segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Quando o bico é a regra

Um número imenso de pessoas hoje no Brasil não vive apenas de seu trabalho formal. Este é o país do bico. E mesmo depois de contribuir financeiramente durante sua vida profissional inteira, o trabalhador não tem descanso quando se aposenta. A verdade é que trabalha até o fim da vida.

Este é o país do bico, e isso é ruim. Ma tem coisa pior. É quando a coisa se inverte: a própria profissão vira bico. É o que aconteceu com a polícia no Brasil. E não sou eu que digo. Quem denuncia este absurdo é o delegado Sérgio Marques Roque, presidente da Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, a Adesp.

“Quase 80% dos investigadores fazem bico, porque não conseguem manter suas famílias com aquele salário. Ele é obrigado a fazer bico e já chega cansado. Hoje é a polícia que tem se tornado um bico”, ele disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

A situação é bem antiga e nas as duas polícias. Em outubro de 2005 o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Wilson de Oliveira Morais, já dizia à Folha de S. Paulo que pelo menos 85% dos cabos, soldados e sargentos da Polícia Militar de São Paulo fazem bico para complementar o salário.

Ah, sim, esses bicos são ilegais. A lei não permite e com razão, o trabalho de um policial fora do serviço pode facilmente voltar-se contra a população. E tem também aquele policial que resolve partir para a iniciativa privada, sem abandonar o posto oficial que lhe dá poder. Daí surgem as milícias paramilitares, a colaboração com o narcotráfico e outras barbaridades.

E claro que estes são apenas partes dos problemas, surgidos de fora das corporações e delegacias, mas temos também a violência desmedida e também a ineficácia da nossa polícia. Um recente estudo do Instituto São Paulo contra a Violência, mostrou que em São Paulo só 5% das ocorrências são investigadas.

A a população fica mais abandonada que naquele samba que dizia "chame o ladrão, chame o ladrão". A violência do ladrão sepultou até essa brincadeira e ficamos mesmo sem apelar para ninguém.

Mas e a Justiça? Ah, a Justiça está resolvendo o problema do uso de algemas.
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POR José Pires

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