Apesar das bravatas do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, a verdade é que a aceitação da denúncia pelo STF preocupa-o demais demais. Na mesma proporção que ao Palácio do Planalto. A decisão terá bastante peso no futuro político de Dirceu e na imagem do governo Lula, que deve sentir os efeitos do julgamento do “Mensalão” até no exterior.
Dirceu tem mostrado nos últimos dias que continua intacta a capacidade dele e de seu grupo de “plantar” notícias favoráveis na mídia. Em várias notícias apareceu como quase uma verdade a avaliação do Palácio do Planalto sobre as chances de Dirceu se salvar. A argumentação seria de que não haveria provas contra o amigo e ex-ministro de Lula.
Ocorre que a interpretação jurídica do STF pode ser a de considerar que indícios de provas sejam o suficiente para a aceitação da denúncia. E o procurador-geral da República, Antonio Fernandes de Souza, garante que, além dos indícios “plenamente suficientes” de prática de crime para que seja aberto o processo pelo STF, ele apresentará novas provas se isso acontecer.
É óbvio que a abertura do processo criminal não equivale a uma condenação. E a vagareza do STF também é bem conhecida: o processo contra Jader Barbalho já vai para quatro anos.
Mas o que se teme aqui não é a condenação, mas o debate público sobre a ética que a aceitação do STF vai criar no Brasil.
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POR José Pires
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