sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Bolsonaro se rende à garantia da impunidade

Neste período de festas a hastagh “BolsonaroTraidor” foi às alturas e a verdade doeu para o próprio presidente Jair Bolsonaro, que foi para as redes sociais queixar-se do descrédito geral quando completa um ano de governo. Bolsonaro sancionou mudanças no Código de Processo Penal, o chamado “projeto anticrime” votado na Câmara, repleto dos chamados “jabutis”, as emendas traiçoeiras que parlamentares costumam encaixar em projetos que tramitam por lá. Foi seu presente de Natal para os que ainda acreditavam que ele é contra a corrupção. A lei chegou às mãos de Bolsonaro com emendas que favorecem corruptos e outros bandidos. E o presidente sancionou as piores, mantendo até o juiz de garantias, causando uma revolta entre o que sobrou de seus seguidores.

Não faltaram avisos sobre a necessidade de vetos, com um alerta direto do ministro Sérgio Moro. A emenda do deputado Marcelo Freixo é um despropósito que deve criar problemas sérios até na sua aplicação. A proposta é tão furada que o próprio Bolsonaro, com aquele seu jeitão de deputado do baixo clero, já colocou em dúvida em um vídeo nas redes sociais se ela poderá de fato entrar em vigor. Da parte do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, seu encaixe no projeto anticrime parece ir um pouco além dos costumeiros agrados na parcela poderosa de políticos interessados em desmontar o rigor que a Lava Jato implantou contra os corruptos no Brasil. Ele quis comprometer negativamente Bolsonaro. E conseguiu.

Este é apenas um problema do safado pacote. Entre outros “jabutis”, as mudanças aprovadas pelo Congresso vão dificultar até decretação de prisões preventivas. Como eu disse, Bolsonaro foi avisado pelo ministro Moro, mas assinou a lei sem os vetos necessários. O juiz de garantias serve como peça simbólica do desastre, como uma complicação séria para a popularidade de Bolsonaro, pelo impacto negativo em uma bandeira essencial na sua imagem política.

Mesmo que não seja armação de Maia, o que está muito claro é que ele deixou tudo ir à frente como forma de pressão sobre  o presidente da República. E Bolsonaro deu aval a uma bomba. O juiz de garantias dificulta o enfrentamento de crimes, indo ao encontro do interesse corruptivo de parcela influente parcela de políticos. A medida tem também dificuldades práticas e orçamentárias, inclusive para governos estaduais, além de ter vício de iniciativa: teria de ser proposta pelo Judiciário. Não teria como Rodrigo Maia não saber das incongruências, pois o projeto esteve na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde foi definido como inconstitucional.

A presidente da CCJ, senadora Simone Tebet, disse que o veto a este item no pacote havia sido acertado com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), mas, ora, atualmente Bezerra está mais preocupado em evitar ir para a cadeia por corrupção do que desenvolver leis eficientes contra o crime. Em setembro, a Polícia Federal fez buscas no Congresso, com mandado de busca e apreensão no gabinete do senador e também no do seu filho, o deputado Fernando Bezerra Filho (DEM-PE). Mesmo com tudo isso, Bezerra foi mantido por Bolsonaro na líderança de seu governo. Para ter dúvida sobre a posição de Bolsonaro no enfrentamento da corrupção, só se o sujeito for muito mal informado, diria um idiota político consumado, ou tiver comprometimento com malfeitos graves.

O juiz de garantias é apenas um símbolo da derrocada de Bolsonaro em conceitos fundamentais para seu prestígio político, que vem sendo corroído rapidamente desde sua posse como presidente e agora ficou totalmente abalado até entre eleitores remanescentes na crença do mito. Não são isolados os gritos de traidor, com o presidente de perfil direitista sendo acusado nos meios que foram a sustentação da onda eleitoral que o levou até o Palácio do Planalto.

Um ponto que deixa muito bem marcado o nível dessas complicações políticas são os elogios efusivos a Bolsonaro vindos do deputado Marcelo Freixo, que tem sido um parlamentar de intensa atuação a favor da impunidade, trabalhando ativamente para amenizar o rigor da lei não só contra o crime do colarinho branco, como também para o narcotráfico, estupradores, assaltantes e ladrões.

Neste pacote, Freixo está dando todo apoio a Bolsonaro, até porque é do deputado esquerdista um importante jabuti da impunidade. Pode-se dizer que são elogios em que os extremos se encontram no estimulo à corrupção, Bolsonaro fazendo gesto de arminha na extrema-direita e Freixo com o cinismo da extrema-esquerda, atuando pela impunidade e vestido com camiseta exigindo punição aos matadores da sua companheira de partido.
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POR José Pires

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Abraham Weintraub: mais um ministro no tiroteio olavista das redes sociais

A deputada Carla Zambelli convidou Abraham Weintraub para ser padrinho de seu casamento, porém na cerimônia, em fevereiro, ela poderá um ex-ministro como padrinho. Weintraub saiu de férias e pouca gente acredita na sua permanência no ministério da Educação. E mesmo quem aposta nele vai ter dificuldade em apontar onde está sua sustentação.

É geral o descontentamento com o ministro. Ele não criou empatia com a classe política e tampouco conseguiu apoiamento no meio universitário, onde conforme seu repetido discurso de alto teor ideológico, haveria um ferrenho domínio comunista imposto pelo aparelhamento petista da Educação. Pelo jeito, faltou habilidade a Weintraub para cooptar dissidentes deste Gulag liberto e atrair a colaboração dos setores conservadores, entre professores e servidores.

Mas é mesmo muito complicado o relacionamento com Weintraub. O sujeito é tão autoritário que até acredita nisso como um eficiente conceito de gestão. É de se ver seu orgulho em entrevistas a jornalistas, quando diz que com ele as coisas acontecem ou o responsável pela falta de solução é imediatamente demitido. Weintraub exibe com contentamento essa forma de agir em uma das pastas mais complexas do Governo Federal e que, conforme suas próprias denúncias verbais, ele pegou totalmente arruinada.

Deve ser difícil até puxar o saco desse ministro, pois ele mesmo se incumbe dos elogios à sua magnífica capacidade. Com a mesma falta de amparo técnico das suas críticas ou dessa sua absurda tese da pressão contínua e da ameaça do desemprego como estímulo à produtividade, ele afirma que fez uma “revolução” no ministério, o que em tão pouco tempo não seria possível nem para um gênio político e administrativo, mesmo sem levar em conta o alegado cenário de ruínas. Ele nem percebe que com essa lorota desmente a exposição da desastrosa condição deixada por administrações anteriores.

Weintraub é ineficaz até na propaganda de suas supostas qualidades. A carrada de autoelogios não tem referência em informações verificáveis do seu trabalho. É um revolucionário que não apresentou até agora nenhuma vitória em alguma batalha de peso. A precariedade de realizações fica muito clara quando ele se gaba da realização do Enem, como se isso fosse um grande êxito.

Se fosse ministro da Saúde é provável que de forma parecida citaria como uma grande façanha a realização do Calendário Nacional de Vacinação. Mesmo jornalistas favoráveis ao governo ouvem esse tipo de coisa com constrangimento, mas o ministro não se toca. Weintraub é o tipo de sujeito que se encanta com suas próprias palavras, de modo que os elogios à sua própria performance estimulam o andamento acelerado do discurso vazio.

O ministro tem dificuldade de se entender até com o que sobrou da base partidária do governo, no esfacelado PSL. Aparentemente, Weintraub não se apercebe de mudanças determinantes na realidade política, em razão da sua própria posição atual e do reposicionamento que atinge até o partido que elegeu Bolsonaro. E olhem que existem condições práticas muito óbvias, como sua presença na Câmara não mais por convite, mas agora pela obrigatória convocação. Falta-lhe também a lembrança que chegou a ser conduzido de mãos dadas até a mesa pela então amiga de Bolsonaro, deputada Joice Hassellmann, que no último depoimento não estava nem na sua defesa entre os parlamentares.

É tamanha a falta de percepção que sem dúvida também será difícil para Weintraub compreender que não se espera dele o sucesso de um lacrador de redes sociais, muito menos no diálogo sempre difícil com uma oposição que atua em comissões ou audiências públicas sempre para estabelecer um clima de constrangimento e confusão, tarefa a que se dedicam com histeria impressionante, obtendo um sucesso estupendo e até muito fácil com a natural irritabilidade do ministro da Educação.

Passadas suas férias, pode até ser que Weintraub suba ao menos uma vez a rampa do Palácio do Planalto até a sala de Bolsonaro, mas os indicativos são de que deve descer quase de imediato. É impossível detectar apoio ao ministro em qualquer setor relacionado ao seu trabalho, tendo surgido ainda entre a boataria de sua demissão a conversa de que ele já está sendo fritado pela equipe da Economia e a área militar do governo. Pior ainda, não há engajamento a favor dele nem entre a chamada corrente ideológica governista.

Até mesmo no meio olavista, que é de onde ele veio, existe um desentendimento sobre o apoio a Weintraub, tendo o próprio Olavo de Carvalho simplesmente lavando as mãos sobre o assunto, que ele chama de "Caso Weintraub", em um vídeo postado nas suas redes sociais. Uma ala influente do olavismo já cai de pau em cima do ministro e o adorado guru da Virgínia evitou dar qualquer apoio pessoal, mantendo o clima de críticas, como sempre muito pesadas. Como se vê, Weintraub só conseguiu convencer ele mesmo de que é o homem mais que certo no lugar certo.
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POR José Pires


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Imagem- Weintraub desce a rampa do Palácio do Planalto com o chefe,
em foto de Fabio Rodrigues Pozzebom, da Agência Brasil

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Caetano e Olavo de Carvalho: uma briga que vale milhões

Aquela expressão “mau igual a um pica-pau” encaixa bem em Caetano Veloso, embora ele esteja fazendo maldade com Olavo de Carvalho, um sujeito que pelo tanto que apronta não merece que alguém tenha dó dele. O cantor está cobrando R$ 2,8 milhões do guru de Bolsonaro por descumprimento de decisão judicial que ordenava que ele apagasse mensagens em suas redes sociais.

A encrenca ainda é relacionada à acusação de pedofilia a Caetano, que correu entre discípulos de Olavo, com o próprio mestre assanhando a rapaziada com posts no Facebook que levaram Caetano a entrar na Justiça com um pedido de indenização. O processo já foi sentenciado, condenando Olavo a pagar R$ 40.000,00 e excluir os conteúdos considerados ofensivos.

O processo de milhões pelo descumprimento da decisão considera a determinação do juiz de multa de R$ 10.000,00 por dia. Advogados de Caetano fizeram a conta do tempo que o professor manteve os posts, em desobediência à decisão judicial. Foram identificados diversos textos e imagens que ainda estão no ar e deveriam ter sido deletados. Pelo cálculo foram 281 dias desde a data da intimação, somando R$ 2,8 milhões.

A cifra parece um exagero, mas Olavo terá que pagar alguma coisa pelo descumprimento. Mesmo a condenação não chegando a milhões, ainda assim a quantia poderá ser bastante alta. A advogada de Caetano, Simone Kamenetz, explicou que o fato do professor de filosofia morar nos Estados Unidos não impede que o valor seja pago. Ela afirmou que caso os R$ 2,8 milhões não sejam quitados "espontaneamente", poderá ser pedido bloqueio de bens ou até mesmo a penhora dos direitos autorais sobre os livros de Olavo.
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POR José Pires

Bolsonaro, seu problema de pele e outras faltas de prevenção

Jair Bolsonaro esteve no Hospital da Força Aérea, onde passou por um procedimento dermatógico. Questionado pelos jornalistas sobre um curativo na orelha, o presidente disse que é “um possível câncer de pele”. Em fotografias de alta digitalização que costumo arquivar é possível notar que de fato a pele do rosto de Bolsonaro não está nada bem. Observem nesta imagem como está o estado de sua orelha e também o aspecto geral de toda a face. Há uns dias atrás ele apareceu com um pequeno curativo em um ponto no lado direito da cabeça, próximo da testa, que ainda dá para notar na foto.

Ainda conforme o presidente disse aos jornalistas, existe a possibilidade de câncer porque “pesquei muito na vida, fiz muita atividade”. Certamente também deixou de lado a prevenção, não se protegendo do sol e tomando outros cuidados com a pele. Bolsonaro exibe até com um orgulho besta esta falta de atenção a regras de saúde ou de prevenção em muitas coisas, o que do ponto de vista individual é um problema dele. O que é preocupante é que ele está sempre falando contra medidas de prevenção.

O assunto passa a nos interessar mais quando ele usa o cargo de presidente para espalhar seus equívocos, transmitindo à população sua visão absolutamente errada sobre riscos que afetam a vida das pessoas. Pior ainda é quando ele interfere diretamente, desmontando leis importantes, desestimulando a fiscalização e a penalização de infratores, algo que infelizmente tem feito bastante ultimamente, afetando negativamente a segurança pública, o meio ambiente e até atividades do governo ligadas ao terrível drama dos acidentes de trânsito, em níveis altíssimos em nosso país e causando tremenda infelicidade nas famílias brasileiras.

Esses descuidos com a prevenção ou mesmo com o ataque direto a problemas sérios já identificados na área da saúde humana são marcantes na geração de Bolsonaro. Alguns até se gabam disso. Não justifica a desatenção, mas dá para compreender que durante sua formação inicial não havia acesso a conhecimentos que são relativamente recentes. Muito desses equívocos costumam se instalar como regras pétreas na personalidade dos mais turrões, com o agravante de nos últimos tempos terem também o suporte de uma tola falta de compreensão do limite entre a liberdade do indivíduo e a necessária ação do Estado para evitar mortes e danos na saúde pública, que no descuido coletivo acaba gerando mais gastos no orçamento.

Essa  falta de inteligência se traveste em um liberalismo de fachada, no ataque à interferência do governo na área de alimentos, das poderosas indústrias do tabaco e da bebida, além de servir para manifestações idiotas, como as recentes de Bolsonaro falando em acabar com obrigatoriedade do uso de cadeirinha para criança nos carros e as multas contra motoristas irresponsáveis com a vida dos outros e a deles próprios.

Sendo uma pessoa que não acredita em respeito ao meio ambiente, como ele já disse tantas vezes, provavelmente Bolsonaro nunca deve levado em consideração alertas sobre o risco de exposição excessiva ao sol. Um sujeito que até hoje não aceita que alta velocidade causa acidentes de trânsito não deve ser fácil de ser convencido a colocar um chapéu e passar uns cremes no corpo antes de sair para pescar.

A consequência agora pode ser muito séria, caso esteja mesmo com câncer de pele. Sinceramente, tomara que não seja algo tão grave. Mas de qualquer forma, a ocasião é oportuna para uma mudança de comportamento de Bolsonaro, que deveria esclarecer melhor as pessoas sobre prevenção e maiores cuidados com a saúde. Ou que pelo menos o presidente pare de passar para a população, especialmente aos mais jovens, o monte de baboseiras de costume, que no final só servem para gerar dores e sofrimento.
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POR José Pires


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Imagem- Na foto de Marcelo Camargo, da Agência Brasil, pode-se observar como
anda a pele de Bolsonaro

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O jornal de Olavo de Carvalho na internet

Olavo de Carvalho anuncia em um vídeo que corre pelas redes sociais um “jornal eletrônico” chamado Brasil sem medo. Já está sendo chamado de jornal do Olavo, o que não é bom e não digo isso fazendo nenhum juízo de valor sobre a figura, mas é que esse personalismo vai com certeza restringir o chamado público-alvo. As aspas em “jornal eletrônico” eu coloco como prevenção a um hábito desses tempos digitais, que é o de dar definições absolutamente incorretas aos veículos de comunicação produzidos hoje em dia na enganosa facilidade dos computadores.

Quase todas as páginas de grupos políticos na internet se auto-intitulam como “site” ou “jornal eletrônico”, porém não passam de blogs, sendo também a maioria deles muito malfeitos. E estou falando apenas do aspecto técnico. Em matéria de comunicação, não sei de nenhum que seja mais que mera exaltação de uma facção política e de ataques aos adversários e a qualquer um que pense diferente. De esquerda ou de direita, são ilegíveis. E não acredito que tenham serventia como informação nem para o lado que defendem.

Qualquer coisa referendada por Olavo de Carvalho traz essa marca de um pensamento fechado. E digo isso pelas referências do que ele próprio tem apresentado ultimamente, com visão de tal forma autocentrada que não admite uma mínima discussão de ideias. Se Olavo tem algum sistema filosófico, só pode ser o do “pense como digo ou cale sua boca”. Obrigatoriamente, tal sistema tem que ser seguido por todos que o cercam, sob o risco de expulsão e pressões extremas dos que se mantém com claque do professor, sendo exigida esta norma mesmo nas atividades práticas da vida política, como vimos durante este primeiro ano de conturbação olavista no governo de Jair Bolsonaro.

Vamos esperar para ver o que será o Brasil sem medo, embora eu não tenha esperança alguma de que seja de fato um “jornal eletrônico”. Para atender aos requisitos, este veículo teria de ter ampla cobertura política e exposição honesta da diversidade de opiniões sobre os acontecimentos. Este não é bem um sistema olavista, mas sim jornalístico.

Por enquanto, a página tem apenas uma imagem estática anunciando o lançamento no dia 19 deste mês. Eles se dizem “o maior jornal conservador do país”, o que vindo de um grupo olavista pode ser tomado até como piada involuntária, já que o mestre vive afirmando que a imprensa brasileira — chamada por seus discípulos de extrema-imprensa — é dominada por comunistas, também dizendo o tempo todo que em nosso país não existe imprensa conservadora. Ora, se é assim, então o Brasil sem medo não é “o maior jornal conservador do país”. Será o único.
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POR José Pires


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Veja aqui a página do Brasil sem medo

Sergio Moro: imbatível no respeito dos brasileiros

Pesquisa do Datafolha mostra que Sergio Moro é o ministro mais bem avaliado do governo de Jair Bolsonaro, estando à frente do próprio presidente no gosto popular. Sua gestão é aprovada como ótima/boa por 53% dos entrevistados. Bolsonaro está com 32% de ótimo/bom. Mas a verdade é que para saber da popularidade do ministro da Justiça nem precisava o Datafolha trazer os números que o consagram. É visível a respeitabilidade de Moro, que como poucos neste governo, demonstrou grande capacidade de trabalho, atuando em uma pasta onde batem graves complicações nacionais e sendo alvo de ataques cerrados de seus inimigos do PT, que não o perdoam por ter condenado o corrupto Lula à prisão.

Para tentar derrubá-lo, os petistas apelaram até para a exploração de mensagens roubadas por hackers, mas o ministro agüentou firme, superando as jogadas sujas dos inimigos e mantendo um ritmo de trabalho que já vem mostrando resultados positivos na segurança pública.

Em um ano de governo, Moro mostrou que é capaz até de fazer política, quando isso é fundamental para levar seus planos de trabalho à frente. E tem feito isso sem comprometer sua independência, evitando também a criação de confusões que só trazem aborrecimentos, como é de hábito neste governo. Com habilidade que muita gente não esperava e até torcia para que ele não tivesse, contornou conflitos que estavam sendo criados com a classe política, usando de pragmatismo em articulações políticas para conseguir da Câmara os meios para alcançar, senão os objetivos completos da sua pasta, mas ao menos o suficiente para manter o andamento que até agora vem garantindo para ele o respeito da população.

E a popularidade de Moro tem a sustentação não só de suas realizações como também pelo que ele não consegue fazer, que neste caso fica sob a responsabilidade dos adversários, que levam a culpa pela dificuldade de fazer passar no Congresso Nacional leis mais rígidas contra o crime e até por decisões do STF interpretadas pela população como favoráveis à impunidade. Por estupidez, a esquerda brasileita travou-se na defesa do chefão corrupto do PT e acabou irremediavelmente marcada como defensora da impunidade e contrária ao uso do rigor com os criminosos.

Conforme vão batendo em Moro, sua imagem mais se fortalece, enquanto vai aumentando também a expectativa de que os problemas podem ser resolvidos se ele tiver mais poder político. Claro que esta é uma fórmula excelente para criar um candidato imbatível no futuro. É uma espécie de “efeito Tostines” às avessas e até meio engraçado, em que ele só não faz mais porque forças contrárias estão impedindo. Sabendo administrar esta percepção, o ministro vai longe.

Os bons números trazidos pelo Datafolha apenas reforçam sua evidente popularidade, apontando para uma influência poderosa nas próximas eleições municipais. No geral, os políticos e a imprensa especulam demais sobre seu papel na próxima eleição presidencial, quando na verdade será já no ano que, caso ele queira, poderá atuar de forma direta para conquistar o voto do eleitor.

A segurança pública será um tema dominante nas eleições municipais. Nas cidades brasileiras, vive-se hoje em dia um clima de desespero com a violência que toma conta de todo o país. Nesta condição, imaginem o peso que pode ter o apoio de uma prestigiada figura nacional, que simboliza como ninguém a luta contra a impunidade e o empenho para colocar criminoso na cadeia. É o que veremos no ano que vem, quando Moro poderá ser um grande definidor do voto dos brasileiros.
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POR José Pires


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Imagem; O ministro Sergio Moro, em foto de Marcelo Camargo, Agência Brasil

Bolsonaro, o demolidor de regras e leis

Já vão aparecendo os maus resultados da irresponsabilidade do presidente Jair Bolsonaro com seu discurso continuado contra regras de controle e leis que punem infratores. Já ficou claro o estímulo negativo das falas de Bolsonaro, com os problemas criados pela falta de atenção e controle do governo sobre o desmatamento e queimadas de florestas, além de outros problemas dramáticos ligados ao meio ambiente, que nos últimos meses causou um sério estrago na imagem internacional do nosso país.

Um prejuízo grave vem sendo criado pelo governo Bolsonaro no desmonte dos mecanismos de fiscalização e controle do governo em vários setores da vida nacional, anulando inclusive leis importantes que afetam a segurança e integridade física da população. Bolsonaro vem criando problemas terríveis para a vida das pessoas, alguns deles com a capacidade de acumular danos que já começam a pesar em algumas áreas.

Esta pode ser sua herança maldita, já que o desmonte afetará a vida dos brasileiros durante muito tempo. Uma insensatez que já traz os primeiros números negativos é a determinação recente do presidente do afrouxamento da fiscalização feita pela Polícia Rodoviária Federal. Ele chegou a ordenar o cancelamento de contratos para a instalação de radares nas rodovias federais.

Com isso, Bolsonaro como de costume libera o que há de pior nesse pessoal plenamente irresponsável que não aceita regras de respeito à convivência. Felizmente governos estaduais não foram atrás do péssimo exemplo dado pelo presidente, pois a interferência desse sujeito sem noção já pode ser sentida no número de acidentes de trânsito. Reportagem publicada pelo jornal O Globo mostra que houve uma redução de 54% nas infrações por excesso de velocidade em setembro.

O cara é tão estúpido que em meio a esta penúria econômica fez o seu próprio governo perder dinheiro. Numa comparação com o ano passado, em setembro foram aplicadas 200 mil multas a menos por excesso de velocidade em rodovias federais. Cerca de R$ 30 milhões deixaram de ser arrecadados, em verbas que seriam aplicadas no próprio setor. Enquanto as multas caíram, os acidentes cresceram, um efeito que já havia sido alertado logo que Bolsonaro começou a falar do assunto, acenando para o desmonte da fiscalização e aplicação de leis.

Segundo O Globo, o empenho de Bolsonaro em favorecer maus motoristas fez aumentar o número de acidentes graves 5,6% em setembro e 8,4% em outubro. E a tendência é que haja um agravamento do problema, conforme for se disseminando a percepção de que ninguém vem sendo multado ao colocar em risco a vida do próximo, além de sua própria segurança.

Bolsonaro é uma piada que vem acrescentar um absurdo a mais na gozação do cantor Tim Maia, que dizia que o Brasil é um país em que prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita. Pois temos aí um militar contrário a regras e leis. Tim Maia iria gostar de mais esta discrepância, embora os custos de tamanha cretinice sejam muito altos, em dinheiro, perdas de vidas e sofrimento dos brasileiros.
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POR José Pires

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Imagem- Foto de Marcello Casal Jr., Agência Brasil