quarta-feira, 29 de julho de 2009

Companheiros, a luta continua... pelo Sarney


A tropa de choque do presidente Lula está fazendo o que pode, mas será difícil salvar José Sarney. O cargo de presidente do Senado já é praticamente certo que ele perde. A renúncia já está sendo cogitada pelo próprio senador maranhense eleito pelo Amapá como forma de fugir da saraivada de denúncias que acabou de vez com sua biografia. Sair da presidência também é uma tática para preservar seu periclitante mandato.

Hoje saiu a notícia de que o Ministério Público Estadual do Maranhão reprovou as contas apresentadas pela Fundação José Sarney entre 2004 e 2008. Sarney andou dizendo que ele nada tem a ver com a fundação que leva seu nome. O que ele escondia é que é presidente vitalício da instituição.

O Ministério Público decidiu intervir na fundação. As irregularidades permitiam até o pedido de extinção, mas a promotora Sandra Mendes Alves Elouf, titular da Promotoria Especializada em Fundações e Entidades de Interesse Social de São Luís optou pela intervenção, pois, segundo ela, “a entidade ainda tem condições de sobrevida”.

Ela disse ao jornal O Estado de S. Paulo que para isso basta remover os administradores. Bem, mas remove-se também o nome do dono da coisa? Porque as irregularidades estão ligadas diretamente a pessoa que dá nome à fundação.

Apesar de que se levarmos pela simbologia, a preservação da fundação não deixa de ter sentido. E com um significado do maior valor histórico. Sendo uma instituição de preservação da memória de Sarney, esses acontecimentos estarão perenizados na instituição. Teremos no Maranhão praticamente um museu vivo da corrupção, o que, em se tratando de Brasil, é de altíssimo nível educativo.

O Ministério Público descobriu estranhas triangulações de dinheiro entre a fundação e a Associação do Bom Menino das Mercês (Abom), também ligada à família Sarney. Dinheiro recebido para a realização de projetos culturais girava entre as duas.

Parte substancial da verba recebida da Petrobras para este fim também era usada com investimento em aplicações bancárias. Do patrocínio de R$ 1,3 milhão repassado pela Petrobras à fundação de José Sarney, R$ 500 mil foram parar em contas de firmas fantasmas e em empresas do clã Sarney.

A tropa de choque lulista trabalha com intensidade para ao menos amenizar o que vem por aí a partir da próxima segunda-feira, quando termina o recesso no Senado. A retirada estratégica de Sarney por meio da renúncia ao cargo pode ser uma das saídas para a crise.

Mas os asseclas de Lula ainda terão pela frente os processos internos contra Sarney. E como figuras tão poderosas quanto ele perderam o mandato por questões até bem menores, é difícil acreditar que Lula consiga impor muito empenho de seus aliados para a salvação de alguém tão encalacrado em irregularidades tão escandalosas e de tamanha quantidade.

A base política governista está numa situação bem complicada. E o pior é que o problema aconteceu às portas de uma eleição decisiva como a do ano que vem.

Mas como Lula e sua laboriosa equipe levou o aliciamento político para níveis nunca antes vistos neste país, pode até acontecer alguma surpresa. Tudo depende também do grau de dependência mútua entre Sarney e o presidente da república. O senador, é bom frisar, é bem mais que um arquivo vivo: é um arquivo muito vivo.

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POR José Pires

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