segunda-feira, 2 de junho de 2008

Yes, nós temos paramilitares

Notem que até agora não falei que são “milicianos”. Sou uma voz isolada e já me acostumei com isso, então tenho que dizer que a imprensa está totalmente errada em chamar esses bandidos de “milicianos”. Até os jornalistas de O Dia, na reportagem em que narram a desgraça acontecida com eles, cometem esse equívoco.

O problema é que se faz jornalismo hoje em dia sem uma ferramente essencial, o dicionário, no Brasil tem o equivocado apelido de “pai dos burros”. É bobagem, burro não pesquisa e jamais consulta. Burro faz cegamente. Pois vocês não vêem como se governa do Planalto? Mas o fato é que “milícia” é uma tropa auxiliar, relacionada diretamente a um exército legal. E isso esses bandidos não são. O que eles são, na verdade, é paramilitares.

Penso também que talvez não seja um erro condicionado à falta de dicionário. Pode ser que haja um temor coletivo em encarar uma triste verdade: já começa a se instalar no Brasil o domínio de grupos paramilitares.

Nada de “milicianos”. São pa-ra-mi-li-ta-res. Alguém já leu em algum jornal sobre “milicianos” colombianos ou “milicianos” africanos? Claro que não, pois nesses lugares o que impera é o domínio do paramilitarismo. É o ápice, a chave de ouro, ou melhor, de chumbo, do processo trágico que a falta de Estado acaba criando. Depois disso é a barbárie e o fim da democracia. E muito cuidado: a nossa democracia, rala como é, não precisa muito para ser abalada.
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POR José Pires

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