terça-feira, 30 de setembro de 2008

Falatório

E Lula assinou o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Podia ficar só nisso, já que não é assunto de sua alçada, mas claro que ele tinha que dar pitaco.

Vamos ao que o Supremo Apedeuta isse: “Quero destacar o imprescindível resgate dos nossos laços substantivos com a África, em particular com a África de língua portuguesa, que para nós representa mais, muito mais do que uma prioridade geopolítica. Diz respeito à nossa alma, à nossa identidade como nação multiétnica e multicultural, ao próprio destino da civilização brasileira”.

Quem será que escreve essas coisas para o Lula ler? Os discursos nunca se atém ao fato. Sempre estão buscando significados pretensamente cultos, como esse de condicionar “o próprio destino da civilização brasileira” a um acordo irrelevante que elimina alguns acentos e traz de volta algumas letras que sequer saíram da nossa língua.

Será que Lula sabe do que se trata? Duvido. Ele é notoriamente ágrafo e, pior, ainda tem orgulho disso. Seria melhor certamente fazer uma verdadeira aproximação cultural de fato entre os países de língua portuguesa − especialmente com Portugal, que tem uma boa indústria editorial − do que mudar acentos, mas isso não é assunto que vá interessar a este governo.

A argumentação que colocaram na boca de Lula também pode nos levar a pensar em um acordo ortográfico com as comunidades indígenas. Esse negócio de "alma", exige um pouco de sangue índio. Claro, se o acordo diz respeito à “nossa identidade como nação multiétnica e multicultural”, temos que criar imediatamente uma relação direta da língua portuguesa com o idioma tupi. Além das outras línguas indígenas, claro.
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POR José Pires

Gag na agenda

Agenda do Lula. Vou falar sobre a de ontem, apenas para dar uma dica ao pessoal de Brasília que sempre dá uma sapeada aqui no blog. Mais cuidado com a agenda do homem, gente. Como escrevi acima, ontem ele assinou o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Lula assinando Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa? Espera um pouco, aí já nem é mais a piada pronta. Parece seriado americano: já vem com a risada.
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POR José Pires

Condolências

Nem tudo está perdido. Alckmin, o Geraldo, está recebendo importantes solidariedades enquanto sua candidatura rola ladeira abaixo. Ontem a candidata petista Marta Suplicy acusou o PSDB de “fritar” Alckmin e manifestou seu apoio ao tucano nesta hora tão difícil.

Outro que foi a São Paulo dizer umas palavras de amparo à Alckmin foi o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. “Obviamente, se nós pensarmos em 2010, temos de pensar em ficar juntos (PSDB e DEM) no segundo turno (em São Paulo), qualquer que seja o resultado”, disse o governador.

Situação grave a de Alckmin com ombros como esses para chorar. Aécio Neves foi um dos que estimularam sua candidatura à prefeitura de São Paulo − com a intenção traiçoeira de atingir o governador José Serra − e agora vem com esse “qualquer que seja o resultado”. Então ele não acredita que Alckmin vai estar lá no segundo turno?

Mas a gafe pode ser em razão da correria do governador de Minas, que percorre o Brasil para aparecer ao lado de candidatos e cevar seu projeto de ser candidato a presidente da República. Então acontecem coisas como essa. Mas ele tem que tomar cuidado. Daí a ir a um enterro e felicitar a viúva é um passo.
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POR José Pires

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Projetando desgraça

Roberto Mangabeira Unger todos conhecem. É o gênio do governo Lula, o homem que o petista escolheu para planejar o futuro. Bem, levando em conta o que Mangabeira planejava no passado, o negócio é torcer contra seus planos atuais.

Apenas para ficar em um exemplo, ele foi coordenador da campanha de Ciro Gomes à Presidência em 2002. Imaginem se desse certo, a catástrofe que seria para o país.

Mangabeira também foi crítico feroz de Lula. Foi ele quem colocou o governo do petista no topo da história nacional da corrupção. Em 2002 ele escreveu o seguinte: “Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos " .

Nada contra o que ele disse. O problema é que logo depois Mangabeira achou que havia se enganado. Aí virou ministro de Lula, o que comprova que nem sobre o próprio futuro ele tem alguma capacidade de planejamento.

Mas tudo isso parece pouco para o futurista sem passado. Também nessas eleições municipais ele faz questão de fortalecer em seu currículo essa incapacidade tremenda de bolar qualquer coisa de boa para o futuro.

Agora ele está apoiando o senador Marcelo Crivella, para a prefeitura do Rio de Janeiro. Crivella é homem forte da Igreja Universal, além de sobrinho do líder Edir Macedo.

É claro que Mangabeira usou sua grandiloqüência para expressar o apoio à Crivella. Simplicidade absolutamente não é com ele, pois desse modo não seria o homem que planeja levar água da Amazônia para o sudeste do Brasil com seus aquedutos. Vejam o que ele disse: "a proposta do Crivella para o Rio é um paradigma para o modelo de desenvolvimento nacional".

Bem, se alguém ainda tinha dúvida sobre o perigo das idéias futuristas do ministro Mangabeira, agora não tem mais porque duvidar que caminhar com ele é se arriscar a ir para o abismo. Quem admira um paradigma desses, só pode estar projetando desastres futuros.
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POR José Pires

sábado, 27 de setembro de 2008

Neologismo tucano

Era mesmo quente a antecipação dos dados do Ibope da Rede Globo: a campanha de Alckmin, o Geraldo, que já estava derrapando, agora vai de ré. Os números são os que antecipei abaixo. Juntando aos do Datafolha, dá para concluir que o Chuchu está caindo da cerca.

Existe a possibilidade do grande vencedor da eleição para a prefeitura de São Paulo nem ir ao segundo turno. Tucano canta? Pois o candidato tucano já entrou na peleja cantando vitória. Temos aí uma lição velha, com uma ave nova: não pra dá contar com o ovo, se ele ainda está naquele lugar do tucano.

Mas Geraldo, o Alckmin, ainda pode marcar profundamente a nossa política. Vai acabar gerando um neologismo que pode pegar. Será o verbo “alckminizar”. E o interessante é que a nova expressão vai desbancar outra, de maior peso histórico.

A expressão que Alckmin pode desbancar é “cristianização”, que vem de uma traição feita com o político mineiro Cristiano Machado na eleição presidencial de 1950.

Getúlio Vargas era candidato pelo PTB, em forte aliança com o PSP de Adhemar de Barros. Cristiano Machado saiu pelo PSD. Antevendo a inevitável derrota do candidato do PSD, as lideranças do partido abandonaram Cristiano Machado e passaram a apoiar Vargas publicamente.

O resto é História. Getúlio Vargas foi eleito e da traição nasceu a expressão “cristianizar”, que é o que ocorre quando os aliados de um candidato o abandonam por outro com melhores chances de vitória.

A política brasileira precisa mesmo se renovar. Com o abandono da candidatura tucana, que agora deve se acelerar, será muito bem-vinda a expressão “alckminizar”. E que beleza que o primeiro a ser “alckminizado” seja o próprio Alckmin.
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POR José Pires

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Chuchu em baixa

E o Datafolha também publica amanhã uma má notícia para o Geraldo, também conhecido como Alckmin. Sairá na Folha de S. Paulo. O tucano está caindo pelas tabelas. Ele tinha 22% e agora escorregou para trás: retrocedeu para 20%. Só pode ser efeito dos deslizes da última semana. Quem bate nos seus acorda de moral roxa (uopa, essa é minha!).

Gilberto Kassab estava com 22% e avançou para 24%. Já com Marta Suplicy, parece que o eleitorado está paradão na belezura: ela está nos mesmos 37% de antes.
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POR José Pires

Estranho no ninho

Logo mais o Jornal Nacional, da Rede Globo, traz más notícia para Alckmin, o Geraldo. Segundo o que já corre pela internet a pesquisa Ibope para a eleição à prefeitura de São Paulo coloca o tucano atrás de Gilberto Kassab.

Kassab foi para 25% e Alckmin baixou para 20%. Na pesquisa anterior, ambos tinham 21%. Marta Suplicy estacionou em 35%. A margem de erro é de dois pontos.

Com essa nova paulada em sua candidatura, Geraldo, o Alckmin, que se sente traído por todos no ninho tucano, pode radicalizar de vez: deve pedir a expulsão de FHC e José Serra.
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POR José Pires

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sonhando longe

Marta Suplicy disse que sonha ser presidente da República um dia. Bem, a gente torce para que este pesadelo nunca se realize.
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POR José Pires

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cacicando o ninho

Pelo jeito, Alckmin está alcançando o que queria, e evidentemente não é a prefeitura de São Paulo, pois neste caso criou uma situação política sem saída para ele: talvez nem vá para o segundo turno, mas caso haja um impoderável empurrão de São Josemaria Escrivá (o santo fundador do Opus Dei e autor do livro de cabeceira do tucano) e ele vá para o segundo turno com Marta Suplicy, tudo indica que perde a disputa. E nem se pode dizer que a causa seja o fato do tucano ter queimado pontes: ele sequer se preocupou em construí-las. O projeto sempre foi outro.

O que Alckmin quer é o domínio do PSDB por um pensamento conservador e até clientelista. E está conseguindo disseminar esta idéia até no plano nacional.

Ontem ele conseguiu o apoio do governador Aécio Neves para este trabalho de transformação de vez do ninho tucano em um ninho de caciques. O governador de Minas interferiu na questão paulista com uma retórica de "unidade", mas explícitamente favorável à posição de Alckmin.

Preste atenção em uma fala de Aécio Neves, nela está o ideário que pretendem impor na política. Está em uma alusão maldosa a Clóvis Carvalho, fundador do PSDB, ministro importante de FHC e hoje secretário de Governo de Kassab, na prefeitura de São Paulo.

Na semana passada, em uma entrevista a Folha de S. Paulo, Carvalho cobrou compostura de Alckmin e condenou seus ataques ao governo Kassab, uma gestão que também é dos tucanos.

Vejam a fala de Aécio Neves: "Vejo muitos atores, inclusive secundários da vida política do partido, que nem sequer detêm mandato, jamais disputaram eleição, entrando numa discussão que, repito, não atende ao interesse maior do partido".

Entendeu o recado caro leitor e eleitor? É o que Alckmin e Aécio Neves querem. O poder nos partidos, inclusive na definição de rumos ideológicos e políticos, tem que estar nas mãos dos caciques, do pessoal com poder de barganha por meio dos mandatos. Quem não disputa eleição não tem direito à fala. Bem, isso tira fora do jogo o essencial da política. Pensando bem, tira até o eleitor. A partir desta visão, qualquer um que não tiver mandado serve apenas como massa de manobra.

É esse o objetivo dessa gente, muito mais do que esta ou aquela prefeitura. É a determinação de um poder de mando nas mãos dos políticos, especialmente os de carreira, aqueles que "detêm mandato", como diz o governador.

Tirando o fato de que quanto a mandatos Aécio Neves deveria dobrar a língua, pois além de não levar essa, Alckmin não tem mandato há anos, o projeto partidário dos dois é mesmo para revolucionar o PSDB. De tucano, o partido só vai ter as penas dos caciques.
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POR José Pires

Justiça entre compadres

E não é que o negócio deu certo? Pois é, os metalúrgicos companheiros de Lula durante os tempos de sindicalista no ABC vão receber indenização. 39 deles vão ganhar, além da indenização, uma pensão mensal. A conta é alta: vai ficar, em média, em R$ 264 mil para 27 deles. E tem mais R$ 2.078 por mês para cada um.

No total, como disse ontem, foram julgados 41 processos. Dois vão ser melhor analisados pela Comissão de Anistia, mas é difícil que não sejam atendidos, a julgar pelo nível de compadrio perceptível nas palavras do presidente da Comissão, Paulo Abrão. Bem, de uma Comissão desse tipo, em um país sério seria exigido um alto grau de independência em relação ao objeto de julgamento. Não é o que se vê.

Ao contrário, parece coisa de compadres. Leia a declaração do presidente da Comissão e julgue se não tenho razão: “Embora tardiamente, fizemos alguma justiça com a peãozada do ABC. Foi uma coincidência histórica muito grande eles terem sido anistiados exatamente neste governo do antigo companheiro de lutas deles”.
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POR José Pires

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Cofrinho

Fala-se o tempo todo o termo " sangrar os cofres do Estado", pois o custo das indenizações a supostos combatentes da ditadura já pesa bastante, a chamada Bolsa-Ditadura. No ano passado foram gastos R$ 2,4 bilhões com o pagamento dos benefícios. Dessa parte, R$ 278,5 milhões são em gastos fixos, com a pensão aos anistiados.

E no dia de hoje a Bolsa-Ditadura pode crescer mais. 41 companheiros do presidente Lula em sua época sindical reivindicam a sua parte no quinhão. Os ex-sindicalistas alegam que foram perseguidos e perderam emprego na época. Os valores, em média, que cada um quer receber é uma prestação mensal de R$ 2,5 mil. É bom lembrar aqui que nenhum desses 41 sequer foi preso ou sofreu tortura.

Agora é esperar o resultado. A audiência acontece hoje na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo e o lugar é excelente, bem simbólico. Foi ali que se deram os famosos acontecimentos que depois transformaram Lula em lenda.

Lula já tem sua pensão pela "luta contra a ditadura". No final, o negócio deu dinheiro. O julgamento de hoje, que decide sobre a pensão dos 41 companheiros de Lula é mais um passo para a desmoralização da esquerda em nossa história recente. Não era ideologia nem respeito à democracia que movia essa gente.

Hoje a causa é vista como algo assim como tirar uma graninha do FGTS.
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POR José Pires

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pelas costas

Todo mundo está estranhando bastante que Geraldo, o Alckmin,esteja atacando Gilberto Kassab em vez de atacar a petista Marta Suplicy. O candidato tucano bate firme no candidato do DEM, uma situação bem estranha, pois os dois partidos são aliados históricos e, na prefeitura de São paulo, fazem um governo de coalizão como nunca existiu na cidade.

Mas porque estranhar Alckmin, o Geraldo, batendo em Kassab? Se ele batesse na Marta Suplicy estaria praticando um ineditismo na história mundial: seria a primeira vez que um quinta-coluna estaria atacando o inimigo.
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POR José Pires

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Olha a crise aí gente

O mundo treme com a crise nos mercados globais. A crise abala os Estados Unidos, já chega à Comunidade Européia, Japão e também atingiu a Rússia: as bolsas russas pararam e só retomarão negócios amanhã.

Não é preciso ser especialista em economia para saber que estamos vendo uma bolha que se esvazia. E a relativa estabilidade econômica do Brasil até agora, nste período Lula, é a facilidade dessa maré mansa. Bem, se até o Federal Reserve (o BC dos Estados Unidos) é obrigado a intervir, então é problema dos grandes. O furacão está aí.
A crise financeira fatalmente levará à crise econômica. Mas o Brasil está salvo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega achou até com uma imagem grosseira para firmar uma suposta boa posição econômica do país, veio com aquela de o Brasil “não estar de quatro”.

De quatro? Está saindo ao Lula, o que é mau sinal. O especialista é que deve influenciar o leigo e não o contrário. Na vida, quando acontece do leigo predominar o que ocorre é contaminação. Isso é sempre ruim e em economia um pouco pior.

O leigo Lula em economia toca de ouvido. Como faz em tudo, aliás, e nesta área também desafina. Popularidade não acalma mercados. Lula garante que o Brasil está bem blindado contra a crise que já bate à porta. Até disse que quem tem que se preocupar com o problema é o Bush.

Então está bem. Sei que é pedir demais, pois áulico não pode ir além de seu papel que é o de juntar uma mão à outra nas palmas cotidianas, mas alguém devia dizer ao Lula que o Bolsa-Família não dá para todos os brasileiros.
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POR José Pires

Fazendo bico na crise alheia

O governo Lula é mesmo um assombro. Nelson Jobim foi chamado às pressas para resolver o caos aéreo. A crise foi apenas amaciada e pode voltar com toda força. E como o Brasil tem uma dificuldade danada para acordar de vez para seus problemas, devem estar esperando outro avião cair para despertar para a necessidade de medidas mais sérias.

Mas Lula nomeou Nelson Jobim ministro da Defesa para acabar com o caos aéreo. Ele nada resolveu. E está agora metido na confusão da Polícia Federal e da Abin, dois organismos com o qual a Defesa nada tem a ver. A gente só não se espanta porque o assombro neste país já é coisa natural.
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POR José Pires

Intrusivos

Pronto, com a nota publicada abaixo sobre a atitude de Marta Suplicy na reunião com os pastores, logo mais entra algum tucano fanático – tucano alckmista, os mais fanáticos; e ainda dizem que usam cilício −, mas, voltando, logo entra um tucano fanático no blog e posta um comentário afirmando que sou petista.
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POR José Pires

Atitude de verdade

Dos candidatos a prefeito pelo Brasil afora, Marta Suplicy é uma que tem o slogan bem verdadeiro. Ela é a candidata com atitude. E aí o marqueteiro acertou. Se é que isso é coisa de marqueteiro, pois a petista tem tamanha atitude que não me surpreenderia saber que o slogan foi criado por ela.

Quem acompanha este blog sabe que a candidata petista à prefeitura de São Paulo representa forças políticas que têm toda a minha contrariedade. Mas ontem, em encontro com pastores da Igreja Batista de São Paulo, em um grupo que representava 540 igrejas, ela teve um posicionamento admirável.

Os pastores queriam apoio contra um projeto em tramitação no Congresso que criminaliza a homofobia. Para eles, com a aprovação da proposta eles ficariam impedidos de pregar contra a homossexualidade. Não me perguntem se esses pastores não têm mais o que fazer, problemas urgentes para se ocupar, talvez até em quastões sociais de São Paulo; vamos logo ao que disse Marta Suplicy.

"Se for para xingar homossexual, dizer que é doente, desacatar, sou contra. Com toda a minha formação de psicanalista e na área de sexualidade, não posso ser a favor. Se eu respondi, está respondido, se querem mais detalhes, tenho de ler o projeto”, ela disse.

Mas é claro que os pastores não descansaram. Perguntaram novamente e receberam outra resposta franca: “Não sou eu que vou votar [a lei], mas minha opinião vocês têm de ter: não sou a favor disso, gente, não sou! Tenho de deixar isso claro”.

Segundo o jornal O Globo, houve um constrangimento na platéia, reação óbvia, já que esse pessoal está acostumando ao “sim senhor” costumeiro de candidatos que fazem tudo pelo seu apoio.

“Nós temos de ter coerência com o que a gente é, com o que a gente vive e com a vida da gente. De mim, vocês nunca vão encontrar evasivas”, disse a candidata petista, que ainda foi perguntada por um dos pastores sobre “investimento em espiritualidade”, o que a levou a fazer uma bela declaração em defesa da escola laica.

“O mesmo respeito que temos em relação à religião, temos que ter em relação à raça, à sexualidade, em relação às diferenças. As pessoas não são iguais. Não nascemos iguais”, ela declarou.

Pesa contra Marta Suplicy o fato de ela ser uma influente liderança de um partido que, no poder, fortaleceu enormemente um grupo religioso como a Igreja Universal de Edir Macedo, apoiando inclusive seu crescimento político e econômico que ocorre cercado de suspeitas, até com denúncias de que isso tem sido alcançado com procedimento ilegais. A bancada da Universal, que tem pouco respeito pelo laicismo, para dizer o menos, é hoje bem próxima do governo e, pelo jeito, bastante ligada ao próprio presidente Lula.

Mas isso não altera o fato de que sua atitude é surpreendente, admirável até. Ainda mais levando em consideração que ela disputa uma eleição bastante difícil. A verdade é que se os políticos agissem sempre desse modo sincero, talvez a política brasileira não estivesse tão desacreditada. Pode ser até que a política servisse para alguma coisa de qualidade.
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POR José Pires

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pauta muito especial

Dirigente sul-americano é um ser estranho. A economia mundial está em clima de destruição. Todos os prognósticos apontam para o pior dos mundos. Então eles se reúnem. Mas discutem outro tema: Evo Morales.
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POR José Pires

Geraldo na cabeça


Geraldo, ou Alckmin, é a grande novidade desta eleição. Não pela candidatura em si, evidentemente, já que em política ele é arroz de festa, mas por uma mudança na imagem de uma categoria que sofre muito nas mãos de marqueteiro: a dos carecas.

Sabe-se lá baseados em que teoria ou pesquisa ou talvez até em alguma exclusiva filosofia obscura, mas o caso é que marqueteiro tem a mania de querer ocultar o cocuruto do candidato quando pegam para fazer a campanha eleitoral de político careca.

Eles sempre usam o artifício mais manjado: na televisão ou nas fotos dão um corte no topo da cabeça. Tem uns que exageram e cortam até bem próximo das sobrancelhas. Aí fica mais cômico. Em todo caso, o efeito é sempre o contrário. Chama ainda mais atenção de que o cara é careca.

Ciro Gomes é o exemplo mais conhecido de candidato que passou por esta, digamos assim, cirurgia marqueteira. Quando foi candidato a presidente da República, sua imagem aparecia sem a careca.

Não adiantou nada, todos sabem. Foi típico engano de marqueteiro, já que para Ciro Gomes ganhar uma eleição nacional só alguém cortando sua língua.

Mas agora vem Alckmin, ou Geraldo, para revolucionar a política brasileira, pelo menos nesta área. É novidade do novo marqueteiro do candidato tucano. O anterior, que começou a campanha, foi demitido há menos de duas semanas.

Agora Alckmin aparece com a cabeça inteira. O tucano careca saiu do armário e assumiu a falta de cabelo. E está em queda incessante. Nas pesquisas, não o cabelo. Há mais de um mês que não faz outra coisa senão despencar na disputa para a prefeitura de São Paulo, o que faz acreditar que ele não vai nem para o segundo turno.

Então isso só pode ser tática nova, uma bolação pra sua candidatura ir pras cabeças. E caso a novidade dê certo, com sua recuperação e ida para o segundo turno, veremos vingar um novo estilo de marketing: o do candidato que assume a careca. Se ele ganhar a eleição, então, aí é vai ser uma revolução: teremos político raspando a cabeça em ano de eleição.

Lá em cima, nas imagens, Alckmin escondendo a careca na campanha
presidencial. À direita, um novo Alckmin para o eleitorado, desta vez assumindo
a careca. As duas imagens são as oficiais, sem cortes deste blog.
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POR José Pires

Marketing revolucionário

Falando em Geraldo, ou Alckmin, agora de marqueteiro novo, o tucano mudou abruptamente de tática. Passou esse tempo todo fazendo papel de bom moço, aquela camisa limpa, um jeito de quem tem bons modos. E agora saiu no tapa.

E está atacando logo quem? Gilberto Kassab, por quem já está sendo ultrapassado nas pesquisas. O problema é que o Kassab já é prefeito e tem um governo em parceria hamoniosa com os tucanos.

É deveras revolucionário esse marketing do careca que saiu do armário. Vamos ver se dá certo, mas a tática para o segundo turno é bem óbvia. Se batem desse jeito no Kassab, certamente para o segundo turno eles vão buscar o apoio do PT.
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POR José Pires

Analfabeto funcional

Tem que ser muito fanático da estrela vermelha para entrar aqui no blog e deixar comentário anônimo dizendo que eu sou tucano. Fanático é é o pior tipo de leitor que existe: não lê, jamais pensa em tentar compreender o que o outro está falando. Não ouve também. O fanático tem resposta pra tudo. E inclusive as perguntas. Confunde "sentença" com "sentença", sem querer saber que uma envolve conhecimento, debat; e a outra é decisão irrevogável.

Queima Giordano Bruno em um dia e no outro manda Torquemada para a fogueira. Na sua guilhotina entra a cabeça de Danton e também a de Robespierre. E a de Luís XVI. E de Maria Antonieta. Se Voltaire estiver por perto também perde a cabeça. O fanático lê qualquer obra com seu próprio texto na cabeça. E o fanático da estrela vermelha é um analfabeto funcional da História que no Brasil encontrou um ídolo à altura: ao rés do chão, no sentido moral e intelectual.
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POR José Pires

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Felizardo

Fazia tempo que a oposição não dizia algo sensato. Agora estão dizendo que a alta popularidade de Lula é “sorte”.

Concordo com a avaliação, que veio de um líder do PSDB. Lula tem mesmo sorte de ter essa oposição, especialmente de ter tucanos como oposição.
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POR José Pires

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Com a palavra...

E o Lula continua falando. E como ele é o presidente da República, fazer o quê senão agüentar e ouvi-lo? Agora é uma daquelas relações loucas que ele faz entre um assunto e outro. E sempre sai besteira. E também aplausos da corte que o acompanha.

Lá vai: “É sempre chato aumentar os juros, assim como é chato estar com a família na estrada e chegar a uma curva e ter de reduzir a velocidade. Mas às vezes uma curva a mais é uma vida ceifada”.

Qual é a relação que um aumento de juros tem com redução de velocidade? Na verdade, é o contrário. Outra questão é que aumento de juros não tem poupado vidas por aqui. Tem é feito vítimas.

Como não temos oposição por aqui, é nessas horas que faz falta um goleiro para mandar esse cara para a Argentina.
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POR José Pires

Reação externa

Evo Morales, da Bolívia, expulsou o embaixador americano. Hugo Chávez também expulsou um de seu país. E Lula, nada? Nem vai acordar invocado e ligar para o Bush?
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POR José Pires

Dize-me com quem andas

Ainda falando na sumidade do Planalto, vejam o espanto estampado em manchete do jornal A Crítica, do Amazonas. Quem é Adail, o "companheiro" de Lula?

Ele é Adail Pinheiro, do PMDB amazonense, um prefeito amazonense acusado de corrupção e pedofilia. Sim, pedofilia também. E Lula esteve ontem por lá em sua itinerante campanha eleitoral e visitou a cidade dele, Coari, distante de Manaus 363 quilômetros.

Em maio último a Polícia Federal desmantelou uma quadrilha que roubava a prefeitura de Coari e que envolvia a Comissão de Licitações, a Secretaria de Finanças, o Gabinete do prefeito, a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Obras.

Durante a operação, chamada Vorax, a PF descobriu também uma rede de exploração de menores. Foram presas 17 pessoas na prefeitura de Coari. Adail, o companheiro de Lula, só não foi preso porque o Tribunal Regional Federal da 1a. Região recusou o pedido. A operação apontou o envolvimento de Adail Pinheiro e de outras 31 pessoas em crimes como aliciamento de menores e favorecimento à prostituição, além de peculato, formação de quadrilha e sonegação fiscal

Pois Lula esteve por lá para dar um abraço no cara. E chamou Adail de “companheiro” em público. E ainda disse que dormiria na cidade “com muito prazer”, caso o prefeito, e companheiro, claro, Adail o convidasse.
E eu não disse que um goleiro acaba fazendo falta?
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POR José Pires

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Carta Capital Petista

A revista Carta Capital, dirigida pelo jornalista Mino Carta, tem sido acusada de ter se tornado uma publicação chapa-branca, veiculando matérias do interesse do governo Lula e buscando amenizar os problemas éticos que assolam os petistas, em questões como o mensalão, por exemplo. Já em problemas que afetam adversários de Lula a revista de Mino Carta vai fundo. É extremamente crítica, buscando inclusive desencavar polêmicas antigas do governo de Fernando Henrique Cardoso. Outro político que não sai de seu foco que, neste caso parece um alvo de metralhadora, é o governador José Serra.

Mino Carta tem uma pinimba séria com Serra. Está todo o tempo buscando cutucar o governador paulista. Quando tinha um blog na internet, o editor de Carta Capital, estava sempre buscando atacá-lo.

Mas eu falava da fama de chapa-branca que a revista assumiu depois que Lula subiu ao poder. Mino Carta nega, é claro. Para ele o que sua revista tem é independência em relação aos interesses de uma elite nacional que, segundo diz, vem há muito tempo usando a imprensa para seus propósitos.

Carta Capital não é chapa-branca? Então o que a revista está fazendo no site do partido de Lula? Pois a revista do Mino Carta tem um link no site do diretório nacional dos petistas. Cá pra nós, se não fosse chapa-branca, o PT não a aceitaria em sua página.

Entrei no site do PT e lá encontrei um link de Carta Capital entre vários links que acessam áreas de interesse do partido. A revista está em destaque entre os outros links, que são do próprio partido e do governo Lula. É a única publicação de imprensa com um link, que endereça para uma página sua de assinaturas. Quem quiser ver, clique aqui. O link está no lado direito.

Isso é que é ser chapa-branca de carteirinha. E Carta Capital é governista com orgulho, com link no próprio partido do governo. Com diria o presidente Lula, nunca neste país... etc. e etc.
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POR José Pires

Brasil, sil, sil

Na falta de títulos melhores, temos mais um, e é um internacional. O Brasil está no topo da lista de países com maior número de expulsos da Grã-Bretanha em 2007.

O número é bem demonstrativo de um país com seus cidadãos em fuga pela sobrevivência. 11,4 mil brasileiros foram mandados embora da Grã-Bretanha no ano passado.  4,7 mil foram barrados nas fronteiras e 6,7 mil foram deportados depois de um período na ilegalidade.

E o Brasil aparece bem a frente do segundo lugar nesta lista de expulsos. O próximo da lista é a Índia, com 3,3 mil cidadãos forçados a voltar para casa.
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POR José Pires

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Lula, o inspirador

O presidente Lula (ufa, ele é) andou falando mal dos jogadores da seleção brasileira na semana passada e neste domingo a equipe de Dunga deu a volta por cima e ganhou do Chile por três a zero. O time não fazia gol há três partidas.

A asneira de Lula foi usada pelo técnico na preleção aos jogadores. "O nosso presidente veio dizer que nossos jogadores não são homens", disse Dunga. E depois de dizer aos atletas que eles são vencedores, emendou com esta bela frase, um, digamos assim, chutaço linguístico: "Aí vem outro f.d.p. e diz que falta sacrifício a vocês".

É até chato que jogadores de futebol estejam dando lição à sociedade civil do que dévíamos estar fazendo há muito tempo em resposta as besteiras e insultos de Lula. Mas o que podemos fazer? Um País que inventou a oposição que não é contra o governo tem mesmo que ouvir desaforo e se calar.

Mas temos que aprender com este bom desempenho da selação brasileira. Deve ter uma lição aí. Lula não pára de falar que o Brasil (o país) está em sua melhor fase e a temos aí violência, falta de saúde, infra-estrutura e outras faltas, inclusive de vergonha. E quando ele vem falar mal do Brasil (a seleção), o time começa a jogar bem.

Talvez se Lula parar de falar as batatadas de sempre o país comece a melhorar.
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POR José Pires