quinta-feira, 7 de maio de 2009

A regra da sarjeta

A arrogância de Moraes infelizmente tem sustentação em sua trajetória pessoal. Não é pior do que já fizeram boa parte de seus pares, mas não deixa de ser chocante. Em edição recente, a revista Veja conta que o deputado já foi indiciado, juntamente com a companheira, que é mãe de cinco filhos seus, por lenocínio e favorecimento à prostituição.

Segundo a revista, ele já foi acusado de lenocínio, receptação de jóias e agressão. Existem oito processos contra ele no Supremo tribunal Federal, quatro deles já aceitos.

Mesmo com esta ficha, Moraes foi eleito deputado federal e ainda por cima ganhou a presidência da Comissão de Ética da Câmara, cargo que ocupou até março deste ano. Hoje é relator de um processo importante da Casa. Se a política brasileira alça alguém assim a papéis de tamanha relevância, não há porque esperar que no poder esta pessoa aja de forma diferente. É a lógica: se até aqui deu certo, não há porque mudar agora.

Ninguém tem dúvida de que ele pegou o processo para salvar da cassação o deputado do castelo. E nem ele faz questão de disfarçar. O deputado do castelo usou recursos da verba indenizatória para pagamentos a empresas de sua propriedade. A comissão de sindicância concluiu que há indícios de que o serviço não foi prestado e o deputado se apropriou indevidamente dos recursos.

O relator do processo vê os procedimentos de forma muito parecida com o que fala sempre o presidente Lula. Para ele, "Se não havia norma que impedisse o deputado de contratar sua própria empresa, ele não cometeu irregularidade alguma". Discurso mais afinado é impossível.

É o mesmo pensamento de Lula. Com tal exatidão, que fica muito claro o âmbito da campanha para relativizar todo desvio ético, com toda a base do governo Lula dando o máximo de si para nivelar por baixo quaisquer valores. Exceção feita obviamente aos que entram no caixa e menos ainda os de caixa dois.

Que um político deste naipe não esteja amanhã no diretório do PT defendendo a volta de Delúbio Soares não deixa de ser uma tremenda injustiça. É um esquema em comum de desmoralização da ética a partir de seu próprio conceito. E a atitude de dar uma banana à opinião pública também é muito conhecida.

Não à toa, todos fazem parte da base de sustentação do governo Lula. E não havia como ser diferente. Quem alcança o poder pela via da sarjeta há de também governar sustentado pela sarjeta. Como sempre, os meios acabam determinando os fins.

Aos petistas cabe amanhã ter a sensibilidade de entender que a volta de Delúbio só vem coroar este processo. Volta, Delúbio Soares. O PT é sua casa e sua cara.
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POR José Pires

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