O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que o governo vai procurar impedir que uma variante do novo coronavírus encontrada no Brasil penetre no Reino Unido. A variante apontada por Johnson foi encontrada no estado do Amazonas e identificada no Japão em viajantes que passaram pela região brasileira. A nova cepa foi confirmada pelo escritório da Fiocruz na Amazônia.
As palavras do primeiro-ministro britânico: “Estamos preocupados com a nova variante brasileira e estamos tomando providências. Acho que é justo dizer que ainda temos muitas dúvidas sobre essa variante”.
Boris Johnson é um pioneiro na chamada pós-verdade, que de verdade não tem nada. É um amontoado de mentiras, com um impulso forte no espalhamento da ideia do uso de fake news como instrumento eficiente para ganhar debates e alcançar o poder. Foi desse modo que Johnson e seu grupo levaram a melhor no plebiscito do Brexit, decisão política desastrosa que eliminou o Reino Unido da União Européia.
Johnson é de direita, mas pelo menos quanto à sua posição no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus pode-se dizer que o líder britânico não está completamente ensandecido, como aconteceu com a direita brasileira e seu chefe Jair Bolsonaro. Além disso, também ao contrário de Bolsonaro, o primeiro-ministro está procurando defender seu povo de um vírus mortal. Ele também não aparenta sofrer o grave distúrbio de Bolsonaro, da falta total de empatia com o sofrimento alheio.
A direita brasileira é capaz de assumir como crença inabalável conspirações das mais estúpidas, mas se nega a aceitar a existência de um vírus que assola todo o mundo e em registros oficiais já matou no Brasil mais de 200 mil pessoas.
Nesta quinta-feira, a Folha de S. Paulo informou com dados do Info Tracker que as festas de final de ano praticamente dobraram as taxas de contágio da Covid-19. O Rt paulistano subiu de 0,78 para 1,4. Segundo o jornal, o Rt de hoje leva em conta o que houve há dez dias. A taxa de contágio bate com o período das festas de Natal e Ano Novo.
E esses são dados apenas da capital paulista, quando sabemos que as festas de final de ano bombaram em todo o país. E o descuido com medidas de prevenção continuam, com tendência de que a irresponsabilidade continue mesmo com a vacina. O comportamento geral indica que pode haver um relaxamento, com as pessoas deixando de cumprir regras simples de proteção, a partir da ilusão de que encontrou-se a solução do problema.
O país parece caminhar para um grave aumento da falta de medidas, como o uso de máscaras e o distanciamento, quando começar finalmente a vacinação. Para não variar, o Brasil já está atrasadíssimo no planejamento da ação, com previsão de muita confusão quando isso realmente começar a acontecer.
A preocupação do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, com a tal da “variante brasileira” e o anúncio de que em seu país estudam medidas para barrar essa nova cepa do vírus, é apenas o desenrolar do agravamento do posicionamento mundial do Brasil em relação à pandemia. É claro que a falta de um planejamento nacional de enfrentamento da Covid-19 abre naturalmente o território nacional para a entrada e proliferação de novas cepas. Com essa má-fama internacional a tendência é de um isolamento do nosso país em relação aos outros países.
Um sabotador como Jair Bolsonaro como presidente — o pior da nossa história, além dele ser o último governante negacionista no mundo — impõe ao Brasil a condição de território suspeito e perigoso nesta pandemia. A peste é favorecida pelo bolsonarismo. Já é uma realidade o tal estado pária, de que se falou tanto, condição de nação isolada da qual este governo tem até orgulho.
Está mais que claro que Bolsonaro não vai mudar de comportamento, até porque é marcante na sua personalidade este caráter psicológico de auto-exclusão. O que os brasileiros precisam decidir é se vamos deixar que o desajustado incompetente carregue com ele todo o país para um isolamento global.
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POR José Pires