quinta-feira, 12 de março de 2009

Papa desinformatizado

O Papa Bento VI chorou as pitangas nesta semana em razão dos problemas causados por sua decisão de readmitir na igreja Richard Williamson, aquele que nega o Holocausto.

Em carta datada da última terça-feira sobre a anulação da excomunhão de quatro bispos consagrados à revelia do Vaticano pelo arcebispo Lefebvre, católico tradicionalista francês morto em 1991, o Papa confessou que anda desatualizado das novas tecnologias de informação. Lefebvre morreu excomungado pela Igreja por cisma e pela consagração dos bispos, entre eles Williamson, sem a permissão do Vaticano. Foi também uma questão de disciplina interna, algo muito precioso para a Igreja Católica.

Evidentemente o arcebispo francês é um ídolos da extrema-direita católica, especialmente na França, mas também em todo o mundo. Deve ter também a simpatia de Bento VI, ele próprio, aliás, também bastante próximo do Opus Dei, outra organização de extrema-direita formada por católicos.

Ainda sobre o tema, antes da excomunhão em 1988 quase houve um acordo entre a Igreja e Lefebvre. Pelo lado do Vaticano assinava o acordo o então cardeal Joseph Ratzinger.
Mas por que estamos neste assunto? Já prevejo o estranhamento de alguns leitores a esta minha concentração em temas eclesiásticos. O cara some, não posta desde segunda-feira, e agora volta com este papo igrejeiro. Ou estava em retiro espiritual e se converteu ou entrou no PT. Não seio o que é pior.

Calma. O assunto é internet. Na carta que citei acima e que está no site do Vaticano, o Papa Bento XVI, lamenta que o que ele chama de “caso Williamson”, o bispo que nega o Holocausto, tenha se sobreposto à remissão da excomunhão e influído para que houvesse um mal-entendido quanto à recente reconciliação entre cristão e judeus.

No mesmo texto, logo depois o Papa escreve que a “sobreposição de dois processos contrapostos”, ou seja, a remissão e o bispo que nega o Holocausto, lhe escapou por falta de informação. Parece coisa de velho descobrindo tecnologia, mas ele afirma que um pouco mais de atenção à internet poderia ter poupado a Igreja desses dissabores.

Leiam o que Bento VI escreve: “Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema”.

E depois aconselha a Santa Sé a prestar mais atenção “a esta fonte de notícias”. Só faltou falar que o Papa só é infalível se contar com a ajuda de São Google.
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POR José Pires

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