segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Negócios sem futuro

Já se começa a perceber que o PIB não é a medida certa para analisar o futuro de país algum. Muito menos um PIB como o nosso, feito à base de exportação de produtos primários. O grande responsável por este falso equilíbrio da economia brasileira são as exportações para a China. Vinicius Torres Freire, jornalista da Folha de S. Paulo, que costuma informar com qualidade seus leitores, diz que enquanto as exportações para os EUA e para a Argentina caíram, respectivamente, 45% e 41%, as vendas para a China cresceram 22%.

O problema é que 80% dessas vendas brasileiras foi de produtos primários. E, pior ainda, mandamos para lá soja e ferro. Bem, isso ajuda a equilibrar o caixa e anima bastante o falatório de Lula. Mas temos que ver quanto custa de fato essas exportações, quando sabemos que retirar esta soja e o minério do nosso solo vai ficar bem caro para o futuro.

O Brasil ainda parece um país colonizado. Vende solo, água, minérios, muita coisa já no caminho do esgotamento. Até agora nossa natureza resistiu, mas já não agüenta a próxima década neste ritmo. O Ministério do meio ambiente veio na semana passada com a notícia de que o cerrado brasileiro já teve destruída metade da sua mata nativa.E este é apenas um dos rombos em nossos recursos naturais. Vão cortando em fatias e fazendo caixa. Do cerrado, já foi metade. Dá para comemorar um PIB feito desse modo?

Isso sem falar no comprador, a China, um país que só pode ser bem visto por que tem visão apenas de curto prazo. Os chineses tocam um projeto de desenvolvimento que está para trombar com o desastre ecológico que vai-se construindo conjuntamente com o impressionante crescimento de sua economia.

O arquiteto francês Christian de Portzamparc, que lidera um plano de reurbanização de Paris conta que a cidade de Pequim não investe nada em transporte público porque todas as indústrias automobilísticas estão investindo na China. De olho neste capital, os chineses encheram a cidade de autoestradas periféricas. Isso lembra nosso modelo.

O arquiteto fala em “décadas de crescimento no mercado automobilístico na China”, mas aí acho, que apesar de ter detectado tão bem o problema urbano, ele se distraiu em relação ao panorama geral. Só é possível a China ter “décadas” de crescimento de qualquer tipo caso seus dirigentes encontrem um jeito de dar a seus milhões de habitantes a água que já começa a faltar até para os usos básicos.

Fazer PIB desse jeito e com parceiros desse tipo pode até dar resultado eleitoral para 2010. Mas e depois?
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POR José Pires

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