sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Caindo fora antes da batalha começar

A candidata do PV à presidência da República não pode se queixar de falta de sorte. O PSOL já está ameaçando abandonar a sua candidatura.

Mas onde está a sorte? Ora, como o PSOL certamente iria fazer este tipo de ameaça no decorrer de toda a campanha de Marina, melhor que seja antes do início oficial e melhor ainda que a candidata tenha de antemão a chance se livrar de um apoio que pode atrapalhar bastante.

Para ameaçar a debandada antes mesmo de cerrar fileiras, o PSOL alega divergência com o acordo que está sendo feito no Rio de Janeiro entre o PV e o PSDB para garantir um palanque estadual ao tucano José Serra no estado e fortalecer a candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV) ao governo.

Até o momento esta é a única tática inteligente feita pelo PV desde o lançamento oficioso da candidatura presidencial. Até por uma questão de estilo, o PSOL é contra.
E vai continuar nesta batida caso a direção nacional do PV não aproveite a deixa e se livre de vez do peso político que deve ser o PSOL nesta campanha presidencial.

O PSOL pensa que é grande coisa no aspecto ideológico, mas na verdade seu poder de atração é o mesmo de tantos partidos nanicos de aluguel. O tempo no horário eleitoral do rádio e da televisão. Mas os segundos que o partido pode dar à candidatura presidencial dos verdes na televisão não valem o tempão que se perderá com os temas menores que o PSOL deve trazer não só para o debate interno da candidatura, mas também para a opinião pública.

As pessoas se iludem com os quase 7% de Heloísa Helena na última eleição. Mas na minha opinião a desbocada líder do PSOL alcançou este índice levada pelo efeito Enéas. Até a roupa de Olívia Palito, que aliás ela adotou de forma permanente, faz parte do efeito estrambótico no eleitorado.

Como aliado, o PSOL traz para qualquer campanha temas políticos espinhentos. O partido também transforma qualquer trabalho conjunto num debate ideológico cotidiano que atinge sempre pontos de fervura e desagregam o tempo todo. O PSOL é fogo amigo constante. E é noite sem sono, dormir com o inimigo.

A presença do PSOL na candidatura de Marina desmancha a imagem cordata da candidata, afeta negativamente a aura de bom senso que, seja verdade ou não, elevou a credibilidade da ex-ministra de Lula.

Não é preciso elencar todos os elementos negativos do PSOL numa candidatura presidencial. Seus líderes são contra qualquer aproximação com a candidatura de José Serra. O deputado Chico Alencar disse, de forma bem simplista, que a relação de seu partido com tucanos é como “água e azeite”. Bem, a relação do PSOL é “água e azeite” até com a água e o azeite.

O partido não é do entendimento. É do atrito. É contrário a conversas com os tucanos agora e certamente vão ser um empecilho ao entendimento político com vários setores da sociedade civil no decorrer de toda a campanha.

Ameaçam sair da campanha por causa do acordo entre Gabeira e Serra no Rio, mas o que o PSOL trouxe nos últimos meses de reforço para a candidatura Marina? A última aparição de suas lideranças no plano nacional foi no julgamento do pedido de extradição de Cesare Batistti no Supremo Tribunal Federal. O deputado Alencar, que é “água e azeite” com os tucanos, apareceu em fotografia com as mãos grudadas com o terrorista italiano.

Este assunto interessa a algum candidato? Com o PSOL na chapa, Marina Silva terá que encarar a extradição de Batistti como questão programática. Ou então é água e azeite.
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POR José Pires

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