quarta-feira, 5 de maio de 2010

Lições petistas

Os petistas construiram uma situação política que pode estar chegando numa conclusão boa para o Brasil não só pela finalização deste triste período brasileiro, mas também para que a classe política repense muito de suas práticas.

Sei que nossos políticos são terríveis, que nunca prestaram, o que acabou sendo piorado com a desfaçatez que Lula e seus companheiros estimularam na vida pública, o que fizeram com método e até filosofices do chefão. A política do "somos todos iguais" criou um clima propício para o que há de pior na política brasileira. A corrupção sempre esteve aí, sem dúvida, mas é fato que o lulo-petismo criou uma unidade entre os corruptos como nunca se fez antes neste país.

Eu não seria besta de achar que os políticos se emendem por si. Mas acredito que com um empurrão da sociedade civil, a coisa vai. E da derrota do lulo-petismo pode surgir um clima para que repensemos o que foi este período. São as lições petistas que podemos extrair com uma leitura do que foi feito até agora.

Estes ensinamentos são involuntários da parte deles, é claro. Mas da história humana muitas vezes a gente extrai mais sabedoria na observação dos maus períodos, quando prevalece a falta de ética e até a violência, do que das épocas de bonança.

As lições petistas são muitas. Aprendemos muito com essa gente e seu útil método do "faça o que eu digo, não olhe o que eu faço". No caso petista é só observar bem o que foi feito e procurar não repetir. Na história brasileira recente isso é muito claro. E vai desde o pensamento original petista dos primórdios da formação do partido, quando seus líderes afirmavam que políticos como Tacredo Neves, Montoro, Ulysses Guimarães e outros democratas eram iguais a Jânio Quadros ou Maluf, até hoje, quando continuam dizendo que todos são iguais, mas desta vez para justificar a própria corrupção.

A História está aí para provar que o autoritarismo e a certeza da impunidade pode criar monstruosidades. Sei, logo vem à cabeça que o próprio PT é uma delas, mas sigamos o raciocínio. Tivemos no Brasil com o PT uma intensa experiência que misturou autoritarismo com impunidade e felizmente aqui isso ocorreu sem vítimas diretas. Pelo menos não de adversários, o que não aconteceu no próprio ambiente petista, onde algumas mortes, como a de Celso Daniel e de Toninho do PT, ainda não tiveram uma explicação convincente.

Não que chegar até o ponto da repressão às liberdades civis não estivesse nos planos. Acho até muitos de seus líderes nunca desistirão disso. Mas para nossa sorte no primeiro mandato vários filhotes do leninismo tiveram suas asas cortadas, seja com a cassação por falta de decoro, o envio de seus nomes para os tribunais ou a desmoralização pública, que é um recurso muito eficiente para podar pequenos ditadores. Nisso a imprensa teve um papel fundamental. Houve até a contribuição de políticos que nunca deram muita importância à ética, mas que também não suportaram o clima conflituoso criado por alguns desses leninistas amadores.

Mesmo que não tenha sido uma reação planejada, o corte rápido desse esquema acabou desmobilizando as forças que se organizavam para impor ao país uma forma de poder que não admitiria o convívio democrático. Muito se fala no mensalão como instrumento de suborno para a criação de uma maioria no Congresso Nacional. Mas alguém acredita que o atropelo ao Estado de Direito iria só até aí?

Temos bastante evidências para crer que eles avançariam no domínio de toda a vida política brasileira. Nos encontros entre Hugo Chávez e Lula dá para perceber uma certa tristeza pelo fato de terem sido impedidos de estabelecer conjuntamente no continente sul-americano o que o venezuelano impõe em seu país. Chávez ainda guarda no coração alguma esperança na vitória de Dilma Rousseff, o que reforça nesta eleição a necessidade do voto contrário ao lulo-petismo.

A questão internacional mostra bem os equívocos do PT, neste caso levadas a termo em situações muito perigosas. Numa época em que o Brasil poderia ter um papel importante exercendo com mais enfase o caráter de não alinhamento tão bem trabalhado por nossa diplomacia em vários governos vem Lula e seus companheiros e fazem o contrário. De forma bem parecida com o que fazem internamente, se alinham com o que há de pior no plano internacional.

A intensa ligação de Lula e seus companheiros com o regime do Irã comporta até uma relação olho no olho com Ahmadinejad, eleito presidente numa eleição roubada de tal forma que dividiu até a elite religiosa iraniana. Isso é até suspeito vindo de um partido que critica de forma rigorosa Barack Obama e a democracia dos Estados Unidos.

Sabemos que é a conveniência de fazer política vendo apenas o interesse partidário e de grupo que faz essa gente tratar de forma calorosa um regime que prende e mata opositores, além de impedir o direito das mulheres. Mas também desconfiamos que tem muito mais coisas por detrás dessa relação fraternal, mas isso só saberemos adiante.

A suspeita é a mesma que marca este partido e seu líder, quando Lula confaterniza com Fidel Castro, de forma excessiva até para os padrões históricos da convivência entre os dois, no mesmo dia em que morre um prisioneiro da ditadura cubana. E Lula ainda trata com desrespeito o ser humano que morria enquanto ele gargalhava à beira da piscina com o ditador e o irmão que o sucedeu.

Este comportamento de estranha proximidade com ditadores e governos que trazem riscos graves para o planeta até em questões nucleares mostra muito bem o que poderia ter acontecido caso a sociedade civil não tivesse imposto limites à sede de poder do PT. Sem dúvida a alegria desavergonhada seria parecida, mas o clima poderia permitir que viessem todos gargalhar aqui mesmo no Brasil.
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POR José Pires

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