quinta-feira, 13 de setembro de 2007

E surge mais uma panacéia: a extinção do Senado

Uma idéia que começa a surgir depois da rasteira na cidadania é a da extinção do Senado, com a criação de um sistema unicameral. A idéia não é nova. Já foi objeto de discussão no Conselho Federal da OAB, no debate sobre a proposta de reforma política formulada por aquela instituição. A OAB acabou optando pela redução do mandato de Senador para quatro anos.

A absolvição de Renan Calheiros tende a estimular o apoio à idéia da extinção do Senado. Em períodos de crise no Brasil sempre surge esse tipo de solução rápida, colocados para a opinião pública como panacéias fáceis e indolores.

Um dos maiores problemas da proposta é que ela traz em seu bojo uma grande imperfeição: o presidente do PT, Ricardo Berzoini, é a favor. Isso, por si, já desqualifica bastante a idéia.

Outra coisa, se for para extinguir o Senado pela inoperância e o envolvimento com corrupção, o que devemos fazer com o PT de Berzoini, o partido que mais se envolveu em corrupção nos últimos tempos?

E um debate sobre este assunto – da extinção do Senado e não do PT – exige um clima melhor que este criado pela votação da cassação. Neste estado de elevada emoção essa discussão não deve dar nenhum bom resultado.

Por mais que a opinião pública tenha o Senado como uma casa de canalhas, não é o ressentimento a melhor base para que surja uma solução política para esse imenso problema, que os senadores só fizeram aumentar com a absolvição de Renan Calheiros.

Colocado agora, a possibilidade é que o debate tenha como referência menos a questão essencial – mais ligada a uma reforma política de verdade – e seja alimentado mais pela circunstância de uma votação viciada e os ódios originados na figura deletéria do presidente do Senado.

E extinguir o Senado pelo fato de ele não funcionar adequadamente pode trazer também um problema suplementar para um país como o Brasil, onde também não funcionam nossas mais importantes instituições. Sendo assim, como fazemos? Extinguimos o Brasil?
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POR José Pires

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