terça-feira, 2 de setembro de 2008

Rebento republicano

A eleição norte-americana existe de fato. Não é virtual como as eleições brasileiras. Numa terra onde as posições políticas são claras e determinantes para o sucesso eleitoral, não há espaço para conchavos como os que acontecem aqui, onde candidatos até encampam programas políticos adversários, desde, claro, que estes tragam votos.

Não é à toa que por lá os tucanos, que não existem na natureza, também sejam animais totalmente desconhecidos também na fauna política.

Isso cria um dinamismo interessante na eleição presidencial de lá. Como a imprensa brasileira não cobre as outras eleições, pouco ficamos sabendo como elas são, mas tudo indica que a agilidade dos acontecimentos deve ser muito semelhante à eleição presidencial. E a firmeza de posições também.

A eleição não pára. A gente desliga o computador com Barack Obama bem nas pesquisas e no dia seguinte um fato novo faz o senador balançar.

John McCain arma um lance político habilidoso, como foi a escolha da governadora do Alasca, Sara Palin, para vice, e logo depois vem coisa nova para mexer com o novo quadro criado.

A escolha foi feita há menos de uma semana e já tem coisa nova. Uma das filhas da vice, Bristol, de 17 anos, está grávida. Mas qual é o problema que um netinho, mesmo que inesperado, pode trazer para uma campanha presidencial? É que a vice da chapa republicana é extremamente conservadora − está à direita de McCain − e o imprevisto crescimento da família Palin traz o suspense sobre a reação da direita cristã com o anúncio da gravidez precoce.

Eleição de verdade é assim. O que há quatro dias era um fortalecimento para McCain, hoje é uma incógnita.

Está certo que mesmo aqui já vivemos sérias desestabilizações em candidaturas presidenciais por causa deste ou daquele fato novo. Até Lula se abalou bastante, em sua primeira tentativa de alcançar a presidência, com a revelação sobre a filha que escondia de todos.

Mas moralmente o País mudou bastante de lá para cá, por conta inclusive da desfaçatez petista. Ganhamos muito em cinismo e hipocrisia, sendo que hoje em dia é duvidoso que alguém em alguma campanha brasileira se preocupasse com um problema semelhante ao vivido pela candidatura republicana.

Por aqui é provável até que aparecesse um marqueteiro com uma sacada para tirar o candidato do aperto: se for menino vai se chamar Barack, se for menina será Hillary.
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POR José Pires

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