Segundo a BBC Brasil, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, teve uma conversa "dura" com o líder interino de Honduras, Roberto Micheletti. Observem aqui o tratamento usado pela BBC para Micheletti. Ele é o "líder interino", bem mais correto que o que vem acontecendo com jornais brasileiros, que tratam como "golpistas" o governo que derrubou Manuel Zelaya depois de ele tentar burlar a Constituição de Honduras.
Os jornais brasileiros não se apercebem ou fazem de conta que não estão vendo que o ocorrido em Honduras não se enquadra no modelo usual do “golpismo” sul-americano. Basta recorrer aos mais diferentes meios de informação para, numa análise isenta, chegar à conclusão de que quem tentava um golpe naquele país na verdade era Zelaya, com a manjada justificativa de que seria movido pela vontade popular.
Nem é preciso recorrer a nenhuma erudição histórica para saber onde isso vai dar. A Venezuela do histriônico Hugo Chávez, ali do lado, é o exemplo recente à vista de todos, sendo também, pelo que parece, forte indutora da vontade de Zelaya de se perpetuar no poder.
A Folha de S. Paulo publicou no domingo uma entrevista de página inteira com Zelaya. É o manjado populista pretendente a caudilho. Quer vestir a camisa do salvador da pátria. Não parece um líder disposto a discutir abertamente a crise criada por ele em seu país. Foge das questões colocadas pelo jornal. Responde a perguntas objetivas com chavões populistas.
Zelaya não foi eleito para convocar uma Constituinte. E ele queria impor este projeto. Quando o jornalista da Folha diz que a convocação de uma Constituinte não estava em sua proposta de campanha, ele solta um palavrório populista, fugindo da questão objetiva e tentanto justificar seus atos como vindos da vontade popular.
Bem, além dos fatos comprovarem o contrário do que ele diz, nem sempre a vontade popular é referência de democracia e justiça. No Brasil, por exemplo, se for feito um plebiscito sobre a pena de morte, tudo indica que haveria uma porcentagem esmagadora a favor. E nem por isso é de se achar correto que um governante venha tentar impor um absurdo desses.
Descendo um pouco mais, nas trevas do passado, na década de 30 na Alemanha não consta que os nazistas praticassem suas barbaridades contra a vontade popular. Se mundo se mexesse antes da definitiva ascensão do horror, aplastrando os nazistas, muita coisa ruím poderia ter sido evitada para a humanidade.
Com já falei, isso é papo de “salvador da pátria”. Democracia exige projeto político e debate sério em campanhas eleitorais e não de visionários que, no poder, comecem a acreditar que são os eleitos para determinar o destino de seus países. É claro que o exercício do poder pode trazer idéias novas para a condução de uma nação. mas para isso existem os partidos e as eleições periódicas. País nenhum precisa de salvador.
E o que os números sobre Honduras mostram que o que Zelaya pretendia não é o caminho correto. Os EUA fornecem ao país U$ 180 milhões de ajuda econômica e é disso que aquele país deveria cuidar de se livrar. A pressão de Hillary Clinton se deve exatamente à esta dependência. Por isso ela fala grosso neste momento.
Até aí, tudo normal. Só um idiota político poderia acreditar ser possível haver ajuda econômica desinteressada. Zelaya depende desses idiotas, pois é evidente que pretendia apenas mudar de tutor, trocando os EUA por Chávez. Se ele gosta mais do caudilho venezuelano falando grosso em seu ouvido, é problema dele. Mas pelo jeito uma parcela substancial dos hondurenhos não pensa o mesmo.
Quanto à Hillary Clinton, seria melhor para o mundo se depois de ligar para Honduras, pelo mesmo telefone a secretária de estado norte-americana também dirigisse algumas palavras duras para outros países. Como ao Irã, Venezuela, por aí.
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POR José Pires
Os jornais brasileiros não se apercebem ou fazem de conta que não estão vendo que o ocorrido em Honduras não se enquadra no modelo usual do “golpismo” sul-americano. Basta recorrer aos mais diferentes meios de informação para, numa análise isenta, chegar à conclusão de que quem tentava um golpe naquele país na verdade era Zelaya, com a manjada justificativa de que seria movido pela vontade popular.
Nem é preciso recorrer a nenhuma erudição histórica para saber onde isso vai dar. A Venezuela do histriônico Hugo Chávez, ali do lado, é o exemplo recente à vista de todos, sendo também, pelo que parece, forte indutora da vontade de Zelaya de se perpetuar no poder.
A Folha de S. Paulo publicou no domingo uma entrevista de página inteira com Zelaya. É o manjado populista pretendente a caudilho. Quer vestir a camisa do salvador da pátria. Não parece um líder disposto a discutir abertamente a crise criada por ele em seu país. Foge das questões colocadas pelo jornal. Responde a perguntas objetivas com chavões populistas.
Zelaya não foi eleito para convocar uma Constituinte. E ele queria impor este projeto. Quando o jornalista da Folha diz que a convocação de uma Constituinte não estava em sua proposta de campanha, ele solta um palavrório populista, fugindo da questão objetiva e tentanto justificar seus atos como vindos da vontade popular.
Bem, além dos fatos comprovarem o contrário do que ele diz, nem sempre a vontade popular é referência de democracia e justiça. No Brasil, por exemplo, se for feito um plebiscito sobre a pena de morte, tudo indica que haveria uma porcentagem esmagadora a favor. E nem por isso é de se achar correto que um governante venha tentar impor um absurdo desses.
Descendo um pouco mais, nas trevas do passado, na década de 30 na Alemanha não consta que os nazistas praticassem suas barbaridades contra a vontade popular. Se mundo se mexesse antes da definitiva ascensão do horror, aplastrando os nazistas, muita coisa ruím poderia ter sido evitada para a humanidade.
Com já falei, isso é papo de “salvador da pátria”. Democracia exige projeto político e debate sério em campanhas eleitorais e não de visionários que, no poder, comecem a acreditar que são os eleitos para determinar o destino de seus países. É claro que o exercício do poder pode trazer idéias novas para a condução de uma nação. mas para isso existem os partidos e as eleições periódicas. País nenhum precisa de salvador.
E o que os números sobre Honduras mostram que o que Zelaya pretendia não é o caminho correto. Os EUA fornecem ao país U$ 180 milhões de ajuda econômica e é disso que aquele país deveria cuidar de se livrar. A pressão de Hillary Clinton se deve exatamente à esta dependência. Por isso ela fala grosso neste momento.
Até aí, tudo normal. Só um idiota político poderia acreditar ser possível haver ajuda econômica desinteressada. Zelaya depende desses idiotas, pois é evidente que pretendia apenas mudar de tutor, trocando os EUA por Chávez. Se ele gosta mais do caudilho venezuelano falando grosso em seu ouvido, é problema dele. Mas pelo jeito uma parcela substancial dos hondurenhos não pensa o mesmo.
Quanto à Hillary Clinton, seria melhor para o mundo se depois de ligar para Honduras, pelo mesmo telefone a secretária de estado norte-americana também dirigisse algumas palavras duras para outros países. Como ao Irã, Venezuela, por aí.
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POR José Pires
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