quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O exemplo supremo

No Brasil é sempre bom ter cuidado com as anormalidades, porque por aqui é sempre grande a possibilidade de se adotar como regra o que é fruto da casualidade ou até mesmo uma excrescência que brota de circunstâncias políticas. Vá lá que tenhamos um presidente ignorante, mas isso também não precisa ser requisito para ocupar o Palácio do Planalto.

Mas coisa ruim pega sempre mais fácil neste país. O recém-eleito ministro do Supremo José Antonio Dias Toffoli driblou habilidosamente a incapacidade para passar em concursos públicos. Pegou o cargo mais ambicionado na sua área sem ter que se esfolar no estudo.

Achei um perigo isso virar exemplo. Pois já é. E, tomado de um ponto de vista privilegiado, exemplo dos mais positivos. Ontem em um debate no Congresso Nacional sobre a treta armada para efetivar sem concurso público dirigentes de cartórios de todo o país o representante da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), Israel Guerra, fez do mais novo ministro do Supremo um guru do pessoal que quer conquistar cargos na vida mansa. Está certo, de auto-ajuda Toffoli entende.

"Nem sempre o concurso público mede o saber jurídico. Há dias, o Senado aprovou o ministro Toffoli, que não entrou no serviço público", ele disse. E coberto de razão, é claro. Ele poderia até ter levado mais vantagem usando o caso Toffoli na exata acepção da ascenção com o mínimo esforço.

O acontecimento foi muito mais estimulante para a cultura cartorial brasileira. Na verdade, em dois exames o ministro Toffoli provou de forma notória que nada sabe.
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POR José Pires

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