sábado, 13 de outubro de 2007

A cara da “revolução” de Hugo Chávez
O encanto de Chávez com o realismo socialista é evidente. Recentemente ele havia pedido ao arquiteto Oscar Niemeyer o projeto para um monumento a Simon Bolívar. Niemeyer se especializou nesse tipo de coisa, que tem muito a ver com o realismo socialista. É a obra de exaltação, vazia de conteúdo e de nenhuma vitalidade. E também sem nenhuma visão crítica ou analítica. Niemeyer dá a sua camada superficial de modernidade, mas na essência é bem parecido com o realismo socialista. Reparem que a monumentalidade, caráter essencial do realismo socialista, é sempre presente nos trabalhos do arquiteto brasileiro. O projeto para Chávez teria cem metros de altura.

Na semana que passou, Chávez recusou o projeto de Niemeyer e optou por uma obra do falecido escultor Alejandro Colina (1901-1976), uma estátua em homenagem a Bolívar, que o artista deixou apenas projetada.

Nunca tinha ouvido falar do escultor venezuelano, que é conhecido na Venezuela por suas obras monumentais. Uma olhada em obras suas na internet me mostrou que não perdi nada. É o artista banal fazedor de monumentos. Colina tem várias obras homenageando nativos que lutaram contra colonizadores espanhóis. O artista esculpe seus indígenas com corpos renascentistas, bem musculosos. Chega a ser acadêmico. É mesmo o artista ideal da era Chávez. Apesar de que o preterido stalinista Niemeyer também é chavista de carteirinha.

Mas independente do padrão estético do escultor venezuelano, bastante condizente com a pobreza intelectual do projeto chavista, o que anima mais o presidente venezuelano é o caráter monumental da obra. A estátua de Bolívar a cavalo terá 51,6 metros de altura. Chávez se gaba do tamanho da coisa, a ser construída no alto de uma montanha. "Será muito mais alto que o Cristo do Corcovado, no Rio de Janeiro, muito mais alto que o Arco do Triunfo em Paris ou que o Monumento a Lincoln em Washington”, ele exclamou. O venezuelano parece estar precisando de um Albert Speer.

A imagem em cima à esquerda é o projeto do monumento. Imaginem isso com cerca de meio quarteirão de altura e sobre uma montanha. Além da questão estética é um atentado á ecologia. Mas, no entanto, parece que Chávez acertou. Mesmo por vias tortas pode acabar construindo um monumento adequado à sua “revolução”, um projeto ideológico autoritário, sem dúvida, mas tão confuso que merece aspas. Projetos políticos sem conteúdo claro ou de baixa qualidade exigem mesmo manifestações mastodônticas. Mas acabam derrubados pela história. Mas vai dar um trabalhão danado derrubar a estátua de Chávez depois que tudo isso acabar.
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POR José Pires

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