Tem bastante gente fazendo analogia entre a vitória de Barack Obama nos Estados Unidos e a de Lula, aqui, em 2002. Lula, o operário e Obama, o negro, ambos rompendo barreiras históricas em seus países.
É mesmo? Obama é um intelectual, aliás, um raro exemplo de político que escreve bem e até com estilo. Lula, bem... não preciso dizer. Acho que seria difícil um negro sequer tornar-se candidato nos Estados Unidos usando como qualificativo o fato de não ter diploma universitário. E essa é apenas uma das qualidades que colocam aquele país acima (e até em cima) do Brasil.
Já li até bobagens relacionando ao ambiente da eleição que levou Lula ao poder à frase de Obama que fala sobre a esperança vencendo o medo. Esperança e medo agora são propriedades intelectuais exclusivas do petista? E talvez até registradas. De tanto falarem que a história do Brasil começou com o PT, os petistas já começam a acreditar que o pensamento humano é baseado em frases boladas pelo filósofo maior do partido, o Duda Mendonça.
Bem, se as coisas podem ser interpretadas desse modo, então quando Obama fala em reconstruir a América “tijolo por tijolo”, com fez em seu discurso de vitória ontem à noite, teríamos a obrigação de lembrar de Chico Buarque e sua construção musical.
E também a barreira histórica que a candidatura democrata desafiou e venceu é um pouco maior do que a do operário alcançando a presidência da República. Operários não eram segregados até em ônibus públicos há cerca de quarenta anos, como aconteceu com os negros nos Estados Unidos.
Comparar Lula com Obama, penso eu, é forçar a barra, mas vamos ouvir falar bastante disso nos próximos dias, afinal a imprensa sempre teve muito espaço para preencher em papel, no rádio e na televisão. E agora tem até os outros meios, como a internet, o que exige alongar muitos assuntos com pouca ou nenhuma sustentação.
Além disso, o permanente sentido marqueteiro dos petistas deve estar em estado de felicidade máxima. Vista por este ângulo, as lideranças petistas e seus marqueteiros podem explorar muitas similaridades entre a vitória de Obama e os pretensos feitos do Supremo Apedeuta. É como procurar chifre em cabeça de cavalo, coisa que eles fazem muito e que, devido ao esforço, até encontram.
Lula e Obama, essa é a palavra de ordem que pode servir para desviar a atenção das agruras econômicas que começam a nos atingir e que certamente afetarão bastante a inflada popularidade de Lula. Mas é pouco, pois a marolinha de que Lula falou é na verdade um maremoto. Por isso, não tem golpe marqueteiro que possa esconder o tsunami que vem aí.
Mas se existe alguma semelhança entre a vitória de Obama e a de Lula é pela expectativa que envolve os dois resultados. Aqui a frustração já vem de longe. Começou já na posse de Lula. E a decepção com Obama também pode vir logo, ou melhor, deve vir logo, pois são irreais os anseios que cercam sua ascensão e que até ajudaram a impulsionar sua candidatura.
Certas esperanças em torno da presidência de Obama, de atitudes internas e até internacionais, não são factíveis. Por isso, no embalo dessas falsas expectativas deve se repetir por lá e também com os "obamistas" internacionais a mesma frustração que os brasileiros sofreram com o PT no poder.
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POR José Pires
É mesmo? Obama é um intelectual, aliás, um raro exemplo de político que escreve bem e até com estilo. Lula, bem... não preciso dizer. Acho que seria difícil um negro sequer tornar-se candidato nos Estados Unidos usando como qualificativo o fato de não ter diploma universitário. E essa é apenas uma das qualidades que colocam aquele país acima (e até em cima) do Brasil.
Já li até bobagens relacionando ao ambiente da eleição que levou Lula ao poder à frase de Obama que fala sobre a esperança vencendo o medo. Esperança e medo agora são propriedades intelectuais exclusivas do petista? E talvez até registradas. De tanto falarem que a história do Brasil começou com o PT, os petistas já começam a acreditar que o pensamento humano é baseado em frases boladas pelo filósofo maior do partido, o Duda Mendonça.
Bem, se as coisas podem ser interpretadas desse modo, então quando Obama fala em reconstruir a América “tijolo por tijolo”, com fez em seu discurso de vitória ontem à noite, teríamos a obrigação de lembrar de Chico Buarque e sua construção musical.
E também a barreira histórica que a candidatura democrata desafiou e venceu é um pouco maior do que a do operário alcançando a presidência da República. Operários não eram segregados até em ônibus públicos há cerca de quarenta anos, como aconteceu com os negros nos Estados Unidos.
Comparar Lula com Obama, penso eu, é forçar a barra, mas vamos ouvir falar bastante disso nos próximos dias, afinal a imprensa sempre teve muito espaço para preencher em papel, no rádio e na televisão. E agora tem até os outros meios, como a internet, o que exige alongar muitos assuntos com pouca ou nenhuma sustentação.
Além disso, o permanente sentido marqueteiro dos petistas deve estar em estado de felicidade máxima. Vista por este ângulo, as lideranças petistas e seus marqueteiros podem explorar muitas similaridades entre a vitória de Obama e os pretensos feitos do Supremo Apedeuta. É como procurar chifre em cabeça de cavalo, coisa que eles fazem muito e que, devido ao esforço, até encontram.
Lula e Obama, essa é a palavra de ordem que pode servir para desviar a atenção das agruras econômicas que começam a nos atingir e que certamente afetarão bastante a inflada popularidade de Lula. Mas é pouco, pois a marolinha de que Lula falou é na verdade um maremoto. Por isso, não tem golpe marqueteiro que possa esconder o tsunami que vem aí.
Mas se existe alguma semelhança entre a vitória de Obama e a de Lula é pela expectativa que envolve os dois resultados. Aqui a frustração já vem de longe. Começou já na posse de Lula. E a decepção com Obama também pode vir logo, ou melhor, deve vir logo, pois são irreais os anseios que cercam sua ascensão e que até ajudaram a impulsionar sua candidatura.
Certas esperanças em torno da presidência de Obama, de atitudes internas e até internacionais, não são factíveis. Por isso, no embalo dessas falsas expectativas deve se repetir por lá e também com os "obamistas" internacionais a mesma frustração que os brasileiros sofreram com o PT no poder.
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POR José Pires
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