segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Entre companheiros tudo pode

De Collor para cá a desfaçatez tomou conta do país. Isso mesmo, do país e não apenas da classe política. O PT, partido historicamente preparado para atuar no campo da ética ou pelo menos para não roubar, rendeu-se à corrupção, tomado que foi pelos profissionais da política, os ávidos pelo poder, aqueles para quem os fins estacionam na fase dos meios escusos.

Na entrevista, aliás, Vasconcelos conta que sofreu na pele o mal que o exemplo de Lula e seu PT vem fazendo ao país. O pensamento típico do servidor desonesto, diz o senador, é "Se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?".

O PT, com Lula à frente fez o serviço de nivelar a classe política pela mais baixa estatura ética. Além disso, a classe política desenvolveu com habilidade a tática de matar o assunto pelo silêncio. É fugir do tema até que ele desapareça da cabeça das pessoas. Para isso eles recebem uma boa ajuda, claro, da crescente subalternidade do brasileiro.

Entre os políticos existe até um acordo tácito que faz todos que são pegos em falta pela opinião pública saírem de imediato da cena política. Pode ser pela demissão, mudando de cidade ou estado e até com a renúncia ao mandato.

Existe sempre a garantia do grupo, que é imenso e pluripartidário, do acolhimento fraterno em cargos longe do conhecimento da mídia para, após o esquecimento, terem o apoio para eleição futura ou para cargos mais altos, até mesmo em ministérios destacados.

Foi assim com muitos, de Antonio Carlos Magalhães a este deputado mineiro, o do castelo, este que renunciou ao cargo de corregedor da Câmara, passando por tantos outros: Renan Calheiros, José Genoíno, José Mentor, Professor Luizinho, José Janene, Gim Argello, José Dirceu e tantos mais.

Ninguém fica ao relento na planície de que fala muito o próprio Dirceu. Além do manto da impunidade, cada um tem o cobertor quente do poder (opa, desse jeito vou acabar escrevendo na Veja). Algumas vezes, como aconteceu com o ex-deputado Severino Cavalcanti, recebem até palavras elogiosas do compar..., ou melhor, do companheiro Lula.
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POR José Pires

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