segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Uma voz que não se cala na Venezuela
A fala do ACMzinho sobre a democracia (veja abaixo) na Venezuela soa mal. Aliás, o DEM, ou ex-PFL, tem um grave defeito de fábrica que dificulta muito a participação de seus parlamentares no debate sobre a democracia. É um partido manco para este assunto tão importante nesses dias.

Mas se a presença do neto do falecido coronel da Bahia é contraditória e de pouca credibilidade nesta discussão, o contrário acontece com as críticas do ex-ministro da Defesa Raúl Isaías Baduel contra o presidente Hugo Chávez. O venezuelano Baduel viu o problema por dentro. Ele é tido como o responsável pela volta de Chávez ao poder depois da tentativa de golpe em abril de 2002 e esteve no governo, primeiro como chefe do exército e depois à frente da Defesa, cargo que abandonou em julho deste ano.

Mesmo que o presidente venezuelano já esteja chamando Baduel de “traidor” é muito difícil incluí-lo nesta categoria em que cabe qualquer um que discorde do projeto chavista de perpetuar-se no poder. Em entrevista à Folha de S. Paulo de hoje o ex-ministro da Defesa classifica o projeto de reforma constitucional como “uma fraude constituinte em curso e um golpe de Estado”.

Por enquanto (e a ressalva é minha) o general prega o “exercício da cidadania” por meio do voto para opor-se à intenção de Chávez. Mas ele já manifesta o temor de que haja um ‘processo de violência generalizada, de confrontação e de instabilidade” na Venezuela.

O oposicionista que mais ameaça o projeto de Chávez nasceu do próprio processo que levou ao fortalecimento de seu mito, primeiro na ação decisiva ao golpe e depois na constituição do governo.

Baduel é um adversário para se temer, bem diferente dos aloprados que tentaram o golpe em 2002. É um homem de ação. E recebeu elogios do próprio Fidel Castro por seu papel naquele decisivo momento da história venezuelana. Castro acompanhou tudo passo a passo de Cuba e fala de Baduel em uma entrevista ao jornalista Ignácio Ramonet do Le Monde Diplomatique, uma longa conversa transformada em livro que ainda não foi lançado no Brasil.

A entrevista foi feita bem antes do rompimento entre Chávez e seu salvador, mas é provável que hoje Castro se arrependa dos derramados elogios ao general Baduel. E nem dá mais para tirar do livro, como era de praxe nos regimes comunistas. O trecho disponível mencionado está disponível na internet: veja aqui. É muito interessante como documento, tanto pela importância óbvia de Castro neste caso quanto por suas observações sobre um personagem que se alteia cada vez mais nos acontecimentos venezuelanos. Tenho a impressão de que ainda vamos ouvir falar muito do general Baduel.
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POR José Pires

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