jeito.

A sigla de "mulheres camponesas" cria a ilusão de mais força política e organização, permitindo também ao MST englobar em suas ações o conceito feminista que a esquerda vem adotando para ganhar espaço na mídia e fazer avançar seu projeto de poder. Deverá ser neste formato o movimento de rua anunciado para o próximo 29 de março, exatamente uma semana antes do dia da eleição, com a hastag “#EleNão”, que vem sendo disseminada desde o lançamento da candidatura de Fernando Haddad, do PT.

Isso mesmo, a hastag que muita gente compartilha de boa fé nas redes sociais foi criada para uso do PT, buscando criar um clima para a polarização entre o petista Haddad e Jair Bolsonaro. A imagem que estou publicando, com um grupo de mulheres mal encaradas e portando um facão, serve como aperitivo do que esse pessoal planeja fazer das ruas brasileiras na véspera da eleição. A imagem permite concluir o que eles pretendem aprontar, juntando o MST ao PT, mais o Psol e partidecos de esquerda, além de grupos políticos dos mais variados, da longa lista de agregados, os chamados puxadinhos do partido do Lula.

Quem até aqui ainda não notou que caiu numa trapaça política com esse “#EleNão”, prepare-se para algo ainda pior. É ele, sim, que os petistas pretendem beneficiar. A bagunça planejada para dentro de poucos dias será para estimular os votos em Bolsonaro, facilitando sua ida para o segundo turno. O plano completo é que o clima conturbado empurre Haddad junto com Bolsonaro. Claro que não existe nenhum modo de garantir que tudo se arrume de forma tão ordenada, mas seria loucura esperar lógica dos planos de uma esquerda com uma base doutrinária de um determinismo marxista que vê a História de forma progressiva, com eles evidentemente à frente agitando a bandeira do bem.

A trama esquerdista lembra também a história do sapo e o escorpião, que sempre encaixa com perfeição a um partido como o PT, que já nasceu com a natureza do escorpião que dá uma picada mortal no sapo que o carrega nas costas na travessia de um rio. Como todo mundo sabe, os dois morrem, mas desta vez o plano do PT é picar o sapo só depois de ambos atravessarem o rio. O sapo, ou melhor, o Bolsonaro, por sua vez, também aceita a jogada porque acredita que o escorpião é o adversário mais fácil para aniquilar na outra margem. O fim da história para cada um deles, logo mais saberemos. Mas uma coisa já é certa: o risco do Brasil ir para o fundo é de quase cem por cento.
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POR José Pires

O centro dos tucanos

O PSDB apareceu com uma proposta de um movimento de candidatos do chamado “centro democrático”. O objetivo da união é o de combater Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, que são “ameaças à democracia”. A proposta vem de tucano graúdo e as aspas são para a fala dele, Marcus Pestana, secretário-geral do PSDB.

A intenção é de unir Geraldo Alckmin, Marina Silva, João Amoêdo, Alvaro Dias e Henrique Meirelles, mas tem lugar também para Ciro Gomes, com a ressalva, feita por Pestana, que o candidato do PDT é bem-vindo se “não fizer questão de se excluir e se inviabilizar”. É uma forma pouco diplomática de fazer um convite, mas o que chama mesmo a atenção é a lista de centristas feita pelo tucano. Marina de centro? E o Ciro também? O cabra esquentado poderia responder por ele e pela colega no ministério do governo Lula, naquele seu estilo tão fino: “Nem a pau, Juvenal!”.

Poucas vezes eu vi uma proposta tão fora de propósito, até de uma certa idiotice. Numa situação ainda muito nebulosa, com a maioria dos eleitores pesando com bastante preocupação a responsabilidade de seu voto, o próprio secretário do PSDB vem com uma ideia que é como jogar a toalha, confessando que o candidato de seu partido, Geraldo Alckmin, não tem vigor para esta disputa.

O cara é um gênio de marketing. Para os adversários, claro. É como se Haddad e Bolsonaro já estivessem no segundo turno. Mas não deixa de ser uma proposta autenticamente de tucano. Pela falta de determinação, a covardia política e a vacilação até na definição de parceiros. Se o Haddad não estivesse bem nas pesquisas era capaz do secretário-geral tucano querer acolher até ele como parceiro de centro.
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POR José Pires

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Jair Bolsonaro de olho no PT como alavanca eleitoral

O candidato Jair Bolsonaro é um tipo de político que construiu toda sua carreira usando de contrapé alguma situação ou opinião contrária. Em casos mais recentes, os brasileiros puderam acompanhar quiproquós entre ele e políticos de esquerda, com destaque aos bate-bocas com o deputado Jean Wyllys, do Psol, e a petista Maria do Rosário, dois oportunistas que fizeram carreira do mesmo modo, com diferença apenas de lados, servindo-se de jogadas de apelo sensacionalista. Bolsonaro acabou sendo favorecido bastante por idiotas desse tipo, ainda tendo lucrado muito com o vazio político e intelectual que acomete nossas redações, com jornalistas envolvidos na busca de assuntos quentes, além dos enfrentamentos e a audiência a qualquer custo que quase todo mundo procura nas redes sociais.

Pode-se notar no material de imprensa mais antigo sobre as peripécias de Bolsonaro que antes da popularização da internet ele era um político relegado aos programas de televisão de qualidade mais baixa, em cujas pautas cabia muito bem um deputado do baixo clero de ar amalucado, com o discurso de que problemas podem ser resolvidos na porrada. Bolsonaro só aparece em veículos de melhor qualidade quando está envolvido em encrencas mais sérias, como aconteceu com o plano de explosão de bombas nos quartéis, em um irresponsável movimento para demonstrar a insatisfação com salários dos militares encabeçado por ele e revelado em matéria da revista Veja, no final de 1987.

Essa história das bombas (que seriam de pequena potência, apenas para chamar a atenção) mostra que mesmo na carreira militar abandonada prematuramente para ser vereador no Rio, ele procurava ter destaque na caserna usando assuntos que na contraposição lhe dessem méritos. Isso foi detectado logo cedo. O deputado sofreu um processo disciplinar interno e quase foi expulso do Exército. Tudo indica que seus superiores resolveram abafar o caso, porém os indicativos mostram que a partir dali ele não iria além da patente de capitão. Pode ser, inclusive, que Bolsonaro tenha recebido sugestões informais para que pedisse baixa.

Bolsonaro é um homem com pouca capacidade de compreensão mesmo em assuntos mais corriqueiros e já aprofundados pela própria imprensa. Isso pode ser constatado pelo nervosismo que apresenta nas entrevistas mais rigorosas. Tem também uma grave dificuldade de expressão, o que complica em temas que mais complexos que obrigatoriamente aparecem em uma eleição para presidente da República.

Com a retirada forçada pelo atentado, ele ficou de fora dessas severas interpelações, reservando-se ao papel de “mito”, totalmente falso na minha opinião, mas que persiste. Até porque depois de ferido não teve que explicar sequer os embates ideológicos e culturais em que se meteu com muita fúria e que lhe deram uma fama muito fácil. Não vou dar colher de chá a este clima idiota estabelecido no país, no qual as pessoas se obrigam até a declarar que não são favoráveis a uma facada no estômago de um adversário. A verdade é que com o atentado, Bolsonaro ficou livre da tremenda e muito bem-vinda pressão feita pela imprensa em todos seus adversários, com exceção de Fernando Haddad, favorecido até agora por não ter que enfrentar questionamentos cara a cara, até Lula mandar que ele fosse candidato.

A retirada forçada de Bolsonaro teve até o efeito de amenizar sua imagem política, um equilíbrio exigido pelo andamento da campanha e que ele e sua equipe não estavam conseguindo resolver. Em qualquer situação, numa cama de hospital o indivíduo acaba sendo humanizado, o que é ainda mais forte para efeitos políticos. A situação de isolamento do candidato serviu também para que ficasse no ar, sem a necessidade de comprovação real, sua capacidade de conferir sucesso popular de fato a um mito ainda em desenvolvimento. Parafraseando Maquiavel, mas sem nenhum paralelo literal — que Bolsonaro não merece tanto — o candidato ficou numa situação muito bem apontada há mais de quinhentos anos por esse grande filósofo, que é a impressão de força sem que ela tenha que ser demonstrada.

É claro que Bolsonaro nem seus fanáticos seguidores podem compreender isso de forma objetiva, já que ao contrário do que muita gente pensa não há doutrina alguma, nem mesmo militar, no que embalou a subida do candidato. Se Bolsonaro ganhar esta eleição, do ponto de vista conceitual e histórico a direita vai entrar numa fria, com um desgaste pior do que a esquerda sofreu com o PT no poder. Bolsonaro foi inclusive um mau militar. E não sou eu que digo isso. São palavras do general Ernesto Geisel, que entendia disso, sem dúvida nenhuma.

Mas voltando ao candidato e sua campanha, eles vão tateando e se aproveitando do que aparece, com a sorte inclusive da entrada do PT quando a eleição já se encaminha para o final. Este movimento “#EleNão”, por exemplo, é uma alavanca perfeita, que se não tivesse aparecido deixaria o marketing bolsonarista em dificuldade para criar coisa igual. Eis aí a velha esquerda brasileira, com seus equívocos históricos, que nos últimos tempos se juntaram a uma batelada de propostas e ações com um largo rastro de rejeição entre os brasileiros. Entra em cena a candidatura de Haddad, que já serviu para um impulso que nem o atentado havia dado politicamente a Bolsonaro. É o efeito mágico do espantalho que até agora turbinava a carreira de Bolsonaro. Enfrentar o PT em um segundo turno, aí já seria a disputa dos sonhos mais felizes, no qual Bolsonaro entraria sem nenhum medo de ser feliz.
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POR José Pires

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Bolsonaro e PT: um pesadelo eleitoral para o Brasil

O ex-ministro José Dirceu, deputado cassado e condenado em segunda instância por corrupção, foi solto há alguns meses por Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. E desde então vem tendo uma intensa atividade política. Não dá para saber com exatidão qual é o seu papel nos bastidores, mas pelo que vem a público é possível notar que ele anda pegando pesado, errando na dose e favorecendo mais o adversário do que ajudando no sucesso do plano de eleger Fernando Haddad. Dirceu não faz isso por mal. A vitória de Haddad vai ampliar o espaço de manobra para livrá-lo de voltar para a cadeia e lá ficar por muitos anos. O mau jeito pode ser apenas efeito de queda de imunidade de um velho militante. Isso é nada mais nada menos que esquerdismo, aquela doença do comunismo diagnosticada no início do século passado por Lenin.

O efeito adverso das pregações de Dirceu pode ser avaliado pela satisfação dos próprios adversários. Eles mesmos cuidam de compartilhar os vídeos do antigo dirigente do PT. Os seguidores de Jair Bolsonaro estão na linha de frente da distribuição das falas do político que Lula dizia ser o capitão de sua equipe, como ministro da Casa Civil em seu governo. Assisti a um desses vídeos abilolados, feito para o site Nocaute. É um manifesto comunista para os tempos atuais, com a apresentação de propostas radicais que servem para colocar medo nas pessoas, estimulando o clima que interessa à direita e à extrema-direita. É uma tática curiosa, pois é exatamente o que a direita quer. Não é à toa que o pessoal do Bolsonaro vem espalhando o material com todo gosto. Não estou acusando de nada o velho amigo do Lula, mas parece coisa de cabo Anselmo.

Dirceu define o momento que vivemos de “a hora da resistência”. No vídeo, ele propõe uma aliança da esquerda para ganhar a eleição e fazer “uma mudança radical no país”. Fala em fazer uma reforma tributária que atinja as propriedades e os mais ricos, além de deter o controle dos meios de comunicação e fazer uma reforma de Estado. Dirceu acredita que a esquerda não teria governabilidade com “este Congresso e com este Judiciário”, o que evidentemente aponta para medidas de contenção e mudanças vindas de cima para essas duas instituições. Cabe lembrar que a última vez que Dirceu e seus companheiros se incomodaram com a necessidade de governar respeitando democraticamente o Congresso, o PT criou o mensalão. Se tiverem uma outra chance é claro que vão tomar medidas mais drásticas.

Sei muito bem que interessa ao PT acirrar os ânimos da população e criar um clima de desestabilização política. É uma velha tática petista essa cultura da cizânia, do conflito entre brasileiros, na divisão insensata e improdutiva, que aliás foi em grande parte o que nos levou ao drama atual. Fazem isso para ganhar eleição, sem se importarem que o país vai se afundando cada vez mais com a desunião entre brasileiros. Este Dirceu que aí está encarna demais o espírito dele próprio nos anos 1960, quando vindo de Cuba depois de estudar política e fazer treinos militares por lá, entrou clandestinamente no Brasil para organizar a luta armada. Não cumpriu a tarefa, é verdade, talvez liberado da missão por ordens vindas de fora. E para quem pensava que este Dirceu era coisa do passado, eis que ele retorna com um furor que na minha visão mais atrapalha do que ajuda Haddad a subir a rampa do Palácio do Planalto.

Para a turbinar de fato a candidatura do partido talvez fosse mais eficiente outro Dirceu, mais parecido com aquele da "Carta aos brasileiros", da primeira eleição de Lula. Este PT que ele vem trazendo é o de antes, quando Lula dava medo ao país e perdia uma eleição atrás da outra. Por isso é que vem tendo uma audiência imensa, com aplausos unânimes de um adversário que a gente sabe que os petistas gostariam de enfrentar num segundo turno. Por outro lado, bolsonaristas também não querem outra coisa. E aí é que está uma grande complicação, pois se o Brasil tiver que encarar uma escolha entre esses dois lamentáveis extremos, o mais provavel é que ocorra uma tremenda invertida no #Elenão, que pode virar um #ContraoPTatéele.
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POR José Pires

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Ciro Gomes ataca novamente


Ciro Gomes fez mais uma das suas neste sábado, em Roraima. Ele agrediu um entrevistador durante uma coletiva de imprensa feita na rua, durante caminhada da sua campanha. O vídeo já corre pela internet. O candidato do PDT agride fisicamente o entrevistador e o chama de “filho da puta”. Isto é Ciro, comprovando o que eu disse sobre essa palhaçada de pesquisas afirmando que ele derrota qualquer adversário no segundo turno. Ora, para isso é preciso chegar lá. E o próprio Ciro, com seu gênio ruim, desmonta a possibilidade de que isso aconteça.

No vídeo, um homem faz uma pergunta e de imediato é acusado pelo candidato de ser do grupo do senador Romero Jucá. O entrevistador fez menção a uma declaração de Ciro, feita no mês passado sobre manifestação de brasileiros ocorrida em Roraima contra a entrada de venezuelanos em nosso país, quando com a sua notória diplomacia ele classificou o ato como “canalhice”.

Chama a atenção no vídeo da agressão ao entrevistador uma frase que o político cearense repete durante a confusão, ordenando a seus seguranças que peguem o entrevistador. “Prende ele”, Ciro diz várias vezes. Poderoso o cara, não? Imaginem o que pode fazer no poder um político que manda prender os outros quando ainda é candidato. E o “crime” da pessoa foi apenas fazer uma pergunta que ele não gostou. Sobre um político que faz esse tipo de coisa numa eleição nacional e em meio a um grupo de jornalistas, cabe também pensar quanto desmando um cabra grosso desses não comete em seu estado, onde seu grupo político está no poder há mais de duas décadas.

A confusão criada pelo candidato foi em meio a um amontoado de gente. Poderia ter provocado um tumulto, com risco sério para as pessoas presentes. Havia também o perigo de ocorrer uma briga e até uma agressão mais grave ao entrevistador porque o local estava cheio de simpatizantes de sua candidatura. Mas esta falta de bom senso não surpreende. Todo mundo sabe que é de nível bem baixo o grau de responsabilidade dessa instável figura que quer ser presidente do Brasil.

Ciro Gomes é o tipo de político que com certeza ficaria de fora de qualquer eleição se houvesse a obrigatoriedade de um sério exame psicotécnico para ser candidato. Mas, vem cá: qual desses políticos que aí estão não seria reprovado num teste desses? Com certeza, poucos seriam admitidos como candidatos. E Ciro não seria um deles.
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POR José Pires

sábado, 15 de setembro de 2018

Lula não sabe direito o nome do poste Haddad

O perfil oficial de Lula no Twitter publicou um bilhete do chefão condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. São coisas do Brasil. Como é que um presidiário pode ficar dando ordens da prisão e mandando mensagens e bilhetes? Não é à toa que até chefes de facção comandam suas quadrilhas mesmo depois de presos. Os bandidos estão sem controle.

O bilhete de Lula foi depois publicado por Fernando Haddad, em seu Twitter. A mensagem aponta para a necessidade de uma tarefa urgente da equipe de campanha do PT. Embora mande no candidato há um tempão, o chefão ainda não sabe direito seu nome. Ele escreveu “Hadad” no bilhete. Os marqueteiros precisam criar rápido um vídeo ensinando a grafia ao chefão.
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POR José Pires

Haddad e Bolsonaro: o círculo se fecha, no caráter da esquerda e da direita

Só faltava mesmo aparecer em cena um candidato do PT para haver a demonstração de que esquerda e direita são muito parecidas quando seus interesses são contrariados. O círculo se fecha em teimosia, arrogância e agressividade. Depois da presença de Fernando Haddad no Jornal Nacional, nesta sexta-feira, encerrando a série de entrevistas feitas por William Bonner e Renata Vasconcellos, a militância petista invadiu as redes sociais com argumentos parecidos aos dos bolsonaristas depois de Jair Bolsonaro ter levado um aperto dos jornalistas no mesmo programa da Rede Globo, no final de agosto.

>Os ataques da militância petista, com a tentativa de desqualificação dos jornalistas e o histérico apoio a cada indelicadeza ou mentira de Haddad poderiam ser assinados por qualquer seguidor de Bolsonaro. É o mesmo comportamento bravateiro. São iguaizinhos na impossibilidade de uma avaliação equilibrada e responsável. Petistas e bolsonaristas se envolvem com  fanatismo no apoio incondicional a seus candidatos e na defesa extremada de qualquer coisa que eles façam ou falem, não se importando nem um pouco em buscar saber seu real teor. Com isso, nem percebem a rejeição que vão criando com seu desvariado comprometimento.

O comportamento de Haddad durante a entrevista foi também muito parecido ao de Bolsonaro. É o mesmo pavor de questionamentos, sendo também iguais na dificuldade de encarar os próprios erros e a recusa total de encarar qualquer autocrítica. Eles estão sempre certos. E para provar isso apelam para qualquer versão. Bolsonaro e o candidato do PT se assemelharam também na estratégia desonesta de tentar desviar a discussão para supostos problemas da emissora. Haddad usou inclusive o mesmo tom de ameaça de Bolsonaro.

A satanização da Rede Globo ou de qualquer outro veículo de imprensa que não ceda a seus interesses é um argumento comum entre bolsonaristas e petistas. Ambos têm o mesmo defeito grave de colocar culpa nos outros quando as notícias não lhe agradam. É como eu costumo dizer: só falta os bolsonaristas se juntarem aos petistas, para de braços dados saírem pelas ruas gritando “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!”.
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POR José Pires

Gilmar Mendes manda soltar o tucano Beto Richa

Como todo mundo já deve estar sabendo, Gilmar Mendes mandou soltar Beto Richa, ex-governador do Paraná e ainda candidato a senador. O ministro do STF também soltou todos os outros 14 presos pela operação Patrulha do Campo, incluindo a mulher de Richa, Fernanda. O tucano já deixou a prisão na madrugada deste sábado — atenção, paranaenses! — avisando que vai retomar sua campanha ao Senado.

Também não é surpresa que Gilmar estava pronto para dar liberdade ao político paranaense que na semana passada foi alvo de duas operações policiais, da Lava Jato e do Ministério Público estadual, tendo sido preso por esta última. O ministro já dava pistas de soltaria o tucano, falando sobre o caso em entrevistas e dando a opinião de que era contra a prisão, sempre daquele jeitão bem próprio, no tom de ironia e no ar de valentão que vai fazer prevalecer a lei. É ilógico que um juiz do Supremo possa agir como Gilmar, que é hoje em dia um comentarista político que se mete em qualquer assunto. Só falta ele virar youtuber. Mas o que é mesmo mais estranho é que Gilmar Mendes possa ser um juiz do Supremo.

O TJ-PR e o STJ já haviam negado habeas corpus a Richa e sua mulher. Então a defesa do tucano foi ao STF, onde o processo está sob relatoria de Gilmar Mendes. A posição do ministro sobre o caso já era conhecida. Ele mesmo fez questão de dar sua opinião de que Richa não deveria ser preso. Toda vez que aparece uma decisão dessas, costuma-se falar da insegurança jurídica provocada pelo STF. Eu acho que o que vem acontecendo é pior: o STF cria insegurança ética. As pessoas vão deixando de acreditar na Justiça, o que vai criando um clima que fortalece a falsa crença de que o amontoado de problemas que atrapalham o país pode ser resolvido passando por cima da democracia.

Um dos motivos da prisão do tucano é uma gravação cabeluda, mesmo para um país como o nosso, de tantas conversas imorais vazadas ou liberadas pela Justiça para que os brasileiros saibam o que os políticos fazem com seu país. Corre pela internet um diálogo gravado pelo ex-deputado estadual Tony Garcia, em um encontro que teve com Richa quando ele ainda era governador. Na conversa fica muito clara a intimidade entre ambos.

Garcia já foi preso duas vezes, uma delas por decisão de Sergio Moro, em 2004, pelo envolvimento em crime financeiro. Outra prisão de Garcia foi nos Estados Unidos, por dívida de jogo de pôquer. É com esta figura que um governador conversa na maior intimidade sobre negócios entre os dois. É muito clara a estreita relação entre ambos, a intimidade descarada, com o então governador falando que já entrou um “tico-tico”. Destaco aqui este trecho da conversa. Abaixo, publico o link do áudio e do documento da investigação do MP paranaense.
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POR José Pires

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“TONY GARCIA: Você tem falado com o CELSO FRARE?
BETO RICHA: Falei.
TONY: Quando?
BETO: Falei, anteontem.
TONY: Aonde?
BETO: No almoço na casa dos DE LARA. Com o EDUARDO
CAMPOS… Mas assim, de receber, falar sozinho, não.
TONY: Ele não acertou o negócio aí.
BETO: Ahn?
TONY: Ele não acertou o negócio aí.
BETO: Ah! Ele me agradeceu,‘já entrou um tico-tico lá que tava
atrasado, obrigado’.”

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sexta-feira, 14 de setembro de 2018


terça-feira, 11 de setembro de 2018

A prisão de Beto Richa e as encrencas na política

Beto Richa foi preso pelo Gaeco em Curitiba na manhã desta terça-feira. O ex-governador do Paraná e candidato ao Senado foi alvo de duas operações simultâneas: uma da Polícia Federal e outra do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Pela PF foi a 53° fase da Lava Jato, batizada de Piloto. Este é o codinome do ex-governador tucano do Paraná em planilha de propinas da Odebrecht. O Ministério Público estadual investiga desvios de recursos do Programa Patrulha do Campo, que levou à prisão de Richa. Junto com ele foi presa sua mulher, Fernanda Richa, seu irmão Pepe Richa e o primo Luiz Abib Antoun. Abib foi preso em Londrina, os demais em Curitiba. Está preso também Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do ex-governador.

Beto Richa foi preso pelo Gaeco em Curitiba na manhã desta terça-feira. O ex-governador do Paraná e candidato ao Senado foi alvo de duas operações simultâneas: uma da Polícia Federal e outra do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Pela PF foi a 53° fase da Lava Jato, batizada de Piloto. Este é o codinome do ex-governador tucano do Paraná em planilha de propinas da Odebrecht. O Ministério Público estadual investiga desvios de recursos do Programa Patrulha do Campo, que levou à prisão de Richa. Junto com ele foi presa sua mulher, Fernanda Richa, seu irmão Pepe Richa e o primo Luiz Abib Antoun. Abib foi preso em Londrina, os demais em Curitiba. Está preso também Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do ex-governador.

Sempre que é denunciado por corrupção, o ex-governador Beto Richa lança nota com ares de indignação, afirmando que nada tem a ver com o crime e que irá provar sua inocência. Pronto, ele já tem a chance de fazer isso e perante o juiz mais conhecido e respeitado do país. Moro é bom de serviço e não enrola o processo, como pode-se ver por esta Operação Piloto.

A prisão de Richa é um golpe pesado na candidatura de Geraldo Alckmin a presidente da República. Nos debates políticos Alckmin já vinha sendo questionado sobre as complicações com a Justiça do colega tucano paranaense. A prisão deve causar também um estrago na política paranaense. Richa é candidato ao Senado pelo PSDB e tem como firme aliada a atual governadora Cida Borghetti, candidata a reeleição e o clã político chefiado pelo marido da governadora, Ricardo Barros, ex-ministro de Temer e candidato a deputado federal. Sua filha Maria Victoria é candidata a deputada estadual. Eles são do PP, partido de Paulo Maluf, que no Paraná era chefiado pelo mensaleiro José Janene. Cida Borgheti foi vice-governadora durante os dois mandatos de Richa.
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POR José Pires


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Imagem- Beto Richa e a atual governadora Cida Borghetti compartilhando
o poder, com Fernanda Richa à direita; Foto AEN, Governo do PR

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O fenômeno Bolsonaro em transformação

Com a militância até agora animada pela colocação de Jair Bolsonaro em primeiro lugar nas pesquisas, o chamado fenômeno Bolsonaro passa por uma importante transformação a partir desta segunda-feira, com a divulgação pelo Instituto Datafolha de números que revelam que não houve nenhuma mudança positiva depois da facada em Juiz de Fora, tendo ocorrido até um aumento na rejeição do candidato, que passou de 39% para 43%, além de ter havido apenas uma leve oscilação na preferência do eleitor, de 22% para 24%, dentro da margem de erro, mantendo-se também a previsão de sua derrota para Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva em um provável segundo turno.

A transformação no fenômeno Bolsonaro é que com esses resultados seus fanáticos seguidores deixam de acreditar em pesquisas.
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POR José Pires

Fernando Haddad, o candidato preso ao interesse de Lula

Como todo mundo sabe, ainda está sem candidato aquele partido que pretendia disputar com direitos exclusivos esta eleição para presidente. Só institutos de pesquisa e uma parcela expressiva de jornalistas aceitaram a tentativa de manipulação do PT para passar por cima de uma lei assinada pelo próprio ficha suja quando infelizmente ele ocupou a presidência da República. Claro que esses parceiros da ilusão influenciaram bastante para que a ideia ganhasse força no partido do Lula, impedindo que fosse lançada uma chapa completa dentro das regras normais e que o foco do PT fosse direcionado para as eleições.

O resultado é que politicamente o PT ficou preso ao Lula na cadeia. Eu acho muito bom. Não tenho motivos para lamentar que a direção do partido tenha perdido tanto tempo fazendo selfies na frente da Polícia Federal, em Curitiba. Dá uma satisfação parecida a que era criada pelos rompantes da bancada do PT no Senado durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, quando o apoio a favor da cassação crescia cada vez que um dos bestalhões estava com a palavra. A situação atual mostra que o PT estaria numa posição relativamente boa se eles tivessem optado por cuidar mais do partido em vez de pajear infinitamente o Lula. Por conseqüência, a situação de Lula também estaria melhor, apesar de que ele sempre terá que encarar problemas acumulados por seus incríveis hábitos criminosos. O PT tem cometido erros crassos, mas agora fora do poder e precisando ganhar votos, são erros a favor do país.

O que se conta é que tem um grupo que emperra o lançamento de Fernando Haddad. Dizem que esse grupo conta com a impagável senadora Gleisi Hoffmann na animação e que na visão deles foi errada a escolha de Haddad como candidato. Nessas horas o sentimento da inveja tem bastante peso. O da idiotice também. E de ambos o PT tem muito. Mas de fato seria melhor que fosse outro o candidato. E os incompetentes até já tinham um candidato mais competitivo, o ex-governador baiano Jaques Vagner, que inclusive estava se oferecendo. Mas levou um chega-pra-lá e foi cuidar da vida na Bahia. Volto a dizer que acho muito bom. Em eleição, erros petistas são sempre bem-vindos.

Haddad é mais um desacerto grave dos dedaços de Lula. Mas isso não é novidade no PT desde que o comando do partido ficou todo com ele. Nem é preciso dissertar sobre desatinos petistas desenvolvidos por ordens do chefão do PT. Lula sabe que ele não é grande coisa, por isso aponta sempre para alguém muito fraco, temendo concorrência política. Se ele fosse um Don Corleone, com certeza como sucessor jamais aceitaria Michael Corleone. Nomearia o valentão Sonny ou Fredo, o covardão, com mais chances de optar por este último.

Com um egoísmo tolo, ele forçou até a estratégia de sua própria defesa, que foi montada toda torta desde o começo, com o equívoco grave na ligação direta entre o político e o jurídico, envolvendo depois também diretamente a própria candidatura do partido. O resultado é que ele está preso e o partido ficou travado. E não é só para a eleição majoritária. O estrago vai ser grande na eleição para o legislativo federal e nos estados as complicações não serão menores. Nesta segunda-feira pode ser dado um ponto final na enrolação sobre quem afinal está na disputa. Porém, ainda assim estarão numa situação inacreditável para um partido com tamanha experiência: vão lançar um azarão, já muito tempo depois da largada.
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POR José Pires