sexta-feira, 20 de março de 2009

Bom de fingir serviço

Lula se faz de songamonga, mas sabe que neste desconhecimento é que está seu trunfo. Aí é uma questão histórica. Sua ascensão no partido foi feita assim. E ele aprendeu que quando o debate se encaminha para a comparação de qualidades de fato, diminuindo o peso dos salamaleques e artifícios próprios da política, aí ele perde. O barbudo calado na reunião já fez Marilena Chauí ver luzes iluminando a sala. Mas e se ele se aprofundasse na discussão? Lula sempre sou evitar este interruptor.

O problema é que isso coloca ele e seu governo só na engorda, e não estou falando da sua robusta figura. No encontro com Obama deu pra ver os botões fchando com dificuldade um paletó já pequeno para o presidente inzonero. Nada que uns exercícios na esteira não resolvam. Dá bem menos trabalhos que a leitura, como ele já disse.

Logo depois do encontro com Obama, ainda sob o efeito da euforia pós-viagem, Lula veio com um de seus atos falhos dizendo que a crise seria um bom desafio para “eu e Obama”, como ele repete o tempo todo tentando fixar uma parceria nada crível. Embalado, ele dizia que depois de seis anos de governo poderia se acomodar e aí entra a crise como um fator estimulante. É um incentivo estranho, algo como apanhar para ir trabalhar, mas este é o Lula.

Mas o fato é que, mesmo que de modo involuntário, foi feita a detecção da lerdeza que acomete o governo e emperra o país. O empresariado que não vive grudado no Estado já percebeu isso há muito tempo. É um governo fora de forma. Adentraram o segundo mandato numa alta proporcionada por uma agenda que nunca foi petista. O modelo vinha do governo FHC e já apresentava sinais de esgotamento ainda no final do primeiro mandato tucano. Pois FHC percorreu todo o segundo mandato do mesmo jeito e Lula ainda pegou o modelo depois. E o que fizeram para aprimorar o modelo ou até colocar em prática um projeto próprio? Nada, estão até agora fazendo como os tucanos, quando até os tucanos sabem que a situação econômica pede posicionamentos novos.

Lula gosta de viajar. É o comportamento típico de quem se aflige com a rotina inerente a qualquer trabalho e sempre muito estafante no dia a dia administrativo. Aquele monte de papéis sobre a mesa que exigem leitura detalhada, comparações de números, muita pesquisa, ah, puxa vida, isso deve deixar alguém como o Lula doido para tomar um sol ou fazer um churrasco com o Ratinho e o Bruno e Marrone.

Mas alguma aparência de trabalho é preciso acoplar á imagem. Daí daquele tremendo ócio mascarado como trabalho produtivo que são as viagens políticas, as convenções, os seminários, e tudo mais. É tudo que qualquer executivo produtivo odeia, especialmente porque trava o trabalho. E, bem, é isso que Lula adora.

De novo, é sua história. O PT é conhecido por desperdiçar tempo nesse tipo de atividade que não dá em nada prático, mas que, apropriadamente, dá a impressão de produtividade, o que amacia a militância e abre facilita o domínio do partido por poucos. E no sindicalismo Lula também viveu essa rotina de ócio disfarçado. E pelo que sabemos gostava bastante disso.
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POR José Pires

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