sexta-feira, 12 de junho de 2009

Um batalhador de primeira

O jornalista Washington Novaes é um precursor do ambientalismo no país. Décadas atrás, muito antes do meio ambiente do planeta começar a emitir sinais preocupantes de desarranjo, ele já centrava seus esforços profissionais no tema, trazendo aos leitores informações sobre os efeitos da depredação da natureza praticada por interesses econômicos baseados apenas no lucro imediato, na ganância que acabou tendo um efeito de tal modo destrutivo que já começa a colocar em risco a própria humanidade. Ele foi um dos primeiros a emitir alertas sobre o que, na época, eram riscos futuros.

Em 1984, Novaes fez na extinta TV Manchete a memorável série sobre o Parque Indígena do Xingu, a reserva criada pelos irmãos Villas Bôas no norte do Mato Grosso. Mais recentemente, em 2007, ele fez outro documentário sobre a atual situação do Parque. Os nomes dos dois documentários mostram que a reserva também sofre os efeitos da ganância instalada no país. O primeiro, de 84, era “Xingu, a Terra Mágica”. Este último leva o nome de “Xingu, a Terra Ameaçada”.

Novaes tem um modo de escrever que recheia com informações substanciais cada parágrafo com números e estatísticas apresentados em um texto de uma fluidez facilitadora para o leitor. Com esta capacidade técnica, ele acaba sendo de uma eficiência ímpar na apresentação do que acontece no meio ambiente. Trata o assunto de um jeito hábil, com uma gama sempre variada de informações, porém sem perder a carga de emotividade que um assunto tão tocante para nossa vida não pode deixar de ter.

É um batalhador do meio ambiente e do melhor tipo. O que mescla a paixão pelo tema com um alto conhecimento técnico e um texto de grande qualidade.

Ele publica semanalmente seus artigos em O Estado de S. Paulo e no diário O Popular, de Goiânia. O texto no Estadão pode ser acessado livremente. Já o jornal goiano faz a besteira de proibir o acesso aos que não são assinantes. Evidentemente não é por isso que ninguém conhece O Popular, mas é certo que é por isso que muitos deixarão de conhecer.

A qualidade de um texto basicamente pode ser medida por sua durabilidade. Isso vale ainda mais hoje, quando temos jornais diários que depois da primeira leitura já deixam de ter interesse.Tenho guardados textos de Novaes que já duram anos sem perder a qualidade. Suas entrevistas feitas no passado também podem ser lidas com todo o interesse.

É um prazer ler toda semana o que ele escreve no Estadão. De vez em quando ele entra no terreno da economia, como faz hoje em sua coluna. E também deste terreno que outros tornam árido e impenetrável surge uma quantidade de informações que esclarecem com precisão o quanto é preciso mexer na estrutura política que impede o mundo de rodar de forma igualitária para todos os seres humanos.

Confiram aqui, na sua coluna de hoje.

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POR José Pires

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