sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Bolsonaro se rende à garantia da impunidade

Neste período de festas a hastagh “BolsonaroTraidor” foi às alturas e a verdade doeu para o próprio presidente Jair Bolsonaro, que foi para as redes sociais queixar-se do descrédito geral quando completa um ano de governo. Bolsonaro sancionou mudanças no Código de Processo Penal, o chamado “projeto anticrime” votado na Câmara, repleto dos chamados “jabutis”, as emendas traiçoeiras que parlamentares costumam encaixar em projetos que tramitam por lá. Foi seu presente de Natal para os que ainda acreditavam que ele é contra a corrupção. A lei chegou às mãos de Bolsonaro com emendas que favorecem corruptos e outros bandidos. E o presidente sancionou as piores, mantendo até o juiz de garantias, causando uma revolta entre o que sobrou de seus seguidores.

Não faltaram avisos sobre a necessidade de vetos, com um alerta direto do ministro Sérgio Moro. A emenda do deputado Marcelo Freixo é um despropósito que deve criar problemas sérios até na sua aplicação. A proposta é tão furada que o próprio Bolsonaro, com aquele seu jeitão de deputado do baixo clero, já colocou em dúvida em um vídeo nas redes sociais se ela poderá de fato entrar em vigor. Da parte do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, seu encaixe no projeto anticrime parece ir um pouco além dos costumeiros agrados na parcela poderosa de políticos interessados em desmontar o rigor que a Lava Jato implantou contra os corruptos no Brasil. Ele quis comprometer negativamente Bolsonaro. E conseguiu.

Este é apenas um problema do safado pacote. Entre outros “jabutis”, as mudanças aprovadas pelo Congresso vão dificultar até decretação de prisões preventivas. Como eu disse, Bolsonaro foi avisado pelo ministro Moro, mas assinou a lei sem os vetos necessários. O juiz de garantias serve como peça simbólica do desastre, como uma complicação séria para a popularidade de Bolsonaro, pelo impacto negativo em uma bandeira essencial na sua imagem política.

Mesmo que não seja armação de Maia, o que está muito claro é que ele deixou tudo ir à frente como forma de pressão sobre  o presidente da República. E Bolsonaro deu aval a uma bomba. O juiz de garantias dificulta o enfrentamento de crimes, indo ao encontro do interesse corruptivo de parcela influente parcela de políticos. A medida tem também dificuldades práticas e orçamentárias, inclusive para governos estaduais, além de ter vício de iniciativa: teria de ser proposta pelo Judiciário. Não teria como Rodrigo Maia não saber das incongruências, pois o projeto esteve na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde foi definido como inconstitucional.

A presidente da CCJ, senadora Simone Tebet, disse que o veto a este item no pacote havia sido acertado com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), mas, ora, atualmente Bezerra está mais preocupado em evitar ir para a cadeia por corrupção do que desenvolver leis eficientes contra o crime. Em setembro, a Polícia Federal fez buscas no Congresso, com mandado de busca e apreensão no gabinete do senador e também no do seu filho, o deputado Fernando Bezerra Filho (DEM-PE). Mesmo com tudo isso, Bezerra foi mantido por Bolsonaro na líderança de seu governo. Para ter dúvida sobre a posição de Bolsonaro no enfrentamento da corrupção, só se o sujeito for muito mal informado, diria um idiota político consumado, ou tiver comprometimento com malfeitos graves.

O juiz de garantias é apenas um símbolo da derrocada de Bolsonaro em conceitos fundamentais para seu prestígio político, que vem sendo corroído rapidamente desde sua posse como presidente e agora ficou totalmente abalado até entre eleitores remanescentes na crença do mito. Não são isolados os gritos de traidor, com o presidente de perfil direitista sendo acusado nos meios que foram a sustentação da onda eleitoral que o levou até o Palácio do Planalto.

Um ponto que deixa muito bem marcado o nível dessas complicações políticas são os elogios efusivos a Bolsonaro vindos do deputado Marcelo Freixo, que tem sido um parlamentar de intensa atuação a favor da impunidade, trabalhando ativamente para amenizar o rigor da lei não só contra o crime do colarinho branco, como também para o narcotráfico, estupradores, assaltantes e ladrões.

Neste pacote, Freixo está dando todo apoio a Bolsonaro, até porque é do deputado esquerdista um importante jabuti da impunidade. Pode-se dizer que são elogios em que os extremos se encontram no estimulo à corrupção, Bolsonaro fazendo gesto de arminha na extrema-direita e Freixo com o cinismo da extrema-esquerda, atuando pela impunidade e vestido com camiseta exigindo punição aos matadores da sua companheira de partido.
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POR José Pires

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Abraham Weintraub: mais um ministro no tiroteio olavista das redes sociais

A deputada Carla Zambelli convidou Abraham Weintraub para ser padrinho de seu casamento, porém na cerimônia, em fevereiro, ela poderá um ex-ministro como padrinho. Weintraub saiu de férias e pouca gente acredita na sua permanência no ministério da Educação. E mesmo quem aposta nele vai ter dificuldade em apontar onde está sua sustentação.

É geral o descontentamento com o ministro. Ele não criou empatia com a classe política e tampouco conseguiu apoiamento no meio universitário, onde conforme seu repetido discurso de alto teor ideológico, haveria um ferrenho domínio comunista imposto pelo aparelhamento petista da Educação. Pelo jeito, faltou habilidade a Weintraub para cooptar dissidentes deste Gulag liberto e atrair a colaboração dos setores conservadores, entre professores e servidores.

Mas é mesmo muito complicado o relacionamento com Weintraub. O sujeito é tão autoritário que até acredita nisso como um eficiente conceito de gestão. É de se ver seu orgulho em entrevistas a jornalistas, quando diz que com ele as coisas acontecem ou o responsável pela falta de solução é imediatamente demitido. Weintraub exibe com contentamento essa forma de agir em uma das pastas mais complexas do Governo Federal e que, conforme suas próprias denúncias verbais, ele pegou totalmente arruinada.

Deve ser difícil até puxar o saco desse ministro, pois ele mesmo se incumbe dos elogios à sua magnífica capacidade. Com a mesma falta de amparo técnico das suas críticas ou dessa sua absurda tese da pressão contínua e da ameaça do desemprego como estímulo à produtividade, ele afirma que fez uma “revolução” no ministério, o que em tão pouco tempo não seria possível nem para um gênio político e administrativo, mesmo sem levar em conta o alegado cenário de ruínas. Ele nem percebe que com essa lorota desmente a exposição da desastrosa condição deixada por administrações anteriores.

Weintraub é ineficaz até na propaganda de suas supostas qualidades. A carrada de autoelogios não tem referência em informações verificáveis do seu trabalho. É um revolucionário que não apresentou até agora nenhuma vitória em alguma batalha de peso. A precariedade de realizações fica muito clara quando ele se gaba da realização do Enem, como se isso fosse um grande êxito.

Se fosse ministro da Saúde é provável que de forma parecida citaria como uma grande façanha a realização do Calendário Nacional de Vacinação. Mesmo jornalistas favoráveis ao governo ouvem esse tipo de coisa com constrangimento, mas o ministro não se toca. Weintraub é o tipo de sujeito que se encanta com suas próprias palavras, de modo que os elogios à sua própria performance estimulam o andamento acelerado do discurso vazio.

O ministro tem dificuldade de se entender até com o que sobrou da base partidária do governo, no esfacelado PSL. Aparentemente, Weintraub não se apercebe de mudanças determinantes na realidade política, em razão da sua própria posição atual e do reposicionamento que atinge até o partido que elegeu Bolsonaro. E olhem que existem condições práticas muito óbvias, como sua presença na Câmara não mais por convite, mas agora pela obrigatória convocação. Falta-lhe também a lembrança que chegou a ser conduzido de mãos dadas até a mesa pela então amiga de Bolsonaro, deputada Joice Hassellmann, que no último depoimento não estava nem na sua defesa entre os parlamentares.

É tamanha a falta de percepção que sem dúvida também será difícil para Weintraub compreender que não se espera dele o sucesso de um lacrador de redes sociais, muito menos no diálogo sempre difícil com uma oposição que atua em comissões ou audiências públicas sempre para estabelecer um clima de constrangimento e confusão, tarefa a que se dedicam com histeria impressionante, obtendo um sucesso estupendo e até muito fácil com a natural irritabilidade do ministro da Educação.

Passadas suas férias, pode até ser que Weintraub suba ao menos uma vez a rampa do Palácio do Planalto até a sala de Bolsonaro, mas os indicativos são de que deve descer quase de imediato. É impossível detectar apoio ao ministro em qualquer setor relacionado ao seu trabalho, tendo surgido ainda entre a boataria de sua demissão a conversa de que ele já está sendo fritado pela equipe da Economia e a área militar do governo. Pior ainda, não há engajamento a favor dele nem entre a chamada corrente ideológica governista.

Até mesmo no meio olavista, que é de onde ele veio, existe um desentendimento sobre o apoio a Weintraub, tendo o próprio Olavo de Carvalho simplesmente lavando as mãos sobre o assunto, que ele chama de "Caso Weintraub", em um vídeo postado nas suas redes sociais. Uma ala influente do olavismo já cai de pau em cima do ministro e o adorado guru da Virgínia evitou dar qualquer apoio pessoal, mantendo o clima de críticas, como sempre muito pesadas. Como se vê, Weintraub só conseguiu convencer ele mesmo de que é o homem mais que certo no lugar certo.
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POR José Pires


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Imagem- Weintraub desce a rampa do Palácio do Planalto com o chefe,
em foto de Fabio Rodrigues Pozzebom, da Agência Brasil

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Caetano e Olavo de Carvalho: uma briga que vale milhões

Aquela expressão “mau igual a um pica-pau” encaixa bem em Caetano Veloso, embora ele esteja fazendo maldade com Olavo de Carvalho, um sujeito que pelo tanto que apronta não merece que alguém tenha dó dele. O cantor está cobrando R$ 2,8 milhões do guru de Bolsonaro por descumprimento de decisão judicial que ordenava que ele apagasse mensagens em suas redes sociais.

A encrenca ainda é relacionada à acusação de pedofilia a Caetano, que correu entre discípulos de Olavo, com o próprio mestre assanhando a rapaziada com posts no Facebook que levaram Caetano a entrar na Justiça com um pedido de indenização. O processo já foi sentenciado, condenando Olavo a pagar R$ 40.000,00 e excluir os conteúdos considerados ofensivos.

O processo de milhões pelo descumprimento da decisão considera a determinação do juiz de multa de R$ 10.000,00 por dia. Advogados de Caetano fizeram a conta do tempo que o professor manteve os posts, em desobediência à decisão judicial. Foram identificados diversos textos e imagens que ainda estão no ar e deveriam ter sido deletados. Pelo cálculo foram 281 dias desde a data da intimação, somando R$ 2,8 milhões.

A cifra parece um exagero, mas Olavo terá que pagar alguma coisa pelo descumprimento. Mesmo a condenação não chegando a milhões, ainda assim a quantia poderá ser bastante alta. A advogada de Caetano, Simone Kamenetz, explicou que o fato do professor de filosofia morar nos Estados Unidos não impede que o valor seja pago. Ela afirmou que caso os R$ 2,8 milhões não sejam quitados "espontaneamente", poderá ser pedido bloqueio de bens ou até mesmo a penhora dos direitos autorais sobre os livros de Olavo.
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POR José Pires

Bolsonaro, seu problema de pele e outras faltas de prevenção

Jair Bolsonaro esteve no Hospital da Força Aérea, onde passou por um procedimento dermatógico. Questionado pelos jornalistas sobre um curativo na orelha, o presidente disse que é “um possível câncer de pele”. Em fotografias de alta digitalização que costumo arquivar é possível notar que de fato a pele do rosto de Bolsonaro não está nada bem. Observem nesta imagem como está o estado de sua orelha e também o aspecto geral de toda a face. Há uns dias atrás ele apareceu com um pequeno curativo em um ponto no lado direito da cabeça, próximo da testa, que ainda dá para notar na foto.

Ainda conforme o presidente disse aos jornalistas, existe a possibilidade de câncer porque “pesquei muito na vida, fiz muita atividade”. Certamente também deixou de lado a prevenção, não se protegendo do sol e tomando outros cuidados com a pele. Bolsonaro exibe até com um orgulho besta esta falta de atenção a regras de saúde ou de prevenção em muitas coisas, o que do ponto de vista individual é um problema dele. O que é preocupante é que ele está sempre falando contra medidas de prevenção.

O assunto passa a nos interessar mais quando ele usa o cargo de presidente para espalhar seus equívocos, transmitindo à população sua visão absolutamente errada sobre riscos que afetam a vida das pessoas. Pior ainda é quando ele interfere diretamente, desmontando leis importantes, desestimulando a fiscalização e a penalização de infratores, algo que infelizmente tem feito bastante ultimamente, afetando negativamente a segurança pública, o meio ambiente e até atividades do governo ligadas ao terrível drama dos acidentes de trânsito, em níveis altíssimos em nosso país e causando tremenda infelicidade nas famílias brasileiras.

Esses descuidos com a prevenção ou mesmo com o ataque direto a problemas sérios já identificados na área da saúde humana são marcantes na geração de Bolsonaro. Alguns até se gabam disso. Não justifica a desatenção, mas dá para compreender que durante sua formação inicial não havia acesso a conhecimentos que são relativamente recentes. Muito desses equívocos costumam se instalar como regras pétreas na personalidade dos mais turrões, com o agravante de nos últimos tempos terem também o suporte de uma tola falta de compreensão do limite entre a liberdade do indivíduo e a necessária ação do Estado para evitar mortes e danos na saúde pública, que no descuido coletivo acaba gerando mais gastos no orçamento.

Essa  falta de inteligência se traveste em um liberalismo de fachada, no ataque à interferência do governo na área de alimentos, das poderosas indústrias do tabaco e da bebida, além de servir para manifestações idiotas, como as recentes de Bolsonaro falando em acabar com obrigatoriedade do uso de cadeirinha para criança nos carros e as multas contra motoristas irresponsáveis com a vida dos outros e a deles próprios.

Sendo uma pessoa que não acredita em respeito ao meio ambiente, como ele já disse tantas vezes, provavelmente Bolsonaro nunca deve levado em consideração alertas sobre o risco de exposição excessiva ao sol. Um sujeito que até hoje não aceita que alta velocidade causa acidentes de trânsito não deve ser fácil de ser convencido a colocar um chapéu e passar uns cremes no corpo antes de sair para pescar.

A consequência agora pode ser muito séria, caso esteja mesmo com câncer de pele. Sinceramente, tomara que não seja algo tão grave. Mas de qualquer forma, a ocasião é oportuna para uma mudança de comportamento de Bolsonaro, que deveria esclarecer melhor as pessoas sobre prevenção e maiores cuidados com a saúde. Ou que pelo menos o presidente pare de passar para a população, especialmente aos mais jovens, o monte de baboseiras de costume, que no final só servem para gerar dores e sofrimento.
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POR José Pires


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Imagem- Na foto de Marcelo Camargo, da Agência Brasil, pode-se observar como
anda a pele de Bolsonaro

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O jornal de Olavo de Carvalho na internet

Olavo de Carvalho anuncia em um vídeo que corre pelas redes sociais um “jornal eletrônico” chamado Brasil sem medo. Já está sendo chamado de jornal do Olavo, o que não é bom e não digo isso fazendo nenhum juízo de valor sobre a figura, mas é que esse personalismo vai com certeza restringir o chamado público-alvo. As aspas em “jornal eletrônico” eu coloco como prevenção a um hábito desses tempos digitais, que é o de dar definições absolutamente incorretas aos veículos de comunicação produzidos hoje em dia na enganosa facilidade dos computadores.

Quase todas as páginas de grupos políticos na internet se auto-intitulam como “site” ou “jornal eletrônico”, porém não passam de blogs, sendo também a maioria deles muito malfeitos. E estou falando apenas do aspecto técnico. Em matéria de comunicação, não sei de nenhum que seja mais que mera exaltação de uma facção política e de ataques aos adversários e a qualquer um que pense diferente. De esquerda ou de direita, são ilegíveis. E não acredito que tenham serventia como informação nem para o lado que defendem.

Qualquer coisa referendada por Olavo de Carvalho traz essa marca de um pensamento fechado. E digo isso pelas referências do que ele próprio tem apresentado ultimamente, com visão de tal forma autocentrada que não admite uma mínima discussão de ideias. Se Olavo tem algum sistema filosófico, só pode ser o do “pense como digo ou cale sua boca”. Obrigatoriamente, tal sistema tem que ser seguido por todos que o cercam, sob o risco de expulsão e pressões extremas dos que se mantém com claque do professor, sendo exigida esta norma mesmo nas atividades práticas da vida política, como vimos durante este primeiro ano de conturbação olavista no governo de Jair Bolsonaro.

Vamos esperar para ver o que será o Brasil sem medo, embora eu não tenha esperança alguma de que seja de fato um “jornal eletrônico”. Para atender aos requisitos, este veículo teria de ter ampla cobertura política e exposição honesta da diversidade de opiniões sobre os acontecimentos. Este não é bem um sistema olavista, mas sim jornalístico.

Por enquanto, a página tem apenas uma imagem estática anunciando o lançamento no dia 19 deste mês. Eles se dizem “o maior jornal conservador do país”, o que vindo de um grupo olavista pode ser tomado até como piada involuntária, já que o mestre vive afirmando que a imprensa brasileira — chamada por seus discípulos de extrema-imprensa — é dominada por comunistas, também dizendo o tempo todo que em nosso país não existe imprensa conservadora. Ora, se é assim, então o Brasil sem medo não é “o maior jornal conservador do país”. Será o único.
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POR José Pires


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Veja aqui a página do Brasil sem medo

Sergio Moro: imbatível no respeito dos brasileiros

Pesquisa do Datafolha mostra que Sergio Moro é o ministro mais bem avaliado do governo de Jair Bolsonaro, estando à frente do próprio presidente no gosto popular. Sua gestão é aprovada como ótima/boa por 53% dos entrevistados. Bolsonaro está com 32% de ótimo/bom. Mas a verdade é que para saber da popularidade do ministro da Justiça nem precisava o Datafolha trazer os números que o consagram. É visível a respeitabilidade de Moro, que como poucos neste governo, demonstrou grande capacidade de trabalho, atuando em uma pasta onde batem graves complicações nacionais e sendo alvo de ataques cerrados de seus inimigos do PT, que não o perdoam por ter condenado o corrupto Lula à prisão.

Para tentar derrubá-lo, os petistas apelaram até para a exploração de mensagens roubadas por hackers, mas o ministro agüentou firme, superando as jogadas sujas dos inimigos e mantendo um ritmo de trabalho que já vem mostrando resultados positivos na segurança pública.

Em um ano de governo, Moro mostrou que é capaz até de fazer política, quando isso é fundamental para levar seus planos de trabalho à frente. E tem feito isso sem comprometer sua independência, evitando também a criação de confusões que só trazem aborrecimentos, como é de hábito neste governo. Com habilidade que muita gente não esperava e até torcia para que ele não tivesse, contornou conflitos que estavam sendo criados com a classe política, usando de pragmatismo em articulações políticas para conseguir da Câmara os meios para alcançar, senão os objetivos completos da sua pasta, mas ao menos o suficiente para manter o andamento que até agora vem garantindo para ele o respeito da população.

E a popularidade de Moro tem a sustentação não só de suas realizações como também pelo que ele não consegue fazer, que neste caso fica sob a responsabilidade dos adversários, que levam a culpa pela dificuldade de fazer passar no Congresso Nacional leis mais rígidas contra o crime e até por decisões do STF interpretadas pela população como favoráveis à impunidade. Por estupidez, a esquerda brasileita travou-se na defesa do chefão corrupto do PT e acabou irremediavelmente marcada como defensora da impunidade e contrária ao uso do rigor com os criminosos.

Conforme vão batendo em Moro, sua imagem mais se fortalece, enquanto vai aumentando também a expectativa de que os problemas podem ser resolvidos se ele tiver mais poder político. Claro que esta é uma fórmula excelente para criar um candidato imbatível no futuro. É uma espécie de “efeito Tostines” às avessas e até meio engraçado, em que ele só não faz mais porque forças contrárias estão impedindo. Sabendo administrar esta percepção, o ministro vai longe.

Os bons números trazidos pelo Datafolha apenas reforçam sua evidente popularidade, apontando para uma influência poderosa nas próximas eleições municipais. No geral, os políticos e a imprensa especulam demais sobre seu papel na próxima eleição presidencial, quando na verdade será já no ano que, caso ele queira, poderá atuar de forma direta para conquistar o voto do eleitor.

A segurança pública será um tema dominante nas eleições municipais. Nas cidades brasileiras, vive-se hoje em dia um clima de desespero com a violência que toma conta de todo o país. Nesta condição, imaginem o peso que pode ter o apoio de uma prestigiada figura nacional, que simboliza como ninguém a luta contra a impunidade e o empenho para colocar criminoso na cadeia. É o que veremos no ano que vem, quando Moro poderá ser um grande definidor do voto dos brasileiros.
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POR José Pires


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Imagem; O ministro Sergio Moro, em foto de Marcelo Camargo, Agência Brasil

Bolsonaro, o demolidor de regras e leis

Já vão aparecendo os maus resultados da irresponsabilidade do presidente Jair Bolsonaro com seu discurso continuado contra regras de controle e leis que punem infratores. Já ficou claro o estímulo negativo das falas de Bolsonaro, com os problemas criados pela falta de atenção e controle do governo sobre o desmatamento e queimadas de florestas, além de outros problemas dramáticos ligados ao meio ambiente, que nos últimos meses causou um sério estrago na imagem internacional do nosso país.

Um prejuízo grave vem sendo criado pelo governo Bolsonaro no desmonte dos mecanismos de fiscalização e controle do governo em vários setores da vida nacional, anulando inclusive leis importantes que afetam a segurança e integridade física da população. Bolsonaro vem criando problemas terríveis para a vida das pessoas, alguns deles com a capacidade de acumular danos que já começam a pesar em algumas áreas.

Esta pode ser sua herança maldita, já que o desmonte afetará a vida dos brasileiros durante muito tempo. Uma insensatez que já traz os primeiros números negativos é a determinação recente do presidente do afrouxamento da fiscalização feita pela Polícia Rodoviária Federal. Ele chegou a ordenar o cancelamento de contratos para a instalação de radares nas rodovias federais.

Com isso, Bolsonaro como de costume libera o que há de pior nesse pessoal plenamente irresponsável que não aceita regras de respeito à convivência. Felizmente governos estaduais não foram atrás do péssimo exemplo dado pelo presidente, pois a interferência desse sujeito sem noção já pode ser sentida no número de acidentes de trânsito. Reportagem publicada pelo jornal O Globo mostra que houve uma redução de 54% nas infrações por excesso de velocidade em setembro.

O cara é tão estúpido que em meio a esta penúria econômica fez o seu próprio governo perder dinheiro. Numa comparação com o ano passado, em setembro foram aplicadas 200 mil multas a menos por excesso de velocidade em rodovias federais. Cerca de R$ 30 milhões deixaram de ser arrecadados, em verbas que seriam aplicadas no próprio setor. Enquanto as multas caíram, os acidentes cresceram, um efeito que já havia sido alertado logo que Bolsonaro começou a falar do assunto, acenando para o desmonte da fiscalização e aplicação de leis.

Segundo O Globo, o empenho de Bolsonaro em favorecer maus motoristas fez aumentar o número de acidentes graves 5,6% em setembro e 8,4% em outubro. E a tendência é que haja um agravamento do problema, conforme for se disseminando a percepção de que ninguém vem sendo multado ao colocar em risco a vida do próximo, além de sua própria segurança.

Bolsonaro é uma piada que vem acrescentar um absurdo a mais na gozação do cantor Tim Maia, que dizia que o Brasil é um país em que prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita. Pois temos aí um militar contrário a regras e leis. Tim Maia iria gostar de mais esta discrepância, embora os custos de tamanha cretinice sejam muito altos, em dinheiro, perdas de vidas e sofrimento dos brasileiros.
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POR José Pires

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Imagem- Foto de Marcello Casal Jr., Agência Brasil

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Condenado de novo, Lula só não vai pra cadeia porque STF derrubou prisão em segunda instância

A Oitava Turma do TRF-4 confirmou nesta quarta-feira a decisão de primeira instância contra Lula no processo do sítio de Atibaia, mantendo a condenação do chefão petista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lula iria direto para a cadeia se não tivesse havido a intensa articulação pela impunidade, que juntou os maiores salafrários da política brasileira, poderosos escritórios de advocacia e parte de ministros do STF para derrubar a prisão em segunda instância.

A decisão do TRF-4 foi por unanimidade e durante o julgamento a juíza Gabriela Hardt foi defendida pelos colegas dos ataques feitos pelo esquema que busca favorecer o sistema em que pagando caro aos advogados mais bem pagos do país nenhum criminoso poderoso e rico vai para a cadeia. O trabalho da magistrada que condenou Lula na primeira instância foi classificado como “minucioso e exaustivo” pelo presidente da Oitava Turma do tribunal.

Outra injustiça que foi corrigida pelos juízes do TRF-4 foi quanto à própria condenação do ex-presidente corrupto. Em decisão unânime, a pena de Lula foi aumentada de 12 anos e 11 meses para 17 anos, 1 mês e 10 dias. Agora o negócio é ir para as ruas lutar para que o PT seja obrigado a retomar sua ridícula campanha do “Lula livre”.
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POR José Pires

Gleisi Hoffmann e Lula: parceiros rumo ao abismo

Com a reeleição neste domingo da deputada Gleisi Hoffmann para seguir na presidência do PT não se pode dizer que o partido de Lula jamais traga boas notícias. A continuidade de Gleisi no cargo reafirma que o dono do partido é o condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, que poucos dias atrás ainda estava no xilindró por causa de um dos processos que responde por corrupção. Lula mantém os petistas presos a uma pauta destrutiva, que no exclusivo interesse do chefão petista inclusive obrigou os companheiros a se alinharem com os maiores salafrários da política brasileira, no esquema armado para manter a impunidade de criminosos de colarinho branco, obrigando seu partido a se comprometer totalmente com o ataque cerrado à prisão em segunda instância.

Como na atualidade a prisão em segunda instância simboliza para a maioria dos brasileiros o rigor com o crime, petistas e seus puxadinhos terão que explicar-se porque defendem a impunidade de criminosos, incluindo chefes de quadrilhas, assassinos cruéis e bandidos violentos. Serão devidamente questionados nas eleições municipais do ano que vem e também na que elegerá o próximo presidente. Na eleição do ano que vem, quando esquerdistas vierem com leros sobre saneamento básico, transporte público ou qualquer outra questão importante das cidades brasileiras, terão de tratar também da insegurança que aflige a população, quando serão cobrados por esta absurda articulação em defesa da impunidade e proteção aos criminosos.

Em grande parte, o discurso radical de Lula em público faz parte da estratégia para manter seu poder absoluto sobre o partido. Em um PT com uma posição mais pragmática dificilmente ele se manteria como um chefe cujas ordens não admitem qualquer réplica. Com uma postura menos fechada em um discurso de confronto, além de ampliar suas articulações externas o partido se democratizaria internamente. Lula não conseguiria manter o mito de líder que magnetiza o eleitorado brasileiro, uma conversa fiada que já foi desmascarada na última eleição, quando o candidato petista não conseguiu conquistar aliados no segundo turno nem para derrotar um candidato com a carga violenta de rejeição de Jair Bolsonaro. Mesmo se Lula tivesse a magia da qual ele faz tanta propaganda, o atrelamento petista ao seu discurso faz do PT um partido destinado a ser fatalmente derrotado em um segundo turno.

Gleisi Hoffmann será mantida no cargo de presidente para manter o PT nesta linha definida por Lula, o que é uma ótima notícia. Ligado de forma tão intransigente ao interesse do condenado por corrupção, o maior partido da esquerda brasileira terá dificuldade de ampliar suas articulações junto à sociedade civil, criando empecilhos até na sua ligação histórica com movimentos sociais, sindicatos e junto às universidades e ao meio cultural.

Com sua personalidade arrogante e a tremenda capacidade de estimular a discórdia e a desinteligência, a deputada Gleisi fortalecerá com certeza este desligamento do PT dos brasileiros que fazem oposição ao governo Bolsonaro não por motivações meramente partidárias, mas pelo respeito humano, pela dignidade e competência na administração pública.

Usando um termo que Bolsonaro gosta muito, Gleisi e Lula são um casamento perfeito para transformar a esquerda em minoria neste país, o que vai fazer bem ao Brasil, amenizando o papel do PT como estigmatizador de questões universais que este partido nefasto pegou para si e de forma ofensiva estimula a rejeição da população sobre assuntos essenciais para fazer o Brasil andar pra frente. Só com o PT diminuído é que será possível pensar com equilíbrio em rumos melhores para a vida brasileira. Ainda bem que podemos contar com Gleisi Hoffmann para empurrar ainda mais para o abismo este partido nefasto.
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POR José Pires

Lula e a alegria de ver que “o povo está fodido”

O ex-presidente Lula fez carreira praticando a mais indecente dissimulação, escondendo suas reais intenções e fingindo ser o que nunca foi, mas em certos momentos ele diz o que sente no coração. Nos últimos tempos, depois de impor um domínio absoluto sobre seu partido e ficar livre de ter que ouvir e aceitar recomendações de acadêmicos, dirigentes partidários e militantes, ele vem se soltando ainda mais, o que nos faz ouvir confissões como a de que gostaria de ver acontecendo em nosso país o que vem sofrendo o Chile — onde já morreram 23 pessoas depois de uma onda de violência na ruas, com saques e também milhares de feridos.

Logo que saiu da cadeia, o condenado por corrupção e lavagem de dinheiro pediu que os militantes do PT “seguissem o exemplo do povo do Chile”. Dá para entender o que vai pelo coração de Lula e até imaginar sua emoção ao pensar o que poderia fazer em matéria de demagogia e politicagem se pudesse contar com ao menos meia dúzia de mortos em ruas brasileiras. Porém, felizmente o Chile não é aqui, ainda que haja gente na esquerda que, rompendo os limites até do “quanto pior, melhor”, tenha esse desejo absurdo de ver o pior acontecendo em nosso país. É uma síndrome muito louca, de figuras que gritam pela queda de uma Bastilha que só existe em sua imaginação.

Claro que não é só o Lula que vem falando com o coração. Quase todos os petistas andam querendo afogar suas mágoas com a carnificina em praça pública. O plano é envolver todos os brasileiros com a carga de ressentimento de um partido preso ao passado. Os petistas sofrem de uma regressão emocional que os levou de volta a um período anterior ao dia em que o marqueteiro Duda Mendonça mandou Lula vestir um terno bem cortado, aparar a barba e tomar banho pelo menos uma vez por dia.

O anacronismo pode ser sentido no que vem falando a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann, sobre a visão atual do partido do Lula quanto ao que deve ser feito no Brasil, que segundo ela exige um “discurso radical”. “Tem que ser um discurso ofensivo para falar com o povo que está sofrendo”, ela disse à Folha de S. Paulo, entregando neste adjetivo “ofensivo” tudo o que leva em seu coraçãozinho.

Outra revelação sobre os sentimentos que devem mover o PT em suas ações políticas é uma declaração de Lula nesta quinta-feira. Como eu disse, como o chefão do PT não para de falar, ele acaba soltando o que carrega no lado esquerdo do peito. Ao comentar sobre o que pensava enquanto estava preso por corrupção, Lula disse que na cadeia havia um pensamento que o tranquilizava. É tocante sua preocupação com os brasileiro. Ele disse o seguinte: “O meu alívio era isso: o povo está fodido, esse governo está acabando com o povo”.
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POR José Pires

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

A marcação imoral dos que votaram no adversário

Corre pelas redes sociais um vasto material associando criminosos aos eleitores de Jair Bolsonaro. Todo mundo sabe de onde vem essa onda de desinformação absolutamente equivocada e altamente perigosa. Vem da esquerda, com maior difusão entre apoiadores do PT, partido que teve o candidato Fernando Haddad no segundo turno, afinal sendo derrotado por Bolsonaro por 57.797.847 a 47.040.906.

Pelo raciocínio torto deste material cretino que vem sendo repassado na internet, dentre os 47 milhões de eleitores do PT não há ninguém que tenha cometido algum crime. Nem se metem em encrenca alguma. Até os mandantes do assassinato do petista Celso Daniel e das torturas sofridas por ele devem ter votado no Bolsonaro. Já os companheiros são gente do bem. E todo eleitor petista.

Claro que não devem estar contando com a vasta folha corrida de lideranças do partido, uma porção de gatunos, alguns deles já condenados pela Justiça, como o chefão petista, Lula, julgado e condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, além de responder por outros processos. Mas para um petista, isso deve ser apenas um detalhe.

O curioso é que, por esta visão torta, eleitores de Ciro Gomes ou mesmo de Amoedo também se comportam muito bem. O mesmo vale para quem deu seu voto para Henrique Meirelles e os demais, inclusive Geraldo Alckmin. Coisa ruim, só quem votou em Bolsonaro. Do mesmo modo que petistas são todos do bem, eleitores de Ciro e de Amoedo e de todos os outros candidatos são tão gente fina quanto os petistas. Bem, por ora não estão sendo incomodados, mas todo mundo sabe que essa canalhice nunca se mantém focada apenas em um alvo.

Ainda há pouco bateu em minha linha do tempo a notícia de um homem que matou uma jovem com um tiro na cabeça por causa de um acidente trânsito. O material é do site Forum, uma revista criada quando o PT estava no poder. Teve pesado apoio publicitário durante os governos petistas, quando batia pesado na oposição e exaltava o projeto de poder do PT.

É claro que a notícia postada pelo site Forum afirma que o criminoso apoiou Bolsonaro para presidente. Na chamada, de imediato o suspeito é identificado como “assassino bolsonarista”. Em uma foto, que nem dá para saber se é verdadeira, ele veste uma camiseta com a imagem de Bolsonaro. Vivemos atualmente este impressionante fenômeno. Todo ano o país tem um avassalador índice de homicídios, sempre com mais de 60 mil mortos, mas nenhum dos matadores vota no PT.

Eu disse logo no começo deste texto que é muito perigosa essa desinformação. Esta é mais uma atravessada feia, avançando até os limites do conceito esquerdista de muito tempo atrás, segundo o qual é permitido fazer de tudo contra o adversário, já que a esquerda só quer o bem da humanidade. O problema é que quando se estigmatiza todo o eleitorado de um político, seja de que partido ele for, atinge-se o próprio conceito de democracia. Quebra-se a confiança no sistema de representatividade. Cria-se uma desarmonia, sendo atingidas milhões de brasileiros que nada têm a ver diretamente com o que apronta seu candidato depois de eleito.

Sei que dificilmente vão parar de usar esse recurso cretino de apontar no eleitor do adversário todo mal do mundo, mas para quem quiser fazer suas críticas e até combater o político do qual não gosta, fazendo isso de forma honesta, dou uma dica muito simples: qualquer pessoa envolvida em crime ou uma encrenca qualquer só deve ser associada a um partido ou candidato quando o delito tiver alguma relação direta com sua posição política.
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POR José Pires

A história ilustrada do bolsonarismo


A história da eleição de Jair Bolsonaro começa a ser contada pelos que a fizeram, vindo de dentro do fenômeno político atabalhoado que foi sua campanha para presidente, com a versão impactante dos chamados atores políticos da façanha. Nesta quarta-feira, o deputado Alexandre Frota deu um toque precioso nesta historiografia, fazendo uma pergunta insinuante. Tudo começou com um agrado de Bolsonaro ao deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança, dito “príncipe” da cepa mais retrógrada do clã da família imperial brasileira. Bolsonaro disse para ele: “Você deveria ter sido meu vice, e não esse Mourão aí. Eu casei, casei errado. E agora não tem mais como voltar atrás”.

Entrando no assunto, Frota fez um pedido interessante: “Conta das fotos, Bolsonaro”. O enredo histórico do bolsonarismo promete ser vibrante, talvez até um tanto lúbrico. Pelo jeito, será ilustrado, o que com certeza simplificará o entendimento de seus seguidores, favorecendo-os em sua, digamos, qualificação intelectual. O deputado que até há pouco era do círculo mais íntimo do presidente não chegou a esclarecer o que são essas “fotos”, mas relatou em parte o episódio histórico que levou Bolsonaro a descartar o “príncipe” como vice, optando às pressas pelo sisudo general.

Frota tuitou o seguinte: “O Bolsonaro podia pelo menos falar para o Brasil porque na madrugada da convenção do PSL decidiu não levar o Príncipe como vice. Me ligou às 5 da manhã do aeroporto do Rio, me pediu o celular do Levy Fidelis para poder ligar para o Mourão. Conta das fotos, Jair Bolsonaro”.

Claro que o assunto vai se estender, talvez além da imaginação que o deputado Frota estimulou com sua intervenção mais que capciosa. Aos nossos olhos roda a emocionante história do bolsonarismo, construindo-se — se é que se pode tirar algo de construtivo dessa balbúrdia —, enquanto ao mesmo tempo vamos nos informado como é que a coisa se deu. Ficamos aqui, feito repórter Esso, testemunhas oculares dessa História ainda mal contada. Evidentemente com as crianças fora da sala e a porta muito bem fechada.
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POR José Pires

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Evo Morales: lições da renúncia

Depois de renunciar à presidência da Bolívia, desistindo também de assumir pela quarta vez o cargo que ganhou em eleição fraudada, Evo Morales já fugiu para o México, fechando de forma vergonhosa uma história pessoal que, independente de divergências políticas que se tenha com ele, poderia ter sido gloriosa.

O desfecho pode servir para a esquerda latino-americana repensar o que vem fazendo nas últimas décadas em vários países do continente, a partir de resultados tão desastrosos quanto o do ex-presidente boliviano e algumas vezes até piores. Desta vez a Bolívia não viveu a tragédia típica de sua história, feita de crueldades espantosas até para uma América tão repleta de dores.

O próprio final da carreira de Evo Morales trouxe uma novidade política na América Latina, com as Forças Armadas atuando com bom senso, apenas avisando ao fraudador político para que ele saísse de cena antes da Bolívia ser envolvida pela violência. Esta forma de interferência dos militares acentua a desonra da esquerda e sua falta de semancol e irresponsabilidade, mas bem que isso podia servir para uma autoavaliação sobre equívocos que vão se acumulando não só entre os bolivianos como em outros países, inclusive no nosso Brasil, onde ainda que tenha sido com mais sutileza, militares andaram dando pitos exigindo mais responsabilidade da classe política.

Como eu disse, Morales poderia ter deixado uma marca histórica positiva, no entanto se deixou levar pela ambição da permanência eterna no poder, defeito grave de toda a esquerda da América Latina, que ao contrário do que propaga com seu discurso coletivista, sofre há décadas dessa fixação em um poder personalista, com um apego até contraditário a figuras que não passam de caudilhos falsamente se fazendo de líderes socialistas.

O ex-presidente da Bolívia desrespeitou o resultado de um referendo de 2016, convocado por ele mesmo, quando a população boliviana disse que não queria que ele tentasse um quarto mandato consecutivo. Mesmo assim, a partir de ingerência sua na Suprema Corte e no Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), abriu-se a possibilidade pretensamente legal da reeleição para um quarto mandato. Com a tentativa de fraude, vieram os protestos nas ruas e a renúncia depois do aviso militar para que ele desse o fora.

Já faz tempo que a esquerda brasileira devia estar se aprimorando com lições vindas de lugares de maior complexidade no debate político, como por exemplo a Comunidade Europeia, de modo que fica até chato ter que aprender com uma realidade política tão atrasada como a da Bolívia. Mas como não tem outro jeito, que bom seria que criassem juízo a partir desse episódio lamentável. Para isso, claro que teriam que aceitar algo que parece impossível encaixar no ideário esquerdista, que é a alternância no poder, com a rotatividade que dá vigor à atividade política e estimula na população a confiança no sistema representativo.

Sei muito bem que não é fácil para a nossa esquerda a mudança de hábitos antigos, com a exigência do respeito ao adversário e a aceitação de opiniões contrárias, mas que fique o alerta dos acontecimentos que levaram o companheiro de Lula, Maduro, Ortega e do falecido Fidel Castro a desocupar às pressas a cadeira de presidente. Como esquerdista gosta muito de dizer, são avisos da História, que é bom escutar com maior atenção de vez em quando, até para que depois ninguém seja obrigado a atender ao aviso de um fardado.
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POR José Pires

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O companheiro Evo Morales precisa da brava esquerda brasileira

A renúncia de Evo Morales, na Bolívia, traz uma chance histórica formidável para a esquerda brasileira comprovar coragem e determinismo, com esta oportunidade vindo exatamente nos moldes do pensamento marxista, com seu historicismo que roda com larga vantagem para os esquerdistas. Por esta visão, a História, assim, com “H” maiúsculo, é um instrumento progressivo cujo destino é a redenção da Humanidade, também com o “H” maiúsculo, com a esquerda como protagonista do progresso e da (não riam, por favor) liberdade.

A Bolívia pode ser colocada neste enredo heróico, dando a oportunidade para esta nossa esquerda demonstrar afinal sua bravura, tão cantada por eles próprios nas redes sociais, onde enfrentam com uma coragem espantosa o que eles chamam de “fascistas”. Suas lideranças igualmente atuam de forma agressiva, chamando os adversários de “ladrão”, “bandido”, e outras qualificações violentas, além de acusar os outros o tempo todo de golpistas.

Claro que no Brasil ninguém dá de cara na rua com bandos violentos sentando a mão em qualquer um que pareça ter uma quedinha pelo vermelho, de modo que pelo menos até agora não deu para saber se esta esquerda desbocada aguenta o tranco se tiver de fato que enfrentar porrada.

Pois a renúncia de Morales dá a chance aos companheiros para que se juntem de forma organizada, rumando para a Bolívia para devolver o poder ao companheiro boliviano — na lei ou na marra, como gritavam no nosso Brasil dos anos 1960. É a chance de colocarem em prática o tão propalado “espírito internacionalista”, numa ação que pode ter inclusive a liderança de Lula, agora que o corrupto e lavador de dinheiro foi solto para esperar os processos por roubo dos cofres públicos contra ele andarem.

É uma oportunidade que eu diria imperdível de dar uma acelerada na roda da História, sempre com “H” maiúsculo, claro, como o velho Marx ensinou. Vamos lá, companheiros. Todos para a Bolívia na defesa da volta de Evo Morales ao poder, para mostrar afinal que esta bravura esquerdista não é só um lero-lero digital.
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POR José Pires

sábado, 9 de novembro de 2019

O fim da prisão em segunda instância, a festa da esquerda irresponsável e a necessidade de equilíbrio

Os corruptos celebram a queda da prisão em segunda instância, com a consequente impunidade muito bem simbolizada na soltura de Lula, responsável direto por um sistema de corrupção que arrasou com o Brasil. Corruptos celebram, a esquerda comemora e faz provocações, com Lula atuando do mesmo modo de sempre, instigando a discórdia entre brasileiros. No plano internacional, o comportamento esquerdista nada tem de surpreendente. Apenas confirma velhas práticas da esquerda de aproveitar-se da democracia para conturbar a vida política e acabar com a liberdade, caso tenha esta oportunidade.

Na Argentina, o presidente eleito Alberto Fernández celebrou a soltura de Lula. Estavam com ele o ogro disfarçado de bom velhinho José Pepe Mujica, do Uruguai, e Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia. Posaram para fotografia fazendo o gesto do “L”, sem notar ou fazendo de conta que não sabem que para quase todos os brasileiros este é o gesto de ladrão. Esta percepção inclui inclusive brasileiros que votaram em Fernando Haddad no segundo turno da última eleição, apenas por rejeição ao candidato Jair Bolsonaro.

O presidente eleito da Argentina segue a velha prática de provocação da esquerda argentina que causou uma violência espantosa naquele país há algumas décadas. Agora o desrespeito é com o Brasil. Fernández e seus cupinchas podem até pensar que irritam seu inimigo Bolsonaro, mas na verdade afrontam a maioria dos brasileiros, mesmo os que sabem que Bolsonaro e o kirchnerista Fernández se nivelam em más intenções, cada qual fazendo mal a seu país. Mas infelizmente a postura até idiota do presidente eleito da Argentina bota fogo nas relações do nosso continente, quando todos os países deveriam buscar soluções de interesse conjunto, para o enfrentamento desta grave crise que assola o mundo.

Porém, existem as vozes do bom senso, uma delas felizmente soando exatamente no governo Bolsonaro, de onde pode-se temer o surgimento de reações que complicariam o que já ficou muito difícil de administrar depois desta decisão irresponsável do STF. Neste sábado o ministro da Justiça, Sergio Moro, se manifestou no Twitter sobre a derrubada pelo STF da prisão após condenação em segunda instância.

Moro escreveu: “Lutar pela Justiça e pela segurança pública não é tarefa fácil. Previsíveis vitórias e revezes. Preferimos a primeira e lamentamos a segunda, mas nunca desistiremos. A decisão do STF deve ser respeitada, mas pode ser alterada, como o próprio Min. Toffoli reconheceu”.

Cabe apontar a importância de que esta manifestação de equilíbrio venha do homem que do ponto de vista pessoal e político encarna na visão da esquerda o foco da sua confrontação com a Justiça, nesta toada perigosa de Lula e seu partido, que atropelaram os próprios passos, excedendo de forma irresponsável os limites da sua lamentável crença de que os fins justificam os meios. O Brasil já conhece bem como acaba esse tipo de coisa. Os bravateiros correm apavorados para o exterior, deixando com os democratas brasileiros a tarefa de resolver as encrencas criadas pela irresponsabilidade de uma esquerda cujo espírito ainda está preso aos anos 60 e 70 do século passado.
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POR José Pires


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Imagem- Foto de Fernando Frazão, Agência Brasil