domingo, 26 de agosto de 2007

Corrupção policial também ajuda o tráfico

Há duas semanas já havia surgido a notícia de que o colombiano Abadia tinha dito à Polícia Federal que pagou U$ 800 mil a policiais do Denarc, o Departamento de Investigação sobre Narcóticos da Polícia Civil de São Paulo.

Segundo matéria da “Folha de S. Paulo”, o traficante disse que o dinheiro foi usado para pagar o resgate de três pessoas do seu grupo que os policiais teriam seqüestrado, no final de 2006.

De acordo com as declarações de Abadía, os policiais civis primeiro cobraram US$ 1 milhão de resgate. Depois, baixaram a quantia para US$ 800 mil. O cativeiro usado pelos policiais teria sido a própria sede do Denarc em São Paulo.

Já se sabia que o traficante viveu dois anos em um condomínio de luxo em São Paulo. Sua revelação ajuda a explicar como possível um dos maiores traficantes ter vivido todo esse tempo no Brasil sem ser incomodado.

Abadia foi preso na "Operação Farrapos”, realizada pelo Polícia Federal. Na segunda fase da operação a PF prendeu o suboficial da Aeronáutica Ângelo Reinaldo Fernandes Cassol, responsável pela Agência Nacional de Aviação (Anac), em Foz de Iguaçu, no Paraná. Junto com Cassol foi preso Adilson Soares da Silva, policial federal da delegacia de Foz do Iguaçu.

De acordo com a polícia, Cassol fornecia passaportes e vistos falsos para a quadrilha de Abadia. O funcionário da Anac revalidava os vistos de entrada e saída do Brasil, sem que o traficante precisasse viajar. De acordo com a Justiça Federal de São Paulo, Cassol fornecia os passaportes falsificados para a organização criminosa, principalmente para Abadia, para isso supostamente contando com o policial federal.

O juiz federal Fausto Martin de Sanctis, que decretou a prisão dos dois disse que "tal fato revela que a organização criminosa teria se infiltrado em órgão da União, o que coloca em grave risco a ordem pública”.

A “Operação Farrapos” descobriu também que a quadrilha de Abadia teria ramificação forte em Curitiba. Na capital paranaense Abadia teria uma mansão avaliada em R$ 2 milhões, usada como refúgio quando para lá se deslocava. A quadrilha tem ainda outros imóveis na capital.
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POR José Pires

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