Mino Carta é um cara estranho. Antes do Lula ganhar a primeira eleição para presidente da República o editor de Carta Capital desancava o petista. Lembro de pelo menos duas entrevistas − uma delas, para a falecida revista República, tenho aqui comigo− em que Lula era tratado de tacanho para baixo. Era o tosco da hora. Aliás, Tosco é o nome que Mino Carta dá para ele em seu romance O Castelo de Âmbar. Tosco, o dicionário diz que é bronco, grosseiro e rude. Lula, então, era o Tosco.
De uns tempos pra cá, porém, Lula comove bastante Mino Carta. Parece um Love Story. O jornalista faz um esforço para não derramar lágrimas na presença do presidente da República. Lula é o mesmo bronco de sempre ou até piorou, mas Mino Carta sente-se como Marilena Chauí quando ele fala, talvez até veja luzes, as mesmas que surgem para a professora de filosofia em meio às frases do petista.
Caso tivesse escrito uma biografia do presidente na época em que o tachava de bronco, como faria Mino Carta? Queimaria toda a edição em praça pública?
Nesta semana em seu seu blog na internet ele conta uma história acontecida há 29 anos entre ele e Lula, quando ajudou o então presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema a comprar um mimeógrafo para imprimir o jornal da entidade. O mimeógrafo do sindicato sofrera uma pane sem conserto. Então Mino Carta correu atrás de umas personalidades do mundo financeiro e deram o mimeógrafo ao Lula. Logo depois o compadre do Lula deu-lhe uma casa, o chapa Okamoto pagou suas dívidas, etc., mas aí são outras histórias.
Mino Carta conta essa história de um jeito romântico. Love Story de novo. Dá a impressão de vê-lo derramando lágrimas sobre as teclas de sua velha Olivetti. Sim, porque o jornalista, baseado sabe-se lá em quais asnices pitorescas, é um daqueles que se orgulham de não usar computador. Ele garante que (não riam, por favor) faz seu blog numa velha Olivetti.
Mas o caso é que o Lula de épocas passadas, o irritante Tosco, torna-se então uma figura boníssima, quiçá comovente, não fosse ele a serpente que conhecemos bem. Mino Carta conta até que numa festa da revista, há três anos, Lula ficou comovido com a lembrança do velho mimeógrafo.
É até chato que alguém tão experiente − e velho também; Mino Carta já está com mais de 70 anos − não compreenda que certas histórias, que podem até parecer comoventes em um sofrido passado, soam apenas como puxa-saquismo do mais reles quando o protagonista está aboletado no poder e tem nas mãos a chave do cofre.
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POR José Pires
De uns tempos pra cá, porém, Lula comove bastante Mino Carta. Parece um Love Story. O jornalista faz um esforço para não derramar lágrimas na presença do presidente da República. Lula é o mesmo bronco de sempre ou até piorou, mas Mino Carta sente-se como Marilena Chauí quando ele fala, talvez até veja luzes, as mesmas que surgem para a professora de filosofia em meio às frases do petista.
Caso tivesse escrito uma biografia do presidente na época em que o tachava de bronco, como faria Mino Carta? Queimaria toda a edição em praça pública?
Nesta semana em seu seu blog na internet ele conta uma história acontecida há 29 anos entre ele e Lula, quando ajudou o então presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema a comprar um mimeógrafo para imprimir o jornal da entidade. O mimeógrafo do sindicato sofrera uma pane sem conserto. Então Mino Carta correu atrás de umas personalidades do mundo financeiro e deram o mimeógrafo ao Lula. Logo depois o compadre do Lula deu-lhe uma casa, o chapa Okamoto pagou suas dívidas, etc., mas aí são outras histórias.
Mino Carta conta essa história de um jeito romântico. Love Story de novo. Dá a impressão de vê-lo derramando lágrimas sobre as teclas de sua velha Olivetti. Sim, porque o jornalista, baseado sabe-se lá em quais asnices pitorescas, é um daqueles que se orgulham de não usar computador. Ele garante que (não riam, por favor) faz seu blog numa velha Olivetti.
Mas o caso é que o Lula de épocas passadas, o irritante Tosco, torna-se então uma figura boníssima, quiçá comovente, não fosse ele a serpente que conhecemos bem. Mino Carta conta até que numa festa da revista, há três anos, Lula ficou comovido com a lembrança do velho mimeógrafo.
É até chato que alguém tão experiente − e velho também; Mino Carta já está com mais de 70 anos − não compreenda que certas histórias, que podem até parecer comoventes em um sofrido passado, soam apenas como puxa-saquismo do mais reles quando o protagonista está aboletado no poder e tem nas mãos a chave do cofre.
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POR José Pires
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