quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Em livros, a prova de que Mercadante está com lorota

Tenho aqui em mãos dois livros importantes de Serra — “Ampliando o Impossível” e “O Sonhador que faz”. Foram lançados na época de sua candidatura à presidência da República, quando perdeu no segundo turno para Lula.

O primeiro reúne textos seus sobre sua elogiada passagem pelo ministério da Saúde. E antes que me acusem de tucano ou de “serrista”, digo que é o médico Drauzio Varela que afirma no prefácio do segundo, “O Sonhador Que Faz”, que “a maioria dos médicos e de outros profissionais da párea considera que nenhum ministro implantou tantas medidas de impacto na saúde brasileira”.

Em “Ampliando o Impossível” há uma biografia resumida de Serra. Consta que ele estudou na Escola Politécnica da USP de 1960 a 1964, um fato de que nem o petista mais anti-serrista pode duvidar.

O outro livro é uma entrevista feita pelo jornalista Teodomiro Braga sobre a trajetória e o pensamento político de Serra. Foi lançando pouco antes de sua campanha para presidente da República. Será que o Mercadante tem este? Pois deveria ter.

É um trabalho de respeito de Teodomiro Braga, profissional de importância na imprensa de oposição ao regime militar, como o semanário Opinião e outros de feliz memória. Teodomiro conseguiu construir um relato claro da vida política de Serra, com incursões bem colocadas em sua vida pessoal, mostrando nesse conjunto a estruturação do caráter político e pessoal do governador.

O depoimento é de uma importância histórica substancial para compor uma compreensão sobre uma geração que viveu a imposição da ditadura militar em 1964 e a construção democrática depois do final do regime em 1985.

São cinematográficos os relatos do perigo que Serra passou no Chile nos dias imediatamente posteriores ao golpe de Pinochet e de como provavelmente escapou da morte em razão de fatos casuais.

Em um trecho, falando de antes de ele ir para o Chile, quando vivia na clandestinidade por aqui, Teodomiro pergunta: “Queria recomeçar os estudos no Brasil?” Serra responde: “Era minha idéia inicial, mas logo percebi que não tinha a menor possibilidade de permanecer e retomar uma vida normal”.

Em outra parte, fica bem claro que não foi possível concluir o curso de engenharia. Leia o diálogo completo:

Por que decidiu cursar economia no exterior, em vez de retomar o curso de engenharia, que havia sido interrompido pelo golpe militar em 1964?
Serra - Na medida que ia fazendo o curso, eu percebi que não tinha interesse em me dedicar profissionalmente à engenharia. Além disso, era muito difícil compelatr o curso no exterior; havia problemas de currículo, impossibilidade de conversão de matérias de um país para outro. Isso tanto na frança quanto no Chile.

Creio que são informações que mostram que é Mercadante mente em relação ao currículo de Serra. É o que colhi numa olhada rápida no livro. “O Sonhador Que Faz” é muito bem feito, porém com uma falha editorial infelizmente normal no Brasil: não tem índice onomástico, o que torna difícil buscar informação localizada.

É um livro muito bom para ser lido por quem se interessa por política, inclusive pela qualidade técnica e o conteúdo com credibilidade que Teodomiro Braga conseguiu atingir numa obra sobre um político brasileiro. Geralmente livros do tipo são uma puxação de saco sobre a personagem-título. Não é o caso deste.

Como eu disse, uma boa leitura. Inclusive para o senador Aloizio Mercadante.
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POR José Pires

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