terça-feira, 17 de junho de 2008

Crime pode ter sido ainda pior

A análise que o jornalista Janio de Freitas faz do crime hoje, em sua coluna na Folha de S. Paulo, lança suspeitas sobre o caso que, caso sejam comprovadas, deixa a situação ainda pior. E a coisa pode ser pior do que essa versão da entrega dos rapazes pelos militares à traficantes de um morro rival? Pode sim.

Nesta outra versão, os rapazes podem ter sido mortos não pelos bandidos, mas “por responsabilidade direta de algum ou alguns do grupo de militares”. Ele lembra que uma das vítimas foi vista pela mãe no quartel do Exército e, segundo seu relato, ela viu o filho "caído no chão, ensangüentado”.

O jornalista da Folha é um veterano da imprensa, conhece bem o Rio de Janeiro e aponta várias contradições no caso. Ele começa mostrando que o ambiente da favela da Mineira apresenta dificuldades para a ocorrência dos fatos conforme a versão apresentada. Segundo ele, pelo nível de de controle dos traficantes sobre a favela, não é admissível que "os três rapazes fossem levados por soldados à recepção pacífica que lhes dava um grupo de bandidos". Além disso, ele ressalta, "de tudo isso em área com intenso trânsito de pedestres, só restassem duas "testemunhas". Anônimas".

Freitas diz também diz que não está claro como se deu o achado dos corpos, no dia seguinte ao crime, e como a polícia os localizou. Sigam o raciocínio do colunista: “Estavam em lugar muito distante, uma região à margem do Rio em direção às cidades serranas e a Minas. Estavam nas cercanias de um "lixão" em Gramacho, onde 'possivelmente foram deixados por um caminhão de lixo'. Logo, os garis os recolheram e puseram no caminhão de coleta sem os notar, três corpos adultos. E nem os notaram, ao serem despejados, os catadores de salvados do lixo que ali dividem a sua miséria com urubus”.

O fato de os cadáveres terem surgido em Gramacho também fortalece suas suspeitas. O local é conhecido como campo de treinamentos do Exército, ele informa. É um lugar em que acontecem muitos acidentes, pois adultos e crianças que andam por ali morrem quando tentam recolher obuses abandonados ou porque pisam em granadas.

“Por lá apareceram os três rapazes assassinados”, escreve o jornalista. E deixa uma terrível suspeita no ar.
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POR José Pires

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