Considerar onde estariam certas figuras da esquerda mortas antes do PT alcançar o poder é um exercício que muitos julgam inútil, mas é uma inevitável discussão, até mesmo para entender melhor a incoerência dos vivos. Ou melhor, muito vivos. Os que já estão mortos − e são tantos: Henfil, Betinho, Glauber Rocha, Raimundo Faoro, Florestan Fernandes e muitos mais. Onde estaria essa gente? Apesar da inutilidade prática, não deixa de ser interessante imaginar se estariam na oposição ou aliadas à voraz instrumentalização do Estado, hoje algo usado por demais pela esquerda e até defendido como se fosse parte de alguma ideologia progressista.
Chico Mendes, o conhecido líder seringueiro do Acre, é uma figura histórica que sempre vem ao centro desse debate. Pelas ligações históricas com o presidente Lula e até por causa da vida muito semelhante em alguns aspectos importantes, é ele um dos que pesam mais para a análise dos caminhos erráticos entre a origem e o destino de um líder popular. Assassinado em dezembro de 1988, esse ano completa 20 anos da sua morte.
A morte prematura acabou cristalizando sua imagem como a de um líder íntegro e coerente. Na verdade, o assassinato impediu o grande teste que viria anos depois quando finalmente a esquerda conseguiu a presidência da República − com o seu companheiro sindicalista Lula à frente. E é chato ter que dizer, mas nada garante que Chico Mendes não estaria entre os magotes desta esquerda ávida por boquinhas no governo. Primeiro, se não tivesse sido morto naquelas condições, não há nenhuma garantia de que seria uma figura relevante na política brasileira. E depois, os exemplos históricos que o cercam, gente que estava grudada no líder seringueiro na época, nada ajudam hoje a aplicar um pouco de honra no que poderia vir a ser a trajetória caso não houvesse acontecido o assassinato. Os exemplos dos aliados de então, infelizmente, pesam contra a sua memória.
É duro, mas a vida é assim. Os atos dos vivos enodoam até a história dos que morreram antes. Essa gente que pegou o poder com o PT acabou com o que poderia haver de honradez na história da esquerda e − aí sim vale a besteira que Lula repete sempre − como nunca houve neste país.
.........................
POR José Pires
Chico Mendes, o conhecido líder seringueiro do Acre, é uma figura histórica que sempre vem ao centro desse debate. Pelas ligações históricas com o presidente Lula e até por causa da vida muito semelhante em alguns aspectos importantes, é ele um dos que pesam mais para a análise dos caminhos erráticos entre a origem e o destino de um líder popular. Assassinado em dezembro de 1988, esse ano completa 20 anos da sua morte.
A morte prematura acabou cristalizando sua imagem como a de um líder íntegro e coerente. Na verdade, o assassinato impediu o grande teste que viria anos depois quando finalmente a esquerda conseguiu a presidência da República − com o seu companheiro sindicalista Lula à frente. E é chato ter que dizer, mas nada garante que Chico Mendes não estaria entre os magotes desta esquerda ávida por boquinhas no governo. Primeiro, se não tivesse sido morto naquelas condições, não há nenhuma garantia de que seria uma figura relevante na política brasileira. E depois, os exemplos históricos que o cercam, gente que estava grudada no líder seringueiro na época, nada ajudam hoje a aplicar um pouco de honra no que poderia vir a ser a trajetória caso não houvesse acontecido o assassinato. Os exemplos dos aliados de então, infelizmente, pesam contra a sua memória.
É duro, mas a vida é assim. Os atos dos vivos enodoam até a história dos que morreram antes. Essa gente que pegou o poder com o PT acabou com o que poderia haver de honradez na história da esquerda e − aí sim vale a besteira que Lula repete sempre − como nunca houve neste país.
.........................
POR José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário