segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Bolívia de Barrientos, a democracia da Veja
Outra coisa que querem apor à história de Che Guevara é o guerrilheiro destruidor da democracia. Em termos de conceitos políticos, pode até ser. O mito de um Che Guevara lutando pela liberdade e a justiça é só isso: um mito. Guevara lutava pela implantação do comunismo. E nunca negou isso.

Mas a revista Veja e seus articulistas tentam criar a imagem de um Che Guevara estrangeiro e invasor de uma Bolívia soberana. Sobre a morte de militares bolivianos no confronto com a guerrilha a revista fala, por exemplo, de “49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar obrigatório” que morreram defendendo a “soberania de sua pátria”.

Soberania da pátria? Da Bolívia? Isso é descontextualizar mal e porcamente a História. E com uma má-fé indesculpável. A Bolívia em que Guevara fez a sua guerrilha não era nada disso que a Veja tenta fazer seu leitor engolir. O país era governado pelo general-ditador René Barrientos e dominada inteiramente pela política externa norte-americana. O presidente de então era Lyndon Johnson, que teve uma ativa colaboração com o golpe de 64, no Brasil.

Os países mais importantes da América do Sul eram dominados por ditaduras militares, entre eles o Brasil. A ditadura de René Barrientos era tão execrável que tinha como auxiliar na repressão interna o nazista Klaus Barbie, um criminoso de guerra que por duas décadas se refugiou na Bolívia até ser deportado para a França.

Barbie tinha esse sobrenome de boneca, mas era um demônio. Destacou-se por sua crueldade até entre os próprios nazistas. Era especialista em tortura e foi nessa atividade que prestou serviço à ditadores bolivianos.

Este é o contexto em que Che Guevara atuou na Bolívia e que Veja não quer ver e muito menos fazer seus leitores verem.
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POR José Pires

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