quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Desordem na casa

O governo do PT está totalmente descontrolado. Sua desorientação interna é de tal grau que resultou até na absurda fraude da CPI da Petrobras. A revista Veja desta revela a existência de um vídeo que comprova que o governo e lideranças do PT montaram um esquema que repassava para depoentes perguntas que seriam feitas por senadores da base aliada, indicando as respostas mais adequadas para livrar o governo de complicações. Uma das reuniões para a armação ocorreu no gabinete da presidente da Petrobras, Graça Foster.

A partir da publicação da reportagem de Veja, outros jornalistas foram atrás do assunto e descobriram novidades. Na segunda-feira já se sabia que o comando da operação foi no Palácio do Planalto e envolve dois assessores do ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Relações Institucionais. São eles Luiz Azevedo e Paulo Argenta. Pois hoje a Secretaria de Relações Institucionais lançou uma nota, que obviamente era para amenizar os estragos. Mas seu conteúdo só fez piorar a crise. A nota é assinada por Azevedo, que resolveu aparecer. Ele é Secretário Executivo da pasta de Berzoini, que aliás entrou no governo para dar uma acertada nas relações com o Congresso, que iam mal.

Em vez de amenizar, o texto piora o desgaste criado com a fraude. Como eu disse, os petistas estão totalmente sem rumo. Já sabíamos que eles não conseguem nem organizar uma defesa discreta contra uma CPI, o que todo governo costuma fazer, até em prefeituras do interior. Vê-se agora que estão sem capacidade até para fazer um simples texto que ao menos contorne uma acusação. Num trecho da nota, Azevedo explica sua função na Secretaria e faz de forma desastrosa e arrogante uma confissão de intromissão nos assuntos do Legislativo: "Atuo em ambas as frentes para que todos os esclarecimentos, dados e fatos sejam prestados pela empresa, visando assegurar a qualidade das informações, evitando, dessa forma, o uso político eleitoral da CPI".

É até constrangedor ler um negócio desses. É o Azevedo, a serviço do Palácio do Planalto, que cuida para que não haja "uso político da CPI", lá no Congresso Nacional. Não tem ninguém no governo Dilma para pegar uma bobagem dessas e jogar no lixo? Parece que não, pois a nota aí está e vai obrigar os próprios políticos da base aliada do governo no Congresso a tomar providências. Terão de fingir com uma certa ênfase que defendem a independência da Casa. Fico imaginando a irritação de senadores vivaldinos, com longo currículo de tramóias nesta pobre República. Com essas coisas fica cada vez mais difícil a reeleição de Dilma Rousseff. Até quem gostaria de seguir com a mamata que já vai para 14 anos deve estar lamentando não ter ido para outra barca, de alguém capaz de fazer um governo que saiba ao menos engabelar a opinião pública sem causar alvoroço.
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POR José Pires

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Brigando com a classe média

O PT é um partido que perdeu o discurso. Eles não conseguiram elaborar no poder um projeto à altura do encantamento que souberam criar enquanto estiveram na oposição. E para piorar, de uns tempos pra cá o partido tem se confrontado exatamente com uma parte da população que eles sempre tiveram dificuldade em conquistar: a classe média.

Já são notórias as palestras amalucadas de Marilena Chauí, quando ela senta a ripa na classe média e faz isso de forma grosseira, sem uma argumentação que dê solidez ao seu, digamos assim, pensamento. Em vídeos que correm a internet, num debate com a presença do ex-presidente Lula (que inclusive aplaude o que ela diz), a sua fala é a seguinte: "Eu odeio a classe média. A classe média é o atraso de vida. A classe média é a estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista. É uma coisa fora do comum a classe média. A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista. Ela é uma abominação ética, porque ela é violenta. E ela é abominação cognitiva porque ela é ignorante".

Já que a professora de filosofia fala em estupidez, em política esta é uma das falas mais estúpidas que já se viu, mesmo se levarmos em consideração que ela veio da boca da militante de um partido de onde sai muita besteira. E comprar uma briga desse tamanho exatamente na presença do líder de um partido que disputa uma difícil eleição faz da professora uma ignorante em política. E Lula ainda aplaude. É espantoso que não percebam o estrago que isso causou. Não foi evidentemente nas camadas populares, mas é pela classe média que uma queda pode começar. Ou pelo menos ter um bom empurrão.

E tanto não se aperceberam das palavras equivocadas, que o ex-presidente está indo para a rua com uma conversa parecida. Nesta terça-feira, em comício no pátio da montadora Ford, em São Bernardo do Campo, o candidato Alexandre Padilha foi apresentado por ele como “petista muito jovem, médico que foi para a Amazônia cuidar de doenças tropicais em vez de ficar comodamente na avenida Paulista”. Precisando fazer crescer uma candidatura que está na lanterninha em São Paulo e a da sua sucessora, que patina enquanto a oposição acelera, Lula vem com uma conversa que desagrada ao paulistano e por extensão agride a classe média de todo o país. Os petistas perderam tanto a noção, que parece que acham que médico no Brasil é tudo rico. E lá vem Lula batendo na classe média, que é a mais prejudicada por enquanto com a crise criada pelo governo do PT. Ele faz o contrário do que exige seu papel de líder. Em vez de ter dado um puxão de orelhas na Marilena Chauí, sai repetindo o discurso dela.
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POR José Pires

Lula sem sem platéia


Um ato eleitoral ocorrido nesta terça-feira com a presença do ex-presidente Lula mostrou o estado de ânimo do PT nesta campanha eleitoral. O comício foi na fábrica da montadora Ford, em São Bernardo do Campo, lugar onde Lula sempre teve popularidade muito alta. Lula e o candidato petista ao governo do Estado, Alexandre Padilha, discursaram para um pátio praticamente vazio. O ato teve a participação da cúpula da CUT. Os funcionários deixaram o trabalho depois das 16 horas e poucos ficaram para ouvir Lula, que subiu ao caminhão de som às 17 horas. Cerca de 50 pessoas estavam presentes, contando os cabos eleitorais de candidatos a deputado.

O estado de ânimo pode ser conferido pela cara do Lula nessa foto. Nas outras imagens o clima é o mesmo. É óbvio o ar de preocupação e também de irritação do chefão petista. O Lulinha paz e amor é só marketing. Nos bastidores, ele não tem paciência alguma com quem trabalha com ele. E quando as coisas não vão bem, seu mau humor piora.

É muito sintomática a falta de entusiasmo com a presença de Lula exatamente no lugar onde historicamente sua imagem sempre foi muito forte. Existem vários problemas que podem explicar esta situação difícil que o PT enfrenta nesta eleição. Temos as dificuldades que estão aí à vista de todos, com os preços de tudo subindo, a ameaça com a falta de segurança, a roubalheira do dinheiro público, uma porção de problemas que estimulam um sentimento oposicionista e criam um desencanto em quem algum dia acreditou neste governo. Mas penso que Lula também não soube administrar sua imagem nesses quatro anos do governo de Dilma Rousseff. Só deu ele durante todo o mandato da sua sucessora, de tal forma que hoje em dia ele é uma figura sem atrativos.

Agora durante a campanha fica difícil para o eleitor ver na sua presença algo especial na eleição. Qual é a novidade que alguém pode esperar do político que mais aparece e mais fala neste país? Lula acaba sendo mais do mesmo. A super exposição banalizou a sua imagem. Até o lado pitoresco das suas falas não desperta mais a curiosidade de antes. A impressão é que ele já deu tudo o que tinha que dar. No popular, perdeu a graça. Esta é mais uma consequência da notória incompetência petista. Foi tamanha a exploração que fizeram da imagem de Lula que o brasileiro acabou perdendo todo o interesse no mito criado por eles.
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POR José Pires



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Imagem- Abraçado por um candidato de sorriso marqueteiro, Lula mostra na cara como vão as coisas no PT.

Link: Padilha discursa com Lula em pátio vazio de montadora no ABC

 

domingo, 3 de agosto de 2014

Um olhar de fora sobre o papel político do Hamas

A esquerda tem o defeito grave de sempre estabelecer de imediato um lado quando está à frente de uma questão. É que estão fazendo neste conflito em Gaza, no contra-ataque de um país a um grupo terrorista. E digo contra-ataque porque não se deve esquecer que tudo começou com a morte de três jovem israelenses. Logo depois veio o assassinato igualmente horrível de um jovem palestino. E isso com o Hamas lançando mísseis sobre Israel. Os autores da morte do palestino foram logo identificados pelo governo de Israel e presos. São extremistas israelenses. Não se sabe nada dos assassinos dos garotos israelenses, apesar de ser óbvio que o Hamas teria condição de descobrir com facilidade os autores da atrocidade. Mas o obstáculo para que isso aconteça vem de uma diferença que o governo brasileiro não tem observado nesta questão: de um lado está um grupo político extremista armado e do outro temos um país, Israel.

O erro de escolher de imediato um lado no conflito já começa por dar uma equivalência que não existe entre as partes do conflito. O Hamas é um grupo terrorista islâmico que nem é exclusivamente palestino. É um grupo de combate e de militância com financiamento e origem ideológica em países da região com regimes teocráticos, todos eles sem nenhum respeito à democracia. E já que temos no Brasil um apoio esquerdista entusiástico, é bom que se diga que os países que estão por detrás disso não respeitam as minorias e nem mesmo direitos básicos das mulheres. Neles, o Estado prende, tortura e mata uma pessoa apenas por causa da forma de fazer sexo. É preciso ter também a consciência de que o plano político e religioso é o da implantação universal desse modelo.

O Brasil não tem embaixador para chamar de volta do Hamas. Ou será que tem? O Hamas não é unanimidade nem entre os palestinos, apesar do poder extremo imposto pela força que alcançaram sobre este povo. Ou será que os que fazem uma gritaria contra Israel pensam que poderiam discutir este assunto com tal liberdade se vivessem entre os palestinos? Não poderiam. Em Israel hoje governa uma direita detestável, porém o debate é livre no país, a imprensa critica o governo e até são criados grupos de apoio aos palestinos. Onde o domínio é do Hamas a opinião só pode ser a favor de sua política.

Volto a repetir que esta é a diferença entre um país e um grupo armado. A presidente Dilma Rousseff fez parte de um grupo desses no Brasil — nos anos 60 — e talvez não tenha ainda adquirido consciência dessa diferença. Na época em que ela cometia o erro de pegar em armas os brasileiros viviam sob uma ditadura, mas aqui tínhamos na oposição uma maioria de pessoas fazendo um combate democrático ao poder arbitrário dos militares. Cada forma de agir tinha objetivos muito diferentes. A luta armada implantaria no Brasil uma ditadura comunista, o que já é muito ruim, mas em nossa situação teria o agravante de ser um regime tutelado por país estrangeiro. Documentos comprovam isso. Já a oposição democrática queria a liberdade no país, tese que felizmente foi a vitoriosa.

Hoje isso está muito claro até documentado, mas naqueles tempos um país estrangeiro democrático poderia acreditar que Dilma e seus companheiros armados eram parte representativa da oposição à ditadura brasileira e confiáveis no restabelecimento da democracia. E não era nada disso. Eram grupos isolados da sociedade, com origem ideológica e comando em países estrangeiros. E em caso de vitória passariam em armas qualquer um que discordasse, a começar pela oposição democrática à ditadura. Até fizeram isso entre eles. Pois uma visão superficial de fora sobre o que acontece em Gaza pode também criar uma imagem ilusória, numa confusão de propósitos muito perigosa.

Em Gaza temos o Hamas num papel belicoso e tutelado por forças externas. Deixar de apontar de forma consistente a influência negativa desse grupo sobre a causa palestina pode acabar fortalecendo sua posição fundamentalista de composição de uma sociedade. O Hamas busca anular as outras forças políticas da região, especialmente quem deseja uma democracia autêntica numa nação palestina. A forma que o governo do PT vem agindo até agora só contribui para a implantação de uma ditadura sobre os palestinos. Mesmo que isso possa vir de uma derrota de Israel, será apenas trocar uma opressão por outra, talvez ainda pior. É esta análise que Dilma e seus companheiros não fazem. Ou talvez façam. Nunca se deve esquecer que até hoje eles acham que estavam certos no plano de substituir uma ditadura por outra em nosso país.
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POR José Pires

sábado, 2 de agosto de 2014

Atirando no alvo errado


De vez em quando rolam na internet fotografias de caçadores posando orgulhosamente com um animal abatido e junto com isso temos aquela indignação coletiva destrambelhada que desconhece modos educados, na maioria das vezes por ser uma raiva sem base no conhecimento dos fatos e ainda menos no estudo com certa profundidade do tema em questão.

As pessoas boazinhas precisam aprender com urgência que a bondade pode ser muito destrutiva quando é praticada sem o cuidado de saber de fato o que está acontecendo. Desprovido desta equilibrada atenção, um gesto que parece de ajuda pode no final ser uma agressão a quem se comporta da maneira certa.

Ao invés do ódio aos caçadores devia haver um sentimento até de respeito pelo serviço que eles fazem. É claro que estou falando de quem pratica a caça legalizada e controlada, em obediência à regras de manutenção da fauna e da flora de determinados lugares. É o caso destas pessoas que posam ao lado de um bicho morto. Um caçador clandestino não seria tolo de publicar na internet uma foto nesta situação. Com esta prova de delito ele poderia ser localizado e preso.

Um aparente paradoxo com o qual é preciso se acostumar é o de que lugares com um meio ambiente relativamente equilibrado exigem a eliminação organizada de determinados animais, especialmente os bichos de médio porte e os maiores. Num parque nacional com herbívoros de médio porte, por exemplo, terá de haver de tempos em tempos a eliminação de uns tantos deles. Não existe nesse lugares um equilíbrio natural do crescimento populacional dessas espécies e deve demorar muitas décadas para que isso seja possível.

Então, é melhor se acostumar com as matanças. E até passar a vê-las como um sinal positivo da preservação do meio ambiente. Este abate pode ser feito por profissionais desses parques ou por gente que tem a caça como um esporte. A prática já demonstrou que a segunda opção dá melhores resultados. Além disso, os organismos oficiais de preservação também ganham algum dinheiro para sua manutenção. As pessoas pagam para caçar e se responsabilizam pela utilização do animal abatido. Tudo em conformidade com regras e um calendário que atende às necessidades naturais do ambiente.

Pense numa região onde existem coelhos, por exemplo, isso para falar de um bicho pequeno. Parece muito bom que haja uma política de preservação de sua raça e realmente é ótimo que isso seja feito. Mas imagine a multiplicação desses bichos com o tempo em um número acima da quantidade de seu alimento natural. Será um desastre para o meio ambiente desta região, não é mesmo? Sem falar no prejuízo das propriedades rurais em torno. É aí que entra a caça legalizada. Bem, se milhares de coelhos soltos podem ser um problema, imaginem então búfalos, antílopes, elefantes ou qualquer outro grande animal em quantidade além do que a natureza pode dar conta.

Por questão de opinião pessoal, posso até discordar de alguém que sai sorrindo numa fotografia ao lado de um animal morto. Porém, esta pessoa não está cometendo nenhuma irregularidade. Ao contrário, acabou de dar uma grande ajuda ao meio ambiente no lugar onde matou este animal.
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POR José Pires

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Imagem- Axelle Despiegalaere, a torcedora belga que ganhou fama durante a Copa do Mundo. Ela assinou um contrato com a multinacional francesa de cosméticos L'Oreal, mas acabou sendo dispensada depois de postar uma foto ao lado de um antílope abatido. E a moça não estava fazendo nada ilegal. A caça legalizada na verdade faz parte da proteção ao meio ambiente.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Obra cruzada

Será que o PT vai colocar o Templo de Salomão em seu programa eleitoral? Pois devia. Se tem algo que cresceu nesses 14 anos de governo do PT foi a igreja de Edir Macedo. O templo inaugurado na noite desta quinta-feira com a presença da presidente Dilma Rousseff é espetacular em seu estilo de shopping center da fé, mas a Igreja Universal do Reino de Deus tem também outros empreendimentos gigantescos no país, sendo o mais importante deles sua rede de emissoras de rádio e televisão, a Rede Record, que teve sempre o entusiasmado apoio de Lula. Em 2007, ainda na presidência da República, ele fez questão de estar presente na inauguração da Record News, o segundo canal de TV aberta da empresa. Lula saudou a estréia como um passo para a "democratização da comunicação".

O governo do PT tem a maior simpatia pela Rede Record, cujo dono aparece em um famoso vídeo ensinando sua equipe a convencer o povo a doar dinheiro à sua igreja, numa técnica que ele define como "ou dá ou desce". Foi antes dele ter todo esse poder, como mostra a construção deste templo, que custou custou R$ 680 milhões. Este ano, Macedo aparece em lista de bilionários globais da revista americana 'Forbes" com uma fortuna estimada em US$ 1,1 bilhão. O autointitulado "bispo" possui um jato bimotor particular, de modelo Bombardier Global Express XRS, estimado em R$ 90 milhões.

Pobre da "democratização da comunicação" se ela depender de um magnata que fez fortuna ao modo de um mercador do templo. Mas sabemos que quando petista fala nessas coisas está pensando apenas em jornalismo a favor. E essa contribuição a empresa de comunicação de Edir Macedo tem dado ao governo. E de sua parte, quando faz uma campanha acirrada contra outros empresários da comunicação, o PT fala bastante contra os tais negócios cruzados (jornal, rádio, editora, internet, canais de TV, etc.) na mão de um empresário, mas jamais cita a perigosa associação entre religião e um vasto poder na área de comunicação. É claro que o templo de Salomão não faz parte do PAC, mas também é evidente que o governo sempre deu a maior força para o crescimento impressionante do império de Edir Macedo na Terra. Vai ser um pecado se o PT não colocar o templo na sua propaganda eleitoral.
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POR José Pires

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Link- Veja aqui Edir Macedo e suas lições para ganhar dinheiro.

Companheiro de montaria

Tem aquela velha história de pendurar uma melancia no pescoço para aparecer. No desespero de uma candidatura entre os últimos em São Paulo, o candidato petista Alexandre Padilha radicalizou para chamar a atenção: subiu no ombro do senador Eduardo Suplicy, que o carregou durante uma caminhada, enquanto ele falava ao microfone. A cena patética é reveladora do nível a que chegou o PT. Não vejo muita diferença entre a ridícula performance dos dois e as encenações feitas pelo ex-presidente Lula pelo país afora, falando as coisas mais absurdas para ocupar espaço na imprensa, chamar a atenção sobre a candidatura de Dilma Rousseff e ainda desviar o foco de seus malfeitos. Dilma só não sobe literalmente nas costas de Lula porque ele não aguenta.

O nivelamento por baixo vem do próprio comportamento de Lula, que tem cada vez menos discernimento de limites morais ou de respeito à realidade no que faz ou no que fala. De um partido que tem Lula como guru pode-se esperar tudo e um pouco mais.

Este espetáculo grotesco do Padilha trepado no Suplicy é ainda mais sintomático da decadência petista por acontecer no estado de maior peso econômico do país e de maior eleitorado, além de ser o lugar onde está concentrada a parte mais importante da liderança petista e também de seus intelectuais e a militância mais qualificada. Se neste lugar o que o PT tem a apresentar numa campanha eleitoral é essa lamentável “ação política”, dá para imaginar a quantas anda a tal da forma de fazer política do PT, autoelogiada pela militância pelo país afora como uma novidade que viria renovar definitivamente o Brasil.

Padilha e o performático Suplicy criaram o logotipo ideal para o PT. A marca pode até substituir a notória estrelinha vermelha, que já deu o que tinha que dar de lucro. E como deu. A cena de um petista carregando outro nas costas simboliza com perfeição o padrão político estabelecido no partido nesses anos de poder. Montados um no outro, às vezes em revezamento conforme exige a oportunidade, os companheiros vão se aguentando no poder, nessa estratégia de evitar a qualquer preço desocupar o lugar.

O recurso é inclusive solidário, porque em certas ocasiões é preciso carregar um companheiro até a porta de uma penitenciária. E acontece até de aliados de outros partidos subirem nos petistas, como costumam fazer Paulo Maluf, Renan Calheiros, José Sarney e outros cavaleiros cujas pernas já adquiriram até o contorno do dorso petista. O PT encontrou afinal o emblema de seu caminho político: monta aí, companheiro, sem medo de ser feliz. E também de ser ridículo.
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POR José Pires

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Uma cabeça na bandeja do Santander para Lula

A analista do banco Santander que fez uma avaliação econômica que desagradou aos maiorais do PT foi demitida. O bilhete azul da bancária veio rápido. O ex-presidente Lula pediu a cabeça da moça na segunda-feira, em discurso feito na 14ª Plenária da CUT, a Central Única dos Trabalhadores. Naquele seu nível já bastante conhecido ele bajulou o presidente mundial do banco, Emílio Botín, e sentou a ripa na funcionária. Disse que ela não sabia “porra nenhuma”.

Para quem acha que os avisos de retrocesso foram poucos até agora, aí está mais um. Aquele velho conhecido risco do ninho da serpente é fichinha perto do perigo que significa uma quarta vitória do PT, que caso ocorra o partido poderá completar 16 anos de poder. Os ovos da serpente estão trincando. Será que o país suporta o estrago? Acredito que não. A nossa democracia, com certeza, não tem estrutura para aguentar o entusiasmo que os companheiros terão num quarto mandato. Eles já mostraram muito bem que o povo de seus sonhos é o que aplaude qualquer coisa que eles façam.

O fato de Lula pedir a cabeça de uma trabalhadora numa plenária da central sindical ligada ao PT e ainda ser aplaudido mostra muito bem o andamento dos planos desse partido na implantação de um projeto de poder que não aceita um ponto de vista independente nem em análise econômica interna de um banco. Imaginem a posição da CUT se em vez de Lula fosse o candidato Aécio Neves a pedir a demissão de uma trabalhadora que o desagradasse.

Mas para eles o Lula pode tudo. Há muito tempo que a CUT virou um braço a mais do poder, movimentado-se apenas no rumo de objetivos eleitorais favoráveis ao PT. A central petista já havia ultrapassado de forma vergonhosa todos os limites da decência no uso da sua máquina como força manipuladora dos trabalhadores, mas neste episódio eles conseguiram superar a própria hipocrisia, que já era espantosa. A CUT serviu de palco para seu chefão político pedir a demissão de uma trabalhadora a um banqueiro estrangeiro. É para não restar dúvida alguma de que esse tipo de sindicalismo não tem limite algum na subserviência ao projeto de poder de seu partido.
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POR José Pires

Correndo do prejuízo do PT

O ex-presidente Lula vive confessando as tretas que armou contra o país. É só pegar suas falas que, em algumas delas, é possível encontrar até confissão de ilegalidade. As de incompetência estão em quase todas. Em discurso nesta segunda-feira, durante abertura de uma plenária da CUT, em Guarulhos, ele disse o seguinte: “Não tem nenhum lugar no mundo que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que aqui”.

Lula falava sobre o comunicado interno do banco espanhol informando a clientes que a reeleição da presidente Dilma Rousseff vai afetar negativamente a economia brasileira. Ou seja, a análise do banco repassava uma informação que todo mundo já sabe. É por conta do desespero eleitoral que os petistas estão se fazendo de bravos com o informe do Santander. Qualquer coisa serve para se vitimizarem. No encontro da CUT, referindo-se ao presidente do banco, Emílio Botín, ele disse o seguinte: "Botín, é o seguinte, querido. Eu tenho consciência de que não foi você que falou, mas essa moça tua que falou não entende porra nenhuma de Brasil". Pois é, o nível é esse. E este é o cara que há poucos dias se fingia de horrorizado com os torcedores da Copa mandando Dilma tomar naquele lugar.

É claro que dessa plenária vai sair um apoio da central sindical à reeleição de Dilma. Mas já de início saiu mais uma confissão do Lula. É óbvio que ele esperava uma retribuição do Santander pelo fato do banco estar "ganhando mais dinheiro aqui do que em qualquer lugar do mundo". É uma política econômica do toma lá dá cá? É o que parece. E não é diferente de políticas do PT em outras áreas.

Não acho que faça bem pra país algum que bancos ganhem muito dinheiro, ainda mais em quantidade superior ao resto do mundo. Porém, se é para isso acontecer, espera-se pelo menos que um lucro desses faça parte de um projeto sério de governo, não é mesmo? A alta lucratividade viria de uma concepção econômica de fortalecimento do desenvolvimento do país. Mas não é assim. Aí o governo teria de ter um projeto político de consequências positivas para o Brasil. E isso não existe desde o primeiro dia em que Lula pôs os pés no Palácio do Planalto. Como ele confessou nesse evento da CUT, de lá pra cá a política econômica do PT é do toma lá dá cá. E o desastre criado para o país foi tão grande que agora até os bancos estão querendo sair desse jogo.
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POR José Pires

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ilusões do nosso tempo

Existe hoje em dia uma dificuldade que me parece muito grande, enorme mesmo, na definição dos fatos. “Assim é, se lhe parece” é uma frase ótima de Luigi Pirandello, escritor italiano que infelizmente anda esquecido. É um autor desse nosso tempo. A frase é um conceito genial sobre a realidade e a aparência. Mas com isso Pirandello fazia arte. Hoje estão criando fraudes.

Tem muita coisa por aí que não é o que parece. Manifestação de protesto, por exemplo, é qualquer coisa que o jornalista decida, o que pelo jeito é regido pela preguiça em eliminar acontecimentos que valeriam no máximo apenas uma notinha de curiosidade. Isso aconteceu neste episódio da prisão de manifestantes violentos no Rio de Janeiro, quando fizeram a cretinice de entrar no consulado do Uruguai para pedir asilo político. Seria para rir, se não fosse trágico, mas o que me chamou a atenção foi uma notícia sobre "manifestação" de apoio aos pretensos asilados na frente do consulado.

É claro que cliquei para ver a multidão de cariocas nas ruas exigindo justiça para os perseguidos políticos do terceiro milênio. Porém, o que vi foram quatro pessoas — isso mesmo, quatro — com dizeres escritos às pressas em cartolinas. Uma das fotos inclusive mostra os "manifestantes" escrevendo na hora as palavras de ordem para fazer a foto. Pode até ser coisa dos próprios jornalistas, uma sugestão de cena para levar algo, digamos assim, mais substancial para a redação. Não é nem um pouco ético jornalista influir desse jeito na realidade que ele tem a obrigação de relatar ao leito, mas essas coisas têm acontecido demais. É um viés de esquerda desta profissão, entende? E lá estavam as quatro pessoas, que na notícia foram transformadas em "manifestação". E o site ainda publicou as falas de alguns deles, sem a preocupação de informar ao leitor o que eles fazem na vida e o que, afinal, representam.

Isso foi um acontecimento brasileiro — espere, esqueci as aspas — "acontecimento brasileiro", mas já vi esse tipo de farsa em fatos — as aspas, sô! — "fatos" do exterior que foram depois influenciar atitudes pelo mundo afora. Um exemplo: numa das ações do Femen, na Rússia, fui lá ver o que se passava e dei com cena parecida com a dos gatos pingados do consulado uruguaio. Era uma meia dúzia de garotas de seios de fora. Numa das fotos elas tiveram que se juntar para dar uma imagem melhorzinha. Mas é assim agora. E no caso do Femen, essa ação sem representatividade alguma virou notícia internacional, levando outras gatinhas exibicionistas (ou nem tão gatinhas assim) a mostrar os peitinhos em outros países. Sempre protegidas socialmente, é claro, que ninguém é de ferro.

Citei esses exemplo, mas a falta de noção da imprensa tem gerado uma porção de ilusões semelhantes. São atos sem nenhuma representatividade, nos quais uma minoria de pessoas mais ousadas ou mesmo doidinhas fazem uma performance de grupo e viram notícia política. E já sabendo que os jornalistas estão desse jeito — aceitando qualquer encenação como se fosse um fato real — partidecos oportunistas e irresponsáveis como o Psol e o PSTU armam confusões com jovens abilolados e acabam aparecendo como se fossem partido atuantes da atualidade.

A imprensa brasileira precisa retomar sua responsabilidade na definição séria do que acontece no Brasil, um país, aliás, que num passado recente, manifestação pra ser respeitada tinha que juntar muita gente e ter liderança séria. Mais que petulância juvenil e seios pra fora, é necessário substância política e representatividade que justifique a notícia. É a mesma exigência que deve ser feita antes de tratar como herói do povo qualquer maluco que joga uma pedra numa vitrine ou toca fogo em alguns papéis nas ruas. O brasileiro precisa reaprender a dar o nome certo à coisa certa.
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POR José Pires

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Imagem- Manifestação? Não é, mesmo que lhe pareça.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dilma Roussef e a obra do mestre Suassuna

O que é que a presidente Dilma Rousseff foi fazer no enterro de Ariano Suassuna? Duvido que ela tenha lido alguma obra dele e ela também nunca teve nenhuma intimidade com o escritor. Dá para alguém imaginar Dilma lendo "Romance d'A pedra do Reino"? É o grande livro de Suassuna e uma das obras-primas da nossa literatura. Pode-se até dizer que é uma grande obra universal, de todo o mundo. Mas é intraduzível para outra língua. E não é um romance de fácil leitura. Suassuna juntou várias linguagens, tantas delas que a definição de "romance" deve ser usada neste caso apenas porque é necessário uma palavra para definir a beleza que extraiu da vida nordestina, com aqueles traços de cultura antiga que ele pôs em tudo que criou. Nestes escritos está a sua filosofia cultural, chamada por ele de "armorial" e da qual saíram caminhos para as mais variadas artes, inclusive as artes plásticas. Suassuna talvez seja o único escritor brasileiro que além de fazer seus livros tinha a intenção de criar em torno deles praticamente um sistema filosófico, uma estrutura que buscava abarcar todo o universo das artes, inclusive conceitos de difusão da cultura. Ele foi secretário da Cultura de Pernambuco, no governo do candidato do PSB, Eduardo Campos.

Dilma não tem interesse nessas coisas. Se conhece algo de Suassuna ela deve ter visto pela TV, naquela adaptação muito boa feita pela TV Globo da peça "O auto da compadecida". A presença da presidente no velório se deve apenas ao oportunismo político, que ela transferiu de seu chefe, o ex-presidente Lula. Em ano de eleição, o comportamento do PT é o da demagogia sentimental comum na política. Sai pegando em alça de caixão. Desde que isso renda voto, é claro. A candidatura de Dilma sofreu um baque em regiões importantes, no sul e no sudeste, então o PT precisa manter a força que sempre teve em campanhas presidenciais no Nordeste.

O ex-presidente Lula sempre foi um ignorante tão sincero que até criou uma imagem pitoresca do sujeito que nada lê e nem estuda. É a velha história do sujeito que vence na vida apesar da falta de estudo. Ele se gaba disso e está errado na propaganda dessa ignorância de resultados. Isso desestimula o respeito à educação e à cultura. Porém, pelo menos neste caso (talvez o único) Lula tem a honestidade de não fingir ser o que não é. Dilma não. Ela posa de figura com boa formação intelectual, o que é desmentido pelo conteúdo de qualquer fala sua.

Mas alguém pode dizer que na presidência da República um político deve prestar homenagem póstuma a uma personalidade destacada da nossa literatura. Então por que ela não foi ao enterro do João Ubaldo Ribeiro? Ou do Rubem Alves? Ora, porque sua presença nesse velórios não renderia o que o PT precisa no momento para sua candidatura. Só isso. E se Dilma era tão chegada ao Suassuna, a ponto de ir ao seu enterro, então é o caso de perguntar de que forma que as ideias culturais do escritor foram aplicadas no governo do PT. Não foram. E isso é uma lástima, porque Suassuna tinha boas ótimas de valorização da cultura popular e de aproveitamento prático do conteúdo da cultura tradicional do povo. Coisas belíssimas foram extraídas por ele das ruas e transformadas em cultura de alta qualidade, inclusive de valor erudito.

E onde foi que Dilma e seu PT aplicaram estes ensinamentos do mestre nordestino nesses 12 anos — sim, tudo isso — de governo? Em lugar algum. A qualidade cultural da obra de Ariano Suassuna só é conhecida mais amplamente no Brasil graças ao trabalho primoroso da Rede Globo — a Globo tão atacada com desrespeito pela militância petista —, que não só levou ao ar obras dele como também incorporou influências em vários outros trabalhos. É muito interessante esta contradição, que bate de frente inclusive com o pensamento político de Suassuna, que era populista e autoritário em excesso. A obra do mestre não teve aplicação da parte do Estado. Sua popularidade nacional hoje em dia se deve exclusivamente à iniciativa privada.
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POR José Pires

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Lula e suas tretas de tribunal

O Tribunal de Contas da União chegou ao montante do prejuízo da compra pela Petrobras da refinaria Pasadena, no Texas: R$ 1,6 bilhão. É uma fortuna. E este é apenas um dos negócios feitos ruinosamente na estatal brasileira durante o governo do PT. Tem outras contas para o brasileiro pagar. Onze diretores foram condenados a devolver o dinheiro e tiveram os bens bloqueados por um ano. Entre eles está José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa e maioral petista que antes dos escândalos era cotado para ser o candidato do partido ao governo da Bahia.

O julgamento do TCU trouxe um fato muito interessante: a entrada do ex-presidente Lula na jogada. Não, ele ainda não foi responsabilizado por nada. Lula tentou interferir no resultado, para que não houvesse condenação no TCU. Para isso ele conversou com Múcio Monteiro, ministro do tribunal que ocupou a pasta das Relações Institucionais em seu governo. Outros membros do TCU foram pressionados. José Jorge, relator do caso, foi ameaçado com denúncias, inclusive sobre sua vida pessoal. Dizem que para abafar o caso até uma vaga no Supremo Tribunal Federal apareceu como moeda de troca. Pois é: sempre tem mais fundo para cavar no poço quando se trata desse governo.

A vaga oferecida é a que o ministro Joaquim Barbosa vai deixar. Isso mostra muito bem a forma que Lula usa o poder. Não é a primeira vez que ele tenta mudar um resultado de tribunal que prejudica seus companheiros e, por extensão, complica sua imagem e seus planos eleitorais. Isso faz lembrar sua ameaça ao ministro Gilmar Mendes, quando o julgamento dos mensaleiros estava no início no Supremo Tribunal Federal. Lula procurou o ministro do STF em seu escritório e na cara dura o ameaçou com supostas revelações de ilegalidades. Sua chantagem foi repelida e Gilmar Mendes ainda denunciou na imprensa o abuso do petista.

Outras pressões feitas por Lula devem aparecer, conforme a história política recente do país for sendo contada. Podem surgir inclusive outras chantagens ou talvez até coisas piores. Quem viver verá. E muita gente também há de se arrepender de estar defendendo o chefão petista hoje em dia. O Lulinha Paz e Amor é só para o marketing. Lula joga pesado na política e não é de hoje. Uma pessoa que eu espero que viva bastante e possa contar fatos importantes de sua vida, revelando aos brasileiros importantes memórias da relação entre o Judiciário e o Executivo nesta Era Petista é o ministro Joaquim Barbosa. Ele pagou um preço alto por sua coragem na condução do julgamento que botou em cana a cúpula do PT envolvida no mensalão. Os ataques à sua honra feitos pela máquina de difamação petista têm sido até hoje dos mais pesados.

Não duvido que Barbosa tenha sido obrigado a ouvir de Lula este tipo de conversa que ele gosta de ter para tratar de seus interesses políticos e contentar sua ambição pessoal desmedida. Foi o ex-presidente que o nomeou e ele costuma cobrar fidelidade. O Brasil merecia saber de Barbosa se ele também foi colocado um dia contra a parede para atender vontades que nada têm a ver com a decência. O que sabemos é que, se isso ocorreu, o ministro não cedeu. E deu para perceber várias vezes em suas falas as entrelinhas muito dignas de quem sofreu uma grande desfeita.
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POR José Pires

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Golpe no direito de manifestação

A prisão de manifestantes que se articulam para praticar violência em protestos de rua vai resultar em fortalecimento da democracia e não o contrário, como desavisados (e alguns de má fé) vêm dizendo. Figuras como Sininho e seus companheiros não têm nenhum interesse na democracia. Quem já esteve à frente de figuras radicais desse tipo sabe muito bem que diálogo não é com eles. Não respeitam divergência de forma alguma. Da parte deles espere apenas intimidação, que é o que acontece mesmo quando eles estão num debate público. Já tive esta experiência. Sem tropa de choque para contê-los fica difícil até a discussão mais simples.

O resultado da ação desses bandos até agora foi acabar com a possibilidade de manifestação pacífica no país. Qualquer pessoa decente terá muita dúvida em organizar qualquer protesto sabendo que pode aparecer esse pessoal violento. Já participei de muitas manifestações cívicas, desde a época da ditadura militar, sendo uma delas no ano 2000, quando em Londrina, no Paraná, fizemos o movimento "Pé Vermelho! Mãos Limpas!", que levou à cassação do prefeito da cidade, Antonio Belinati, por corrupção.

Pois hoje em dia seria muito difícil fazermos algo igual, por causa do clima criado por esta canalha de extrema esquerda. Ou seja, esses bandos acabam favorecendo os corruptos, pois a população não tem mais segurança para se manifestar nas ruas. Na prática, essa esquerda conseguiu destruir o direito de manifestação. Por isso acho que prisões como essas até vieram tarde. O correto seria meter na cadeia qualquer um que praticasse violência em manifestações de rua. Seria melhor ainda para a democracia se o rigor da lei fosse maior, com penas mais longas e a aplicação de multas pesadas.
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POR José Pires


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Imagem- Folheto do movimento "Pé Vermelho! Mãos Limpas!", que levou à cassação do prefeito de Londrina, Antonio Belinati, em junho de 2000; se na época tivesse black blocs nas ruas, a corrupção é que venceria

Dupla personalidade


Como o PT quer tirar proveito em tudo, o partido muitas vezes fica parecendo esquizofrênico. Dá para levar a sério um partido que clama pelos "direitos do povo palestino" e aplaude ao mesmo tempo a ditadura de Fidel Castro, que não permite direito algum ao povo cubano? É claro que não. O PT precisa se cuidar. Para esses distúrbios de personalidade existe atendimento especializado. E como somos democratas, não precisa ser pelo método cubano, que implica em reeducação à força.

Mais uma esquizofrenia petista manifestou-se nesta prisão decretada pela Justiça de manifestantes que planejavam perigosas confusões nas ruas. O PT protestou contra a prisão. Em denúncia do Ministério Público 23 ativistas são acusados de associação criminosa. Entre ações violentas são citados o incêndio de um ônibus e a intenção de atear fogo ao prédio da Câmara de Vereadores, no Rio de Janeiro.

A polícia investigou e juntou provas desde o ano passado e teve o pedido de prisão aceito de acordo com a lei. Todos os acusados tiveram direito à defesa e até alguns habeas corpus já foram concedidos. Ninguém foi torturado, todos foram presos com vida. Nem parece ação policial feita no Brasil. Numa da acusações, Elisa Quadros, a famosa Sininho, aparece mandando manifestantes tocar fogo no prédio da Câmara do Rio durante um protesto. Três galões de gasolina seriam usados para isso, mas o crime foi impedido por outros participantes da manifestação.

Com as pessoas presas foram encontradas bomba de grande poder letal, pólvora e gasolina para fazer coquetel molotov. O próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirma que no inquérito há referências a bombas no metrô carioca. O MP incluiu também na denúncia os dois black blocs acusados de terem acendido o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, durante protesto em fevereiro. Nessa época Sininho alcançou fama nacional, quando esteve na delegacia oferecendo aos acusados apoio político e advogados de defesa.

É muito raro a polícia brasileira merecer elogios, mas o trabalho foi altamente produtivo. Desta vez ela agiu de forma investigativa, o que sempre foi cobrado dela. Foram evitados inclusive atos violentos que estavam sendo planejados para a final da Copa do Mundo. É óbvio que se acontecesse algo no grau de violência detectado o efeito seria muito ruim para o governo Dilma. E aí vem a esquizofrenia petista. O PT lançou uma nota de repúdio à prisão dos manifestantes. A nota afirma que a prisão foi "uma grave violação de direitos e das liberdades democráticas" e pede que sejam repelidas "a violência do Estado e a intimidação dos manifestantes".

É esquizofrenia grave. O PT vai acabar se socando em frente ao espelho. Conforme eles dizem na nota do diretório nacional, então vivemos num regime de exceção. E o governo é do PT. Nesta situação, o partido devia fazer aquilo que ameaçou quando foram presos os mensaleiros. É o momento de apelar para organismos internacionais, talvez até para a ONU. O caso pode até ser de intervenção externa para restabelecer a democracia no país e repelir a” violência do Estado”.
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POR José Pires



terça-feira, 22 de julho de 2014


Juca Kfouri e os apuros de Sininho

O Juca Kfouri de vez em seu blog dá umas saídas do tema do esporte. Hoje ele resolveu fazer a defesa da Elisa Quadros, a famosa Sininho. Sua defesa é sentimental. Ele põe em dúvida a ação da polícia e também da Justiça na operação que botou em cana ela e uma porção de militantes, acusados do planejamento de manifestações violentas durante a Copa do Mundo. Kfouri desconfia da polícia, porém não põe em dúvida as intenções de Sininho e seus companheiros. O jornalista não faz nenhuma menção ao que poderia ter acontecido se os ativistas não fossem presos. E foi numa situação criada por bandos desse tipo que morreu um colega nosso, o cinegrafista Santiago Andrade.

Ele acha um exagero a preocupação com Sininho e outros ativistas, que tinham até armas quando foram presos. Tem muita gente fazendo igual o jornalista esportivo, tratando essa turma como se eles fossem uns garotos travessos que merecem apenas um pito. E a coisa não é assim, inclusive no caso da idade deles, todos beirando os trinta anos ou com mais idade. Apesar do apelidozinho, Sininho já é bem está grandinha: tem 28 anos.

O sentimentalismo de Kfouri pode ter vindo de recordações antigas, com as lembranças de seu tempo de rapaz, quando ele pensou em entrar na luta armada. Foi salvo pelo Joaquim Câmara Ferreira, o Comandante Toledo, que falou para ele ir cuidar da vida e não entrar naquela fria. O grupo era de Carlos Marighella, que já havia sido morto. É claro que o jornalista teve a vida salva por esta atitude de Câmara Ferreira — que morreria em outubro de 1970, sob torturas. O duro é um homem que viveu essas coisas não ter a compreensão de que a democracia do país corre, sim, um risco danado com o que porra loucas como a Sininho vêm fazendo. Ou não são esses cretinos que com sua violência criaram um tremendo impedimento para o exercício da liberdade de manifestação no país?

Em seu blog, Kfouri diz que acha que Sininho vem sendo até caluniada. E então solta uma fofoca sobre ela e o deputado Federal Marcelo Freixo, do Psol. Ele diz que ouviu a história durante a cobertura da Copa. Não me parece certo pegar uma conversa informal entre colegas e repassar num blog com uma grande quantidade de leitores e ainda dizendo de qual rádio é o colega que soltou a indiscrição. Mas está tudo lá. Não é a primeira vez que ele faz isso.

Parece que com o Juca Kfouri não há discrição nem quanto à conversas informais. Ele dá uma de songamonga e repassa como se estivesse horrorizado de estarem falando tal coisa da pobre Sininho. E isso num post onde ele está dando uma lição de moral, dizendo que há uma pressão exagerada sobre a ativista. Será que ele não sabe qual é o caminho que essas conversas sobre a intimidade dos outros toma na internet? Sabe sim. Kfouri não é mais o menino que foi salvo lá atrás por uma pessoa mais experiente. Eu, por exemplo, não sabia da fofoca. Mas agora, graças ao bocudo até a torcida do Corinthians já está por dentro do babado.
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POR José Pires

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