sábado, 8 de maio de 2010

Caminho perigoso

Falando ao site UOL, em janeiro de 2008, sobre a negativa do Brasil de qualificar como grupo terrorista o movimento armado colombiano, Garcia afirmou que “o governo brasileiro desde o começo [do governo Lula] tem se recusado a qualificar as FARC”.

Na entrevista, ele dá uma justificativa que já caiu por terra na grosseira intromissão do governo brasileiro na crise de Honduras: “Se nós passássemos a desqualificar tal ou qual interlocutor, nós teríamos dificuldade depois para desempenhar qualquer papel de intermediador em negociações”.

Desse modo, o governo Lula ignora hoje a transformação que as FARC já sofreram há mais de uma década. Mesmo tendo nascido como um movimento político de oposição, as FARC abandonaram há muito tempo este papel e hove atuam na verdade no narcotráfico. O que começou como um meio, na forma de proteção à traficantes que atuavam na sua área, tornou-se um fim: hoje as FARC fazem todo o serviço, do refino ao comércio da droga. Nenhum setor político colombiano aceitam como um movimento político as FARC. O grupo também é temido e odiado pela população. Mesmo personalidades históricas da esquerda, como o escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez, se recusam a aceitá-los dessa forma.

Ainda na entrevista ao site UOL, Garcia diz que “os problemas das FARC, as FARC tem que resolvê-los”. Não é uma postura condizente com a atuação internacional do governo Lula em outros casos, como a já citada crise em Honduras e atualmente na hostilização do atual governo eleito daquele país.

Temos também, como exemplo, a política do “olho no olho” com Ahmadinejad e a suspeita defesa pública feita pelo presidente Lula até da eleição fraudada do presidente iraniano, que governa depois de ter reprimido e assassinado oposicionistas.

Até o alto clero da teocracia iraniana está dividido nesta questão, mas Lula e seu ministro das Relações Exteriores tem um lado claro: o de Ahmadinejad.

Este olho no olho serve também para as FARC, que ocupam lugar privilegiado no Foro São Paulo junto com lideranças petistas e do governo Lula. É claro que não espero que a prisão do líder das FARC faça mudar a política externa brasileira já neste final do governo Lula. Ele vão até o fim no caminho errado. Mas já dá para ver que são bem graves os riscos nesta direção e eles não estão mais na condição de problemas para o futuro. O perigo já é real.
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POR José Pires

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