segunda-feira, 26 de abril de 2010

O passado em branco e preto

Norma Bengell nunca foi parecida com Dilma. Foi uma mulher linda e sensual. Uma imagem dela andando nua na praia numa cena de cinema em preto e branco freqüenta até hoje minha cabeça. Nem quero ver novamente a cena. Com memória afetiva não se brinca. E se minhas últimas palavras um dia forem sobre areia, banho de mar ou lua no oceano, meu biógrafo já fica sabendo do que se trata.

Mas vamos trabalhar. Eu falava da candidata do Lula. Enquanto Dilma estava na luta para substituir a ditadura militar por uma ditadura comunista, gente como Norma batalhavam pela democracia e pela valorização da mulher naquele Brasil fechado politicamente e bastante provinciano.

Eu já conhecia a foto manipulada pela campanha petista. Agora ela está lá em cima e também em vários sites. Puxa vida! Olha o mulherio: Tonia Carreiro, Eva Vilma, Odete Lara (Ah, Odete Lara!), Norma Bengell, Ruth Escobar. Todas despertam admiração até hoje pelo que fizeram.

A foto é em preto e branco, de uma manifestação em 1968. Ora, Dilma já não estava em armas? E caso ganhasse a guerra da forma que seu grupo pretendia, não duvido que prendessem este mulherio. Ou será que ela e o Lamarca iam decretar eleições livres no primeiro dia da libertação? Cuba, que era um guia, não tem isso até hoje.

O mulherio que está na foto fazia política usando até a beleza e a nudez. Nada a ver com ex-BBB posando peladas pela arte. Naquela época tirar a roupa em público tinha de fato um significado comportamental e político. Não era só para marmanjo usar no banheiro, mesmo servindo para isso também. O finado O Pasquim fez muito isso. Mas alguém já imaginou a Dilma na capa de O Pasquim? Só se fosse de metranca na mão.

A história da candidata do Lula naquele período não é da luta pela democracia. Essa é uma mentira que a esquerda armada emplacou e aí pesou de novo a conivência da imprensa. Brigavam para implantar um regime comunista no Brasil e foram tratados como democratas. Só agora isso começa a ficar bem esclarecido.

E já que estamos falando dos anos 60, o plano conceitual de Lula parece coisa do Crioulo Doido do Stanislaw Ponte Preta. Vocês sabem do que estou falando. A base desse conceito é uma renovação total, até uma reinvenção do Brasil. O país começa depois do PT. Depois do Lula é o Céu e quem não está com Lula não tem valor algum.

E ele ainda veio com este conceito furado de fazer a campanha comparando seu governo com o de FHC. Deu certo com o Alckmin e ele quer repetir. É o problema do intuitivo. Porém, mesmo para a derrota dos tucanos naquela eleição eu penso até que isso não teve tanto peso assim. E Lula já esqueceu — e deve ficar muito bravo com algum assessor que o lembre disso —, que até que mesmo o Chuchu foi com ele para o segundo turno. Mas quem é só intuitivo é assim mesmo. Declama Olavo Bilac como se estivesse revelando uma grande novidade poética.

E para jogar politicamente com a nossa história é preciso apelar para a memória brasileira. Aí é preciso combinar com o Tico e Teco do eleitor brasileiro. No último dia de FHC, há quase oito anos atrás, já tinha brasileiro com dificuldade de lembrar aquele último ano.

O passado no Brasil fica distante de forma mais rápida que em outros países. E os petistas deviam saber disso, até porque se não fosse assim eles jamais teriam alcançado o poder.
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POR José Pires

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