Foi ao ar agora à noite o programa de propaganda partidária do PT, que de partidário nada teve. Foi de cabo a rabo a mais deslavada propaganda da candidatura Dilma Roussef.
A impressão que o programa passa é que já estamos no período eleitoral, quando na verdade nenhuma candidatura foi oficializada ainda. Pode-se usar o jargão de Lula: nunca neste país se praticou uma ilegalidade eleitoral tão flagrante como o PT fez esta noite. Foi um abuso até para um país que já conhece bem o comportamento do partido do Lula.
O programa apresentou a biografia de Dilma, buscando destacar suas qualidades técnicas e humanas, e também procurou criar uma sintonia entre a candidata e as obras do governo Lula, evidentemente apresentadas como realizações nunca feitas antes neste país. As cenas foram intercaladas com falas de Lula do início ao fim do programa e também depoimentos de ministros. Numa das falas, Lula coloca Dilma à altura de Nelson Mandela, o líder da luta contra o apartheid na África do Sul.
O formato eleitoral do programa não deixou de fora nem as inevitáveis comparações das realizações do governo Lula com o passado. E para fazer esta relação, criaram um absurdo período de governo chamado “FHC e Serra”, forçando um contraste com o pré-candidato tucano.
A sem-vergonhice é tamanha que, logo depois da exibição do programa que era para ser partidário, o site da candidata na internet passou a disponibilizar o vídeo. Dessa forma a coordenação da candidatura oficial assume a propaganda eleitoral antecipada como peça de campanha.
Em casa, o telespectador deve ter levado um susto, pois parecia que a eleição já havia começado. É um abuso, mas o formato exageradamente propagandístico mostra também um certo desespero.
Para fazer política dessa forma, atropelando regras eleitorais básicas e forçando claramente a barra numa hora em que as candidaturas nem foram oficializadas, Lula deve estar bem temeroso. O problema agora não é só a necessidade de acelerar de qualquer forma o crescimento da sua candidata. É preciso também impedir que fique cristalizado o clima de vitória de Serra já no primeiro turno. E esta sensação já está no ar.
Lula já vem há tempos atropelando a lei eleitoral e buscando impor a candidata que escolheu sozinho, à revelia até de seu próprio partido.
Desde o ano passado ele vem fazendo campanha eleitoral, levando sua candidata pelo Brasil afora para inaugurações oficiais, contatos políticos e manifestações políticas das mais variadas, sempre com todo o custeio por conta do Governo Federal e até como uso de verbas de empresas estatais. Nunca a máquina pública foi usada com tamanha desfaçatez numa eleição presidencial.
Mas no programa de hoje creio que o lulo-petismo superou até a conhecida sem-cerimônia que eles têm para romper regras e limites éticos. É também um sinal da baixaria que Lula e o PT podem fazer nesta eleição, caso não sejam corrigidos exemplarmente pela Justiça em razão do flagrante abuso e ilegalidade deste programa.
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POR José Pires
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